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Exoplaneta grande e quente pode orbitar a brilhante estrela Vega

Por| Editado por Patricia Gnipper | 10 de Março de 2021 às 22h00

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NASA/JPL-Caltech
NASA/JPL-Caltech

Vega, uma estrela a apenas 25 anos-luz de distância de nós, é uma das mais brilhantes no céu noturno. A estrela, que possui o dobro da massa do Sol e fica na constelação da Lira, talvez não esteja sozinha: após analisar dados coletados durante dez anos, Spencer Hurt, graduando em astronomia na University of Colorado, nos Estados Unidos, encontrou indícios de que pode haver um planeta gigante e com altíssimas temperaturas na órbita de Vega.

Samuel Quinn, co-autor do estudo, lembra que Vega é tão brilhante que pode ser vista até mesmo no crepúsculo, quando outras são ofuscadas pela luz solar. Apesar de sua fama e de estar tão pertinho, nenhum planeta foi descoberto em torno dela até agora. É que, por ser uma estrela do tipo A, ela tende a ser maior, mais jovem e com rotação bem mais rápida que o Sol, e isso dificulta a coleta de dados precisos do movimento de Vega, bem como de qualquer planeta que esteja em sua órbita.

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Assim, para o estudo, Hurt, Quinn e os demais membros da equipe se debruçaram sobre 10 anos de dados sobre Vega, que foram coletados pelo observatório Fred Lawrence Whipple. A ideia era procurar o sinal de uma pequena mudança na velocidade dela, que iria “dedurar” a presença de um exoplaneta: “se você tiver um planeta em torno de uma estrela, ele vai puxá-la, fazendo ir para frente e para trás”, explica Hurt. E, de fato, eles encontraram um possível sinal de velocidade radial, com período de 2,43 dias.

Isso sugere que a estrela abriga o que os astrônomos chamam de Netuno ou Júpiter quente, ou seja, o planeta seria um gigante gasoso com altíssimas temperaturas, por estar perto da estrela: “ele teria pelo menos o tamanho de Netuno, pode ser potencialmente grande como Júpiter e estaria mais perto de Vega do que Mercúrio está do Sol”, afirma o autor. Por estar tão próximo da estrela, as temperaturas por lá podem chegar a quase 3.000 °C, altas o suficiente para evaporar ferro na atmosfera. Se a descoberta se confirmar, os anos neste planeta iriam durar menos de dois dias e meio na Terra — para comparação, considere Mercúrio, cujo ano dura 88 dias terrestres.

Se o sinal descoberto realmente for causado por um planeta, este mundo teria pelo menos 20 vezes a massa da Terra. Além disso, se a órbita do possível planeta estiver alinhada com a orientação polar da estrela, é possível que se trate de um planeta joviano. Para Hurt, a pesquisa feita pelo grupo ajuda a revelar onde outros exoplanetas exóticos podem estar se escondendo: “podem existir outros planetas no sistema, mas a questão é se vamos conseguir encontrá-los”, disse ele.

Ainda há bastante trabalho pela frente para os pesquisadores até a confirmação da descoberta — e, talvez, a forma mais fácil de fazer isso seja analisar este sistema em busca da luz vinda deste planeta quente e brilhante. Enquanto isso, Hurt está bastante animado por ver seu trabalho nas constelações: “sempre que saio, olho para o céu noturno e vejo Vega, digo 'ei, eu conheço aquela estrela'".

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O artigo com os resultados do estudo foi publicado na revista Astronomical Journal.

Fonte: Center for Astrophysics, Sci-news