Fracasso da Starliner faz Boeing enfrentar dilema
Por Danielle Cassita • Editado por Luciana Zaramela |

A NASA anunciou no sábado (24) que os astronautas Butch Wilmore e Suni Williams vão voltar à Terra em uma nave Crew Dragon, da SpaceX. A dupla já soma mais de 70 dias na Estação Espacial Internacional (ISS), e a decisão da agência espacial coloca Kelly Ortbeg, diretor executivo da empresa, com algumas escolhas difíceis à frente sobre o futuro do programa espacial da Boeing.
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Foi em 2011 que a Boeing se juntou ao Commercial Crew Program. Trata-se de uma iniciativa da NASA criada para o desenvolvimento de transportes à ISS em parceria com a indústria privada dos Estados Unidos. Em 2014, a agência espacial escolheu a SpaceX e a Boeing como suas parceiras. Hoje, a empresa de Elon Musk lança regularmente missões operacionais ao laboratório orbital, enquanto a Boeing tenta completar o primeiro teste de voo tripulado da sua espaçonave.
Pois bem, foi neste contexto que Ortbeg assumiu o cargo no início do mês, com a missão de enfrentar questões desconfortáveis sobre o compromisso da Boeing com voos espaciais e com a Starliner. Seth Seifman, analista da JPMorgan, declarou em uma nota que a decisão “poderia resultar em mais perdas da Starliner para a Boeing”.
“Ele me expressou a intenção de que eles continuarão a resolver os problemas quando a Starliner voltar em segurança e que teremos nossa redundância e nosso acesso tripulado à estação espacial”, comentou Bill Nelson, o administrador da NASA, em referência a uma fala de Ortberg, declarando o desejo de continuar o programa da Starliner.
Mesmo assim, a decisão sobre o futuro da Starliner vai depender do desempenho da espaçonave na viagem de volta. Apesar de a NASA não ter descartado a certificação do veículo, pode ser necessário algum outro teste de voo antes de a Starliner levar astronautas outra vez. E, neste caso, a Boeing pode encarar um custo de US$ 400 milhões, que foi a soma necessária para realizar outra vez o teste de voo não tripulado.
Enquanto Ortbeg avalia a situação da espaçonave Starliner e possíveis saídas para a Boeing na parceria com a NASA, a empresa segue com a reputação estremecida em meio à crise de segurança — em julho, a Boeing anunciou que iria se declarar culpada da acusação de fraude criminal relacionada a acidentes com aviões 737 Max.
“Se a Boeing conseguir consertar seu negócio de aviões comerciais, o que acontece no espaço é muito menos relevante”, observou Robert Spingarn, analista da Melius Research. Resta aguardar.
Fonte: Bloomberg