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Experimento na ISS confirma que bactérias podem minerar rochas no espaço

Por| 11 de Novembro de 2020 às 17h45

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Nasa
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No ano passado, um grupo de astrobiólogos da Universidade de Edimburgo, no Reino Unido, realizou um estudo para verificar como bactérias podem ser usadas para obter minerais e metais de rochas espaciais por meio da biomineração. Os experimentos, que foram feitos a bordo da Estação Espacial Internacional (ISS), mostraram que bactérias podem aumentar a eficiência na mineração em mais de 400%.

Esse estudo é importante para o desenvolvimento de formas de obter metais e minerais essenciais para a sobrevivência humana no espaço. Futuramente, bactérias poderiam ser usadas para quebrar rochas em solo para cultivar plantações ou fornecer minerais para sistemas que produzam ar e água. Já em ambientes como os da Lua e Marte, a mineração será essencial para o estabelecimento da presença humana, já que levar materiais da Terra é caro demais. "Os microrganismos são muito versáteis e, conforme vamos para o espaço, eles podem ser usados para realizar diversos processos", explica Rota Santomartino, astrobióloga da Universidade de Edimburgo. "A mineração de elementos é potencialmente um deles".

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A equipe trabalhou durante uma década no desenvolvimento de reatores de biomineração, dispositivos pequenos e de fácil transporte e instalação na ISS. Assim, em 2019, 18 reatores foram levados ao laboratório orbital para a realização de experimentos na órbita baixa da Terra. Cada um deles tinha uma solução com as bactérias Sphingomonas desiccabilis, Bacillus subtilis e Cupriavidus metallidurans, além de uma solução sem bactérias para controle, e um pequeno pedaço de basalto. Assim, durante três semanas, o basalto de cada reator foi exposto à solução para os pesquisadores determinarem se as bactérias iriam atuar como ocorre na Terra, mas na gravidade que simula as condições de Marte e da Lua.

As descobertas do estudo revelam que as bactérias podem aumentar a remoção de elementos raros do basalto nos ambientes da Lua e de Marte em até 400%. Assim, a equipe concluiu que as bactérias conseguiram concentrações similares na extração nas três condições gravitacionais porque tinham nutrientes suficientes para isso; então, se houver nutrientes o suficiente, a biomineração é possível em variadas condições gravitacionais. "Nossos experimentos dão apoio à viabilidade científica e técnica da mineração de elementos biologicamente aprimorada em todo o Sistema Solar", disse Charles Cockell, astrobiólogo.

Para ele, a biomineração no espaço poderia dar suporte à presença humana autossustentável no espaço. "Nossos resultados sugerem que a construção de minas robóticas e humanas na região Oceanus Procellarum, na Lua, com rochas ricas em elementos raros, poderia ser uma direção frutífera do desenvolvimento humano e científico além da Terra", disse. Já Libby Jackson, gerente do programa de exploração humana na Agência Espacial do Reino Unido, ressalta a importância do experimento para o programa de exploração da Agência Espacial Europeia: “as descobertas de experimentos como esse vão ajudar a desenvolver tecnologias que permitam que os humanos explorem ainda mais o Sistema Solar, e também ajudam os cientistas a terem conhecimentos em diversas disciplinas que podem nos beneficiar na Terra”.

O artigo com os resultados do estudo foi publicado na revista Nature Communications.

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Fonte: ScienceAlert, University of Edinburgh