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Grandes galáxias estão "canibalizando" o gás de suas vizinhas menores

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ICRAR, NASA, ESA, the Hubble Heritage Team (STScI/AURA)
ICRAR, NASA, ESA, the Hubble Heritage Team (STScI/AURA)

Hoje, sabemos que as grandes galáxias costumam “roubar” o gás que ocupa o espaço entre as estrelas das galáxias menores. Agora, em um novo estudo, uma equipe de astrônomos de instituições diversas descobriu que estas colegas menores têm menos gás molecular em seus centros. Esse gás é responsável pela formação de novas estrelas, e o estudo mostrou que uma parte dele é perdida quando estas galáxias se aproximam de outras maiores.

Adam Stevens, astrofísico que liderou o estudo, explica que este gás é como o "sangue vital" das galáxias, e a presença contínua dele permite que elas continuem crescendo e formando estrelas — sem ele, as galáxias acabam estagnadas. Embora já se soubesse que as maiores acabam “roubando” o gás atômico dos arredores das menores, ainda não havia testes com o gás molecular com o mesmo nível de detalhes. 

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Barbara Catinella, astrônoma e professora que integrou a equipe, comenta que as galáxias não costumam viver sozinhas, e que a maior parte delas tem “amigas” próximas. “Quando uma galáxia se move através do meio intergaláctico quente, ou halo, um pouco do gás frio é perdido”, explica. Assim, os pesquisadores do estudo realizaram simulações para prever a quantidade dos gases atômico e molecular que deveriam ser observados por estudos feitos com o observatório de Arecibo, em Porto Rico, e o telescópio IRAM 30, na Espanha. 

Catinella também liderou o estudo do gás atômico feito com o observatório de Arecibo, e diz que o IRAM observou o gás molecular em mais de 500 galáxias. Essas observações foram profundas, feitas com a maior amostra dos dois gases no universo local. Depois, os astrônomos utilizaram as observações dos telescópios e as compararam com previsões da quantidade de gás esperada em cada observação, e perceberam que elas eram bem similares. Essa descoberta corresponde a evidências anteriores, que sugeriam que as galáxias satélites têm taxas mais lentas de formação estelar.

Stevens explica que o gás roubado inicialmente vai para o espaço em torno da galáxia maior, e "pode acabar distribuído na maior ou simplesmente fica fora dela, nos arredores", disse. Mesmo assim, na maioria das vezes, a galáxia menor está condenada a se fundir com a maior. É comum que as menores sobrevivam por até 2 bilhões de anos e acabem se fundindo com a central: "isso afeta quanto gás elas têm quando se fundirem, o que vai afetar a evolução do sistema". Assim, quando as galáxias ficam grandes o suficiente, elas começam a depender da "canibalização" das menores para conseguir matéria.

O artigo com os resultados do estudo será publicado na revista Monthly Notices of the Royal Astronomical Society.

Fonte: ICRAR