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Como saber se uma pedra é um meteorito?

Por| Editado por Patricia Gnipper | 01 de Novembro de 2019 às 22h30

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Sonyachny/Envato
Sonyachny/Envato

Você não precisa somente olhar para o céu para buscar conhecimentos sobre o universo. Aqui mesmo, na Terra, existem materiais que podemos pesquisar para encontrar respostas sobre o Sistema Solar. Um desses materiais são os meteoritos, e eles fornecem informações úteis sobre corpos celestes que passam perto da Terra, tais como asteroides e cometas.

Embora sejam um tanto difíceis de encontrar, não é impossível se deparar com um meteorito — principalmente se você souber onde e quando procurar. Os melhores lugares para se achar um meteorito são aqueles onde outros já foram encontrados, ou lugares com registro recente da passagem de meteoros muito intensos.

Esses locais são chamados de “campos de dispersão”. É que os corpos que, ao passarem pela atmosfera terrestre, acabam “explodindo” e se fragmentando em vários pedaços, podem gerar detritos que se dispersam a uma distância de alguns quilômetros.

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No Brasil, poucos meteoritos já foram encontrados — apenas pouco mais de 70 foram descobertos e catalogados oficialmente. Logo, há poucos campos de dispersão. Isso significa que provavelmente não existem muitos lugares perto da sua casa para procurá-los, mas sempre pode acontecer o inesperado.

Por exemplo, em maio de 2017 um meteorito de 1 kg caiu em uma estrada próxima a um sítio na zona rural no município de Palmas de Monte Alto, sudoeste da Bahia. Por pouco não atingiu uma casa e, por isso, foi fácil encontrá-lo.

Como saber se uma pedra é um meteorito?

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Se você encontrar uma rocha e suspeitar que ela veio do espaço, poderá buscar por um certificado de autenticidade emitido por um perito reconhecido ou por uma instituição científica. Mas, antes, você terá que saber diferenciar um meteorito das demais rochas terrestres. Para isso, será preciso não apenas conhecer a aparência típica dos meteoritos, mas também suas propriedades físicas.

Não existe uma característica específica que lhe dirá com certeza se a rocha é ou não um meteorito, e muitos minerais e rochas terrestres são semelhantes aos detritos espaciais, sendo facilmente confundidos. Então, além de observar bem os detalhes aparentes, é importante realizar vários testes. A boa notícia é que todos eles são simples e você pode fazê-los por conta própria.

Observe a crosta de fusão

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Durante a passagem pela atmosfera, as camadas externas do meteorito se fundem e vaporizam. Ao atingir o solo, ele terá apenas uma fina camada deste material fundido, em geral de 1 a 2 mm. Essa é a crosta de fusão, e em geral é preta, mas em alguns casos mais raros pode apresentar colorações como cinza, marrom e verde. Todo meteorito recém caído terá uma crosta de fusão evidente, mas com o passar do tempo em ambiente terrestre ela mudará de tonalidade.

Caso a rocha que você encontrou seja um meteorito que caiu na Terra há pouco tempo, ela será preta e brilhante. Essa é a coloração que provavelmente você encontrará. Após algum tempo no planeta, o metal contido no meteorito vai oxidar e a rocha ficará marrom, com um aspecto enferrujado. Essa ferrugem começa com pequenos pontos vermelhos e laranjas na superfície do meteorito e, com o tempo, se expandirá até cobrir partes cada vez maiores da rocha. De qualquer forma, você ainda será capaz de ver a crosta preta, com algumas variações como um preto azulado. Se a rocha não tiver a cor próxima do preto ou do marrom, não é um meteorito.

Além disso, a crosta de fusão geralmente é lisa e pode conter algumas ondulações e gotículas, formadas pelo movimento da pedra derretida que, em seguida, se solidificou. Mesmo assim será lisa, semelhante a uma casca de ovo preta que cobre a rocha.

Veja se o formato é irregular

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A maioria dos meteoritos possui formato irregular, e não arredondado. Seus lados variam de tamanho e de forma, mesmo que alguns possam ter um formato cônico. Apesar disso, suas extremidades são arredondadas, e não pontiagudas ou afiadas.

Se a rocha que você encontrou tiver formato esférico e ainda parecer suspeita, pode ser um tipo de meteorito menos comum. Continue a observar as próximas características.

Procure pelas linhas de fluxo

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Lembra que a crosta de fusão pode apresentar algumas ondulações formadas pelo derretimento enquanto o material ainda estava em movimento? Pois bem, procure por essas ondulações, ou linhas de fluxo. Se você encontrar várias ao longo de algo que parece uma crosta de fusão, há grandes chances de que seja um meteorito.

Linhas de fluxo podem ser pequenas ou não visíveis a olho nu, porque elas podem estar quebradas ou apresentar formatos inesperados. Use uma lupa ao procurar por linhas de fluxo na superfície de uma rocha.

Procure também por alguns “buracos” na superfície, ou recuos, mais ou menos parecidos com marcas de dedos quando apertamos uma massinha de modelar. Meteoritos ferrosos são mais suscetíveis à fusão irregular e, por isso, apresentarão essas cavidades bem definidas, chamadas regmaglitos.

Veja se a superfície é porosa ou com buracos

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Cavidades na superfície podem sim indicar que se trata de um meteorito, mas as rochas espaciais não têm buracos em seu interior. Meteoritos são densos, e nunca serão porosos ou algo similar. Se tiver buraquinhos na superfície ou parecer cheio de bolhas, não é um meteorito.

A pedra é muito pesada?

Geralmente meteoritos são um pouco — ou muito — mais pesados do que uma rocha terrestre do mesmo tamanho, porque a maioria deles tem ferro e níquel em sua composição, e os metálicos são ainda mais densos do que os rochosos. Então, pegue uma rocha comum de tamanho similar e veja se há muita diferença entre ela e o suposto meteorito.

Use um ímã para testar o magnetismo

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Se a maioria dos meteoritos contém uma quantidade considerável de ferro, usar um ímã para testar a propriedade magnética da rocha é uma boa ideia. Se o ímã não for atraído pela sua pedra, ela provavelmente não é um meteorito.

Lembre-se que muitas rochas terrestres também são magnéticas, então esse teste de maneira isolada não lhe dará uma resposta definitiva. Por outro lado, um meteorito ferroso será muito mais magnético do que um meteorito rochoso.

Você também pode raspar a superfície da rocha para encontrar pontos prateados brilhantes de metal, que geralmente podem ser vistos a olho nu por baixo da crosta de fusão. Esse teste exigirá uma lima diamantada e isso poderá dar algum trabalho. Nos meteoritos do tipo metálico, o interior será inteiramente prateado como aço.

Existem côndrulos?

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Os meteoritos rochosos do tipo condrito são os mais comuns, e uma de suas características são os côndrulos — pequenas esferas ovais ou elipsoidais de minerais. Dependendo do tipo de condrito, os côndrulos podem ser bem definidos ou pouco definidos. Caso não haja erosão na superfície da rocha que lhe permita procurar por côndrulos, você precisará abri-la.

É um meteorito! E agora, o que fazer?

Para ser reconhecida oficialmente como meteorito, a pedra precisa ser analisada por profissionais em um laboratório autenticado. Infelizmente, há poucos laboratórios no mundo para esse tipo de trabalho e, no Brasil, quem prestava esse serviço gratuitamente era o Museu Nacional do Rio de Janeiro — sim, aquele que sofreu um incêndio devastador em 2018, sendo quase que totalmente destruído.

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Antes da tragédia, as recomendações para se avaliar uma rocha com suspeita de ser um meteorito ditavam que a pessoa deveria enviar uma amostra de 100 gramas, ou 30% do material (o que for menor) para o museu. Uma parte da amostra ficava depositada no museu e outra parte era utilizada para as análises.

Bem, caso você consiga um laboratório autenticado para analisar a rocha que encontrou, se sua pedra for mesmo um meteorito ela será então enviada à Meteoritical Society (Sociedade Meteorítica), um comitê que se reúne algumas vezes ao ano e analisa os pedidos de aprovação de nomes. Ao ser aprovado, todas as informações do seu meteorito passam a constar na página do Meteoritical Bulletin, que é um banco de dados com informações de todos os meteoritos oficialmente catalogados no mundo.