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Filhotes saudáveis nascem de amostras de esperma de rato levadas ao espaço

Por| Editado por Patricia Gnipper | 14 de Junho de 2021 às 12h25

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Teruhiko Wakayama, University of Yamanashi
Teruhiko Wakayama, University of Yamanashi

Para descobrir como a radiação espacial afeta a fertilidade de mamíferos, uma equipe de pesquisadores do Japão enviou amostras de esperma congelado de ratos para passar diferentes períodos na Estação Espacial Internacional (ISS). Ao voltar para a Terra, as amostras foram usadas para fertilizar óvulos, que deram origem a “filhotes espaciais” saudáveis. Esse resultado é uma boa notícia para futuras missões no espaço, já que a radiação na ISS é mais de 100 vezes mais forte que na Terra. 

A radiação é capaz de danificar o DNA no interior das células e causar mutações, e é um assunto de grande preocupação para países como os Estados Unidos e Japão, que enviam seus astronautas para longas missões na órbita baixa da Terra a bordo da ISS — e mais ainda para o planejamento de missões espaciais mais distantes no futuro. “É muito importante examinar os efeitos da radiação espacial não somente nos organismos vivos, mas também nas gerações futuras antes que a ‘era espacial’ chegue”, explicam os autores no artigo.

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Além disso, se pensarmos em um cenário de exploração do espaço profundo, a questão fica ainda mais delicada, já que os efeitos da radiação espacial podem ser transmitidos para a prole de organismos vivos, que poderia herdar mutações. Entretanto, não é fácil de estudar os efeitos de longo prazo da radiação espacial em materiais biológicos, já que é difícil levar animais ou células vivos à ISS por exigirem manutenção constante. Segundo o artigo, a maior parte dos estudos realizados sobre a radiação espacial não foi feita no espaço, mas em condições semelhantes na Terra. Mas, agora, os pesquisadores descobriram um novo método para estudar como a radiação  afeta o esperma de mamíferos.

Eles congelaram 12 amostras desidratadas de esperma, que permitiram que o material fosse preservado por mais de um ano e, assim, fosse levado ao laboratório orbital sem a necessidade de um freezer. As amostras foram armazenadas em cápsulas, que ficaram na ISS por diferentes períodos: algumas ficaram lá por nove meses, enquanto outras, por dois anos e nove meses. O conjunto final de amostras retornou após cinco anos e dez meses no espaço. Ao obter as amostras, a equipe utilizou a técnica do sequenciamento de RNA para determinar quanta radiação o material absorveu, e descobriu que a estadia no espaço não danificou o DNA no núcleo dos espermatozoides.

Por fim, eles hidrataram as amostras novamente e as injetaram em células de óvulos, que foram transferidas a fêmeas de ratos, e então ela deram à luz oito “ratinhos espaciais”, que nasceram saudáveis e sem anomalias. Contudo, ainda não está claro como esses resultados seriam no caso de embriões humanos, e vale destacar também que a ISS orbita a Terra sob a proteção do campo magnético do nosso planeta, que a protege de parte da radiação. Assim, os pesquisadores afirmam que os experimentos podem ser reproduzidos na futura estação Gateway, que ficará na órbita da Lua. 

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O artigo com os resultados do estudo foi publicado na revista Science Advances.

Fonte: Space.com, LiveScience