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Fim do Sistema Solar | Como a Via Láctea vai nos destruir em 1 trilhão de anos

Por| 28 de Novembro de 2020 às 18h00

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NASA
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Os cientistas sabem que tudo no universo tem fim, inclusive as estrelas, como o nosso Sol. Também já é possível prever o que acontecerá com os planetas internos do Sistema Solar — Mércurio, Vênus, Terra e Marte — depois que o Sol se tornar uma gigante vermelha. Mas o que acontece em seguida? Como será o fim dos demais planetas?

Não é uma pergunta muito simples de resolver, porque será necessário muito tempo até que tudo se acabe em nosso bairro cósmico — estamos falando de alguns bilhões de anos. Nessa escala de tempo, é difícil saber o que vai acontecer com as órbitas dos planetas e das estrelas vizinhas. Mas é possível criar simulações e encontrar as possibilidades mais prováveis por meio de estatística, e foi isso o que uma equipe fez em seu novo artigo científico.

Bem, vamos voltar um pouco para entender como o Sol vai aniquilar os planetas internos. Depois que o combustível nuclear da nossa estrela acabar, ele se transformará em uma gigante vermelha, o que significa que vai inchar. Bastante. Nesse processo, vai engolir Mercúrio, Vênus e a Terra, explodir suas camadas externas e, em seguida, virar em uma anã branca. Nisso, ele perde massa, o que fará com que os planetas restantes se afastem.

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A partir daí, as coisas ficam complicadas. Mesmo que os astrônomos saibam prever os movimentos dos planetas ao redor do Sol para o futuro próximo, é muito difícil fazer isso para os próximos bilhões de anos. Veja bem, nossa estrela ainda tem aproximadamente 5 bilhões de anos antes de se tornar uma gigante vermelha, e depois disso as probabilidades matemáticas são muitas. Para resolver esse problema, os pesquisadores executaram várias simulações, alterando um pouco os valores incertos em cada uma delas.

O resultado é uma coleção de possibilidades que podem ficar muito diferentes entre si, mas é possível analisá-las estatisticamente. Foi essa a estratégia usada no estudo, e algumas coisas podem ser consideradas muito prováveis de acontecer. Por exemplo, a equipe incluiu o Sol perdendo massa à medida que se transformava em uma gigante vermelha, o que resultou na sua gravidade ficando mais fraca. Com isso, os planetas se afastaram — de Marte a Netuno, as órbitas aumentam por um fator de cerca de 1,85 enquanto o Sol perde cerca de metade de sua massa no próximos 7 bilhões de anos.

Mas o destino do Sistema Solar não se limita a isso. Há boas chances de que estrelas vizinhas do Sol se aproximem o suficiente para bagunçar a harmonia das órbitas dos planetas ao redor do Sol. A estrela mais próxima está a 4,3 anos-luz de distância, e vai demorar muito para que ela se aproxime, mas parece algo inevitável. Se uma estrela passar perto de nós quando o Sol ainda tiver sua massa atual, nada de excepcional deve acontecer. Mas se o Sol já for uma anã branca, com gravidade fraca, e os planetas estiverem mais distantes, as chances de outras estrelas bagunçarem o Sistema Solar são altas.

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Então, os pesquisadores rodaram algumas simulações desse cenário e descobriram que uma estrela provavelmente passará a cerca de 75 bilhões de km (apenas 0,0079 anos-luz) a cada 10 bilhões de anos ou mais. Isso é perto o suficiente para ter algum efeito gravitacional sobre planetas como Netuno, por exemplo. Quanto mais encontros como este acontecerem, mas as coisas podem ficar alteradas no Sistema Solar. Em algumas simulações, todos os planetas externos (Júpiter, Saturno, Urano e Netuno) foram desestabilizados após cerca de 45 bilhões de anos e foram ejetados do Sistema Solar após no máximo um trilhão de anos.

Aliás, depois que o primeiro planeta é ejetado, todo o sistema é desestabilizado o suficiente para que os próximos dois o sigam dentro de 5 bilhões de anos. Os últimos planetas tendem a demorar mais 50 bilhões de anos porque são mais internos e mais pesados. Marte, entretanto, ficou de fora das simulações. É que o Planeta Vermelho sobreviverá à expansão do Sol em sua fase de gigante vermelha, e também resistirá à atração de outras estrelas que se aproximarão.

Isso significa que Marte pode ser o último planeta a sobreviver, uma vez que está mais próximo do Sol em relação aos gigantes gasosos e seria necessário um encontro interestelar muito próximo para arremessá-lo longe. Parece que o quarto planeta está na posição mais privilegiada do Sistema Solar.

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O resultado não é conclusivo, muitas outras simulações devem ser executadas antes de se tirar uma boa conclusão sobre o assunto. Mas já há boas pistas no estudo sobre o que acontecerá, e essas informações são úteis para entender as dinâmicas da evolução de sistemas estelares nas galáxias.

Fonte: Bad Astronomy