Esta é a supernova que mais brilha em raios X já observada em sua classe
Por Danielle Cassita | Editado por Patricia Gnipper | 13 de Janeiro de 2022 às 14h30
A classe de supernovas chamada "Cow" acaba de receber um novo membro. Denominado "AT2020mrf", o novo evento é o quinto a integrar a classe e é considerado o mais brilhante já observado até o momento. É possível que a supernova recém-descoberta, assim como as demais da categoria, seja alimentada por algum objeto extremo, como um buraco negro em formação ou até uma estrela de nêutrons.
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As supernovas Cow representam uma nova classe das supernovas, consideradas a etapa final da vida de estrelas gigantes. Quando elas ficam sem combustível para realizar a fusão nuclear que sustenta suas estruturas, colapsam e desencadeiam as supernovas, explosões poderosas consideradas alguns dos eventos mais brilhantes do universo. Dependendo do tamanho da estrela original, a explosão pode formar um buraco negro ou uma estrela de nêutrons.
No caso das supernovas Cow, elas são ainda mais brilhantes que as supernovas comuns. Os cientistas suspeitam que a diferença delas se deve à atividade de objeto em seus centros, que seriam uma espécie de “motor interno” e liberariam grandes quantidades de raios X altamente energéticos. “Podemos observar o coração dessas explosões para testemunhar diretamente o nascimento de buracos negros e estrelas de nêutrons”, explicou Yuhan Yao, graduanda e principal autora do novo estudo.
Por dentro das supernovas Cow
A primeira supernova da classe foi identificada em 2018 e recebeu o nome AT2018cow — por isso, o nome “Cow” não se refere ao animal ("vaca", em português), mas sim às letras do fim da designação, geradas aleatoriamente. O evento surpreendeu os astrônomos: além de ser 10 vezes mais brilhante na luz visível do que as supernovas típicas, liberou uma grande quantidade de raios X variáveis e desapareceu rapidamente.
Já o evento mais recente foi chamado “AT2020mrf” e foi descoberto em julho de 2020. Esta foi a quinta supernova da classe descoberta desde 2018, sendo também a primeira inicialmente observada em raios X, ao invés da luz visível. Observações realizadas pela sonda eROSITA mostraram que a explosão foi 20 vezes mais brilhante que o evento de 2018, e dados do telescópio Chandra mostraram que ela emitia 200 vezes mais raios X que o evento original.
Yao ficou surpresa com as características do evento. “Eu refiz a análise algumas vezes, e essa é a supernova Cow mais brilhante já observada em raios X”, disse ela. Segundo a autora, a grande quantidade de energia liberada, somada à rápida variabilidade de raios X evidenciam haver um magnetar ou um buraco negro bastante ativo alimentando esta supernova. Segundo ela, ainda não se sabe exatamente o porquê de os motores centrais destes eventos serem tão ativos.
Uma possível explicação envolve o tipo de estrela que as formou, que deve ter causado algo diferente das explosões comuns. Como esse evento não era exatamente parecido com os outros observados anteriores, Yao considera que a classe Cow é ainda mais diversa do que se pensava. “Encontrar mais membros desta classe vai nos ajudar a restringir a fonte de energia deles”, concluiu.
O artigo com os resultados do estudo foi submetido para publicação na revista The Astrophysical Journal e pode ser acessado no repositório arXiv, sem revisão de pares.