Exoplaneta perto da Terra tem ventos de ferro por toda sua atmosfera
Por Danielle Cassita • Editado por Luciana Zaramela |

O exoplaneta WASP-76b parece ser ainda mais extremo do que os astrônomos pensavam até então. Novas observações de pesquisadores da Universidade de Genebra, na Suíça, mostram que este planeta encontrado a apenas 640 anos-luz da Terra tem ventos de ferro circulando por sua atmosfera.
- Clique e siga o Canaltech no WhatsApp
- Exoplanetas mortais: conheça 5 mundos que seriam fatais para o ser humano
Exoplanetas são os mundos que existem fora do Sistema Solar orbitando outras estrelas. É o caso de WASP-76b: descoberto em 2013, este gigante gasoso está tão perto da sua estrela que os anos lá duram apenas 1,8 dias terrestres. Além disso, este mundo tem o chamado bloqueio de marés, ou seja, mantém sempre a mesma face voltada para a estrela. Ah, lá também ocorre a chamada glória, um fenômeno parecido com o arco-íris.
A proximidade faz com que os dias lá tenham temperaturas acima de 2.000 ºC, sendo altas o suficiente para vaporizar ferro, que sofre condensação no lado noturno do planeta e forma chuvas. Agora, o novo estudo revelou evidências de ventos do elemento por lá.
Eles trabalharam com o lado diurno do exoplaneta, que é onde as temperaturas são bem mais altas, e estudaram o espectro da luz visível. Com a técnica da espectroscopia de emissão em alta resolução, eles observaram esta parte do mundo nestes comprimentos de onda da luz.
O método permite detectar composições químicas — no caso, eles descobriram fluxos de ferro se movendo das camadas atmosféricas mais baixas às mais altas. “Nossas observações indicam a presença de poderosos ventos de ferro, provavelmente alimentados por algum ponto na atmosfera”, explicou Ana Rita Costa Silva, autora que liderou o estudo.
A descoberta vai ajudar os cientistas a entenderem melhor como são os ambientes em planetas fora do nosso sistema. Como WASP-76b é um gigante gasoso, futuras observações podem mostrar o que acontece com o clima dos planetas atingidos por doses extremas de radiação das suas estrelas.
O artigo com os resultados do estudo foi publicado na revista Astronomy & Astrophysics.
Fonte: Université de Genève