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"Fóssil" de antiga galáxia sugere que a Via Láctea teve origem incomum

Por| 25 de Novembro de 2020 às 11h10

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NASA/JPL-Caltech/R. Hurt (SSC/Caltech)
NASA/JPL-Caltech/R. Hurt (SSC/Caltech)

Parece que a nossa galáxia, a Via Láctea, não teve uma origem muito tranquila. É que um novo estudo identificou o “fóssil” de uma pequena galáxia, dando indícios de que houve uma colisão há cerca de dez bilhões de anos. Nessa época, a Via Láctea ainda estava em sua "infância".

A descoberta foi possível graças aos dados do Apache Point Observatory Experiment de Evolução Galáctica (APOGEE), do Sloan Digital Sky Surveys (SDSS). A equipe envolvida no estudo publicou os resultados na revista Monthly Notices of the Royal Astronomical Society, e as consequências da pesquisa pode ser uma reavaliação sobre as origens da nossa galáxia. Os astrônomos batizaram a antiga galáxia enterrada no coração da Via Láctea de “Hércules”.

Para encontrar esse “fóssil”, os cientistas tiveram que observar a composição química e o movimento de “dezenas de milhares de estrelas” no halo esférico da Via Láctea, de acordo com Ricardo Schiavon, um membro importante da equipe. O halo galáctico é a região do espaço ao redor das galáxias espirais, como é o caso da nossa. Ele é formado por gás interestelar e estrelas velhas, além da misteriosa matéria escura. Na Via Láctea, um terço deste halo é formado pelas estrelas remanescentes da velha galáxia Hércules.

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Encontrar essas estrelas tão diferentes das demais presentes na Via Láctea não foi uma tarefa simples, porque elas estão escondidas por nuvens de poeira interestelar. Entretanto, “o APOGEE nos permite perfurar essa poeira e ver mais profundamente no coração da Via Láctea do que nunca”, conta Schiavon. Isso é feito analisando dados da luz infravermelha próxima. Com uma análise detalhada desses dados, foi possível determinar a composição química das estrelas, suas velocidades, e assim determinar quais eram pertencentes à Hércules e quais nasceram na própria Via Láctea.

Em outras palavras, ao estudar estrelas do halo galáctico no centro da Via Láctea, os cientistas encontraram algumas que eram tão diferentes das demais que a explicação mais plausível é que elas vieram de outra galáxia. Agora, cabe à equipe traçar a localização precisa e a história dessa galáxia fóssil, que há muito tempo foi engolida pela jovem Via Láctea.

A maioria das galáxias espirais massivas como a nossa têm uma infância muito mais tranquila, sem sinais de colisões em seus passados. Isso torna a Via Láctea bastante incomum, se é que de fato ocorreu uma colisão com a Hércules há 10 bilhões de anos.

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O estudo é parte das pesquisas principais da quarta fase do SDSS, um ambicioso levantamento astronômico ainda em andamento, que tem trazido grandes resultados em quase 20 anos de operação. A quinta fase do programa já começou a coletar dados e se baseará no sucesso do APOGEE para medir espectros de dez vezes mais estrelas em todas as partes da Via Láctea, usando luz infravermelha próxima e luz visível.

Fonte: SDSS