Galáxia de brilho raro é observada em seu estágio inicial de formação
Por Daniele Cavalcante |
Os quasares estão entre os objetos mais luminosos e energéticos do universo, podendo emitir até milhares de vezes a energia emitida pela Via Láctea. No entanto, pela primeira vez os cientistas detectaram uma galáxia cuja luminosidade ultravioleta é comparável à de um quasar.
- Galáxia de 12 bilhões de anos desafia o que sabemos sobre o universo primitivo
- Este pode ser o 1º planeta descoberto em outra galáxia, a 23 milhões de anos-luz
- Galáxia formada no início do universo desafia compreensão de cientistas
A galáxia BOSS-EUVLG1 foi encontrada através de observações feitas com o Gran Telescopio Canarias (GTC), no Observatório Roque de los Muchachos e com o ATACAMA Large Millimeter/submillimetre Array (ALMA), no Chile. O artigo científico sobre a descoberta foi publicado na revista Monthly Notices of the Royal Astronomical Society Letters, uma seção online do Oxford University Press que publica pesquisas curtas e significativas para a astronomia.
De acordo com o estudo, esta galáxia tem um redshift (desvio em vermelho, um efeito da expansão do espaço entre um objeto e a Terra que ajuda a determinar a distância e a idade do objeto) de 2,47. Isso significa que a luz detectada da BOSS-EUVLG1 veio de tão longe que os cientistas estavam olhando para como a galáxia era quando o universo ainda estava se formando.
Quasares também são famosos por apresentarem altos valores de radshift e, por isso, esta galáxia acabou inicialmente sendo classificada como um quasar. Foi graças às observações posteriores feitas com os instrumentos OSIRIS e EMIR no GTC, por exemplo, que os pesquisadores perceberam que se tratava de uma galáxia bastante incomum. Os novos dados mostraram que a alta emissão de luz ultravioleta era resultado de uma enorme quantidade de estrelas jovens e massivas (a luminosidade de um quasar é gerada pela atividade em torno de buracos negros supermassivos).
Uma das coisas que contribuiu com a alta luminosidade da BOSS-EUVLG1 é a ausência de poeira o suficiente para cobrir as estrelas em formação. Muitas vezes, a luz de estrelas em uma galáxia acaba sendo bloqueada por densas camadas de gás e poeira. Além disso, estamos falando da imagem de uma galáxia jovem, onde muitas estrelas estavam se formando — a taxa de formação estelar por lá é 1.000 vezes maior do que na Via Láctea, segundo os cientistas.
No entanto, essas características devem mudar daqui a um tempo. De acordo com o doutorando e co-autor do estudo Camilo E. Jiménez Ángel, "a galáxia evoluirá para uma fase mais empoeirada, semelhante às galáxias infravermelhas. Além disso, sua alta luminosidade no UV durará apenas algumas centenas de milhões de anos, um período muito curto na evolução de uma galáxia".
De qualquer forma, a BOSS-EUVLG1 é algo raro para os pesquisadores, e também uma oportunidade única de compreender um pouco melhor a mecânica cósmica que resulta no nascimento de galáxias massivas. É que este exemplar está em suas fases iniciais de formação, de acordo com o estudo, e observá-lo nesse estado, sem nuvens de poeira para bloquear sua luminosidade, pode trazer aos astrônomos novas descobertas.
Fonte: Phys.org