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Jeff Bezos usa programa de TV de 1975 para explicar por que a Blue Origin existe

Por| 18 de Outubro de 2018 às 23h39

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KY Chan
KY Chan

O canal americano PBS de televisão há várias décadas é recheado de conteúdos educativos, culturais e científicos, sendo um dos principais criadores de programas televisivos cujo propósito é ampliar os horizontes dos espectadores para além do entretenimento. E Jeff Bezos, CEO da Amazon e da Blue Origin, tem um carinho especial justamente por um programa da PBS veiculado em 1975, que serviu como inspiração para a criação de sua empresa espacial.

Ao ser convidado para uma entrevista pela Wired, Bezos colocou como condição que o repórter assistisse a este vídeo específico antes de qualquer coisa. Do contrário, a entrevista sobre a Blue Origin não seria concedida. O especial traz um bate-papo entre Isaac Asimov, icônico autor de ficção científica, e o físico Gerard O'Neill, com ambos discutindo sobre a necessidade futura de a humanidade deixar a Terra — ideia que Bezos acredita ser uma certeza e, por isso, a Blue Origin existe.

Você pode assistir ao vídeo na íntegra e em inglês (mas a gente fala um pouco sobre o conteúdo do bate-papo mais abaixo neste texto):

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Bezos já chegou a declarar que a Blue Origin é seu empreendimento mais importante de todos, até mesmo mais do que a Amazon, uma das maiores redes varejistas do mundo. E, de fato, o empreendedor vende US$ 1 bilhão de ações da Amazon anualmente somente para financiar as operações de sua empresa espacial, que já tem planos em estágios avançados de levar turistas à órbita da Terra em sua nave New Shepard.

O vídeo da PBS, ressuscitado no YouTube pelo Space Studies Institute — que foi fundado por O'Neill —, foi descoberto por um dos funcionários do instituto em uma mídia física guardada há sabe-se lá quanto tempo "em uma caixa amarrotada no fundo escuro de um armário". E Bezos sempre foi tão obcecado pela visão de futuro de O'Neill que, em seu discurso de formatura, falou sobre como ele esperava ver milhões de pessoas vivendo entre as estrelas: "Espaço, a fronteira final, encontre-me lá", teria dito na ocasião, fazendo alusão à frase de abertura de Star Trek (a série clássica) — que você pode conferir no vídeo abaixo:

E, bem, Star Trek também foi uma das grandes influências para Bezos se maravilhar pela exploração espacial. O empresário já chegou a declarar que a assistente Alexa foi projetada com a intenção de se tornar algo equivalente ao computador inteligente da nave Enterprise, inclusive — com as assistentes inteligentes como a Alexa sendo apenas uma das várias tecnologias existentes hoje que, direta ou indiretamente, foram inspiradas em cenas de Star Trek.

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O que rola na entrevista de 1975

O vídeo em preto e branco mostra um debate sobre o necessário avanço tecnológico para viabilizar a ida da humanidade a outros lugares do espaço além de uma "simples" visita à Lua. "É possível ter um rápido crescimento de riqueza, produtividade, espaço vital e condições de vida confortáveis para as pessoas, não na Terra, e não em outras superfícies planetárias — a Lua ou Marte ou qualquer coisa do tipo —, mas em habitats que serão construídos no espaço a uma distância daqui, algo semelhante à distância entre a Terra e a Lua", disse O'Neill, vislumbrando colônias espaciais permanentes (algo que ainda não é uma realidade para a população, mas já demos um primeiro passo com a criação da Estação Espacial Internacional, no final dos anos 1990).

Ele segue vislumbrando a ideia de que "é possível criar habitats relativamente grandes, grandes o suficiente para serem muito parecidos com a Terra", tudo isso contando com materiais que, em sua visão, poderiam ser coletados na superfície da Lua ou em asteroides.

Na entrevista, mediada pelo jornalista Harold Hayes, O'Neill mostrou, inclusive, um desenho de uma espécie de cilindro giratório que abrigaria uma colônia espacial chamada Model 1, que seria construída com 98% de materiais lunares. Ainda, uma colônia Model 4 foi descrita em palavras como sendo um projeto ainda maior. O cientista disse também que teve essas ideias em 1969 enquanto era professor de física para calouros de uma faculdade, criando o conceito junto de seus alunos.

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Depois, vemos Asimov apontando que seria muito mais fácil mover matéria-prima da Lua para o espaço do que a partir da Terra, pelo fato de o campo gravitacional do nosso satélite natural ser muito mais fraco do que o de nosso planeta. Isaac Asimov, inclusive, também foi uma forte inspiração para Elon Musk, fundador da SpaceX (uma das principais concorrentes da Blue Origin de Jeff Bezos). Musk declaradamente tomou como inspiração a série Fundação do autor, cujo roteiro de ficção científica também fala sobre como a humanidade superou a Terra, rumo às maravilhas e os desafios do espaço.

E, bem, parafraseando o próprio Isaac Asimov: "a ficção científica de hoje é o fato científico de amanhã". E justamente visionários endinheirados como Jeff Bezos e Elon Musk estão provando que esta máxima é mesmo verdadeira.

Fonte: Business Insider