Publicidade
Economize: canal oficial do CT Ofertas no WhatsApp Entrar

Essa anã marrom tem 13 mil vezes mais lítio do que a Terra

Por| Editado por Patricia Gnipper | 24 de Novembro de 2021 às 21h40

Link copiado!

NASA/JPL-Caltech
NASA/JPL-Caltech

Uma equipe de pesquisadores do Instituto de Astrofísica de Canarias (IAC) e Instituto Nacional de Astrofísica, Óptica y Electrónica (INAOE) descobriu a ocorrência de lítio presente na anã marrom mais antiga e fria em que o elemento já foi encontrado. Chamado Reid 1B, o objeto guarda preservado o depósito mais antigo de lítio que conhecemos em nossa vizinhança, tendo se formado antes mesmo do nascimento do sistema estelar binário onde está.

Já se suspeitava que algumas anãs marrons podem abrigar lítio, elemento considerado um “petróleo branco” em função de sua raridade e relevância para a sociedade moderna. Por isso, os astrônomos vêm detectando e acompanhando os movimentos orbitais de sistemas binários formados por anãs marrons. Alguns desses sistemas têm componente primário com massa suficiente para queimar lítio, mas o secundário pode não ter tanta massa.

Continua após a publicidade

Pois bem, os pesquisadores conduziram observações de sistemas binários formados por anãs marrons. Como resultado, eles encontraram lítio somente em Reid 1B, uma anã marrom localizada a aproximadamente 16,9 anos-luz de nós. Além disso, ela é também a mais fria e escura que as demais estrelas estudadas, tendo idade estimada de 1.100 milhões de anos e massa dinâmica 41 vezes maior que a de Júpiter.

Ainda, este é o objeto extrassolar mais frio e menos brilhante em que o lítio já foi encontrado. O elemento aparece em uma quantidade 13 mil vezes maior que aquela que ocorre na Terra, e mais surpreendente ainda foi a descoberta de um depósito de lítio cósmico que não foi destruído, sendo originado antes da formação do sistema do qual a Reid 1B faz parte.

Carlos del Burgo Díaz, coautor do estudo, explica que, embora o lítio primordial tenha se formado há 13,8 milhões de anos, hoje há cerca de quatro vezes mais quantidade deste elemento no universo. “Embora possa ser destruído, o lítio também é criado em eventos explosivos, como novas e supernovas, então a Reid 1B pode envolvê-lo e protegê-lo como se fosse um baú do tesouro escondido”, disse.

A importância das anãs marrons

Continua após a publicidade

As anãs marrons são uma espécie de elo natural entre estrelas e planetas e, muitas vezes, são chamadas “estrelas fracassadas”. Isso porque, embora sejam maiores que Júpiter, elas não são massivas o suficiente para realizar fusão nuclear de hidrogênio em seu interior e, assim, brilharem como outras estrelas. Por este motivo, esses objetos demoraram um pouco para serem observados — foi somente em meados da década de 1990 que foram detectados.

Desde então, elas vêm atraindo o interesse de astrônomos porque algumas delas podem ter preservado lítio. As observações do elemento nessas estrelas permitem estimar as massas delas com base nas reações nucleares; entretanto, os pesquisadores notaram uma discrepância na massa, que a torna 10% menor do que foi previsto pelos modelos teóricos mais recentes. Essa discrepância parece ser significativa e sugere que existe algo acontecendo no comportamento das anãs marrons que ainda não é compreendido.

Eduardo Escalante, primeiro autor do estudo, ressalta que os pesquisadores vêm investigando o rastro de lítio nessas estrelas pelas últimas três décadas. “Finalmente conseguimos determinar com precisão o limite da massa entre a preservação e destruição delas, e comparar isso com as previsões teóricas”, explicou. Como há outros milhões de estrelas do tipo na Via Láctea, elas servem como grandes depósitos de lítio em nossa vizinhança cósmica.

Continua após a publicidade

O artigo com os resultados do estudo foi publicado na revista Monthly Notices of the Royal Astronomical Society.

Fonte: Monthly Notices of the Royal Astronomical Society; Via: Instituto de Astrofísica de Canarias