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Encontro da Via Láctea com a Grande Nuvem de Magalhães rende efeitos violentos

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Miguel Claro
Miguel Claro

Um novo estudo feito por cientistas da Universidade de Edimburgo revelou que a Grande Nuvem de Magalhães (LMC), uma galáxia anã que orbita nossa galáxia, está puxando, torcendo e deformando o disco da Via Láctea de forma nada tranquila, devido à força gravitacional do halo de matéria escura que a envolve.

Os cientistas acreditam que a LMC cruzou os limites da Via Láctea há 700 milhões de anos, um passado recente em termos cosmológicos. Em função da grande presença de matéria escura — partículas presentes à volta da galáxia com grandes efeitos gravitacionais no movimento das estrelas e gases — nela, a Via Láctea e sofreu efeitos intensos que ainda podem ser observados. Hoje, a LMC é considerada uma galáxia satélite da Via Láctea, e pode ser observada no céu do hemisfério sul como uma nuvem de brilho fraco.

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A presença da matéria escura não é novidade. Estudos anteriores já haviam mostrado que esta galáxia, assim como a Via Láctea, está cercada por um halo de matéria escura. Assim, cientistas da Universidade de Edimburgo utilizaram um modelo estatístico sofisticado que calcula a velocidade das estrelas mais distantes da nossa galáxia, e descobriram os efeitos da LMC no movimento da Via Láctea: o halo de matéria escura da LMC está puxando e torcendo o disco da Via Láctea à velocidade de 32 km/s ou a 115.200 km/h em direção à constelação Pegasus.

Eles ficaram surpresos ao descobrir que a Via Láctea não estava se movendo em direção à localização atual da LMC como se pensava, mas sim em direção a um ponto já passado em sua trajetória. Para a equipe, isso acontece porque a LMC, alimentada por sua força gravitacional massiva, está se separando da Via Láctea à velocidade de 370 km/s, ou 1,3 milhões de quilômetros por hora; então, é como se a Via Láctea estivesse tentando acertar um alvo que se move muito rapidamente, mas não está mirando bem.

Essa descoberta deve ajudar os cientistas a desenvolverem novas técnicas de modelagem que capturem as dinâmicas interplanetárias que ocorrem entre as duas galáxias: “a descoberta quebra definitivamente o ‘feitiço’ de que nossa galáxia está em algum tipo de estado de equilíbrio”, diz Jorge Peñarrubia, um dos autores do estudo. Nos próximos passos, os astrônomos planejam descobrir a direção pela qual a LMC veio na Via Láctea e o momento exato em que isso aconteceu. Essas informações vão revelar a quantidade e a distribuição da matéria escura na Via Láctea e no LMC com detalhes sem precedentes. “Nossas descobertas exigem uma nova geração de modelos da Via Láctea para descrever a evolução da nossa galáxia”, explica Michael Petersen, principal autor.

O artigo com os resultados do estudo foi publicado na revista Nature Astronomy.

Fonte: University of Edinburgh