Estrela perde a massa de um Sol inteiro antes de explodir
Por Daniele Cavalcante • Editado por Patricia Gnipper |

A supernova SN 2023ixf, descoberta em maio no momento exato da explosão, foi diferente do que os astrônomos esperavam. Uma nova pesquisa descobriu que, antes de explodir, a estrela perdeu massa equivalente a um Sol inteiro — algo inesperado pelos cientistas.
O objeto explosivo foi detectado por um astrônomo amador chamado Koichi Itagaki, na Galáxia do Catavento, também conhecida como M101, no dia 19 de maio de 2023. O brilho do evento durou vários dias, durante os quais os cientistas puderam observá-lo e aprender mais sobre as supernovas.
Esse esforço valeu a pena, pois os pesquisadores logo descobriram que o objeto apresentou uma curva de luz (um gráfico do brilho aparente de um objeto luminoso conforme a passagem do tempo) diferente do que a teoria prevê.
Para entender melhor o que estava acontecendo, uma equipe de cientistas liderada por Daichi Hiramatsu, pós-doutorando do Centro de Astrofísica | Harvard e Smithsonian, analisou os dados da estrela obtidos por observatórios como o Fred Lawrence Whipple, Las Cumbres, Neil Gehrels Swift, e muitos outros.
Segundo um estudo publicado em julho, a colisão entre os detritos da supernova e o material denso da estrela perdido antes da explosão sugere que a supernova explodiu alguns dias antes do momento previsto pelos modelos teóricos. Isso é interessante porque sugere uma física ainda não observada ocorrendo em explosões desse tipo.
Já o novo estudo liderado por Hiramatsu revelou que esse atraso “é uma evidência direta da presença de material denso proveniente da recente perda de massa". Em outras palavras, a estrela perdeu muito mais massa do que “deveria” antes de explodir, algo que não deveria ser comum em supernovas do Tipo II (explosão por colapso do núcleo da estrela após encerrarem seus ciclos de fusão nuclear).
A perda significativa de massa ocorreu durante o último ano antes da explosão e foi equivalente à massa do nosso Sol, segundo o novo estudo. Isso sugere que pode haver uma instabilidade nos anos finais da vida de uma estrela, talvez algo relacionado aos estágios finais da fusão de elementos como o silício no coração dela.
Descobertas como essa são animadoras porque não é sempre que os astrônomos podem observar uma explosão de supernova desde o início. Foi muita sorte (mas também fruto do preparo de um astrônomo amador para monitorar o céu) poder observar a SN 2023ixf a partir do momento da catástrofe.
Por outro lado, ainda não foi possível acompanhar em tempo real supernovas desde os momentos antes da explosão. Felizmente, alguns telescópios tinham dados da estrela que explodiu, tornando possível o novo estudo, publicado no The Astrophysical Journal Letters.
Fonte: CfA, The Astrophysical Journal