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Em que o cinema acerta (ou erra feio) sobre asteroides vindo em nossa direção?

Por| Editado por Patricia Gnipper | 17 de Abril de 2021 às 08h00

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urikyo33/Pixabay
urikyo33/Pixabay

Filmes de Hollywood nem sempre levam a realidade ao pé da letra — e tudo bem, afinal, estamos falando de obras de ficção, certo? Mas é fato que essa ficção toda alimenta a imaginação popular quanto o assunto é um asteroide se aproximando da Terra, e as liberdades artísticas, neste caso, acabam gerando confusão em relação ao que poderia, de fato, acontecer na vida real em uma situação dessas. Na vida real, existem especialistas que monitoram objetos espaciais próximos e pensam constantemente em maneiras de livrar o nosso planeta de possíveis ameaças — talvez Hollywood passe uma compreensão um pouco superficial de todo o trabalho que rola nos “bastidores”.

Por todo o Sistema Solar, existem milhares de asteroides e, boa parte deles, assim como a Terra, orbita o Sol — nos últimos anos, temos descoberto até alguns visitantes de outros sistemas estelares. E uma boa quantidade de pequenos detritos desses grandes corpos celestes atinge o nosso planeta o tempo todo, dando origem às popularmente chamadas de estrelas cadentes (ou seja, meteoros). A física Kirsten Howlen, do Laboratório Nacional Lawrence Livermore (LLNL), que trabalha como defensora planetária, relata que, sempre ao dizer qual é a sua profissão, as pessoas dizem algo do tipo: “ah, como no filme Armagedon (1998)?”. Na verdade, essa atividade não é nada parecida com o cinema — sentimos informar.

Ao contrário do que muitos filmes narram, Howley não possui um macacão laranja ao seu alcance imediato, mas nem por isso seu trabalho deixa de ser sério e importante. Ela faz parte de uma equipe de defensores planetários especializados em maneiras de desviar asteroides que possam colocar em risco a Terra.

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Mas, afinal, em que o cinema acerta (ou erra feio) quando o assunto são asteroides vindo em nossa direção?

Defesa planetária

Embora Howley e sua equipe não tenham seus rostos estampados pôsteres como os salvadores do planeta Terra, eles são autênticos defensores planetários. Ao contrário dos filmes, eles não precisam entrar em um foguete e ir viajar em direção ao asteroide para destruí-lo; suas armas são a física e a matemática. Kirsten Howlen explica que a NASA é responsável por monitorar constantemente tais objetos através do Centro de Estudos de NEO (CNEOS), do Laboratório de Propulsão a Jato (JPL).

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Qualquer corpo de tamanho aproximado de 140 metros (um campo de futebol e meio) e que se aproxima a uma distância de cerca de 7,5 milhões de quilômetros, é considerado como “potencialmente perigoso”. Mas fique tranquilo, porque não há previsão alguma de um impacto pelo menos até 2175. "Não há nenhum asteroide agora que nos preocupe", disse Howley.

Trabalho em equipe

Se existe um ponto muito semelhante entre os filmes e o trabalho dos defensores planetários, é o trabalho em equipe. Anualmente, as equipes do LLNL se reúnem para debater e simular estratégias de remanejamento destes asteroides. São planos pensados por muito tempo e a longo prazo. Ninguém seria pego de surpresa por um pedaço de rocha gigante em direção a Terra.

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Atualmente, temos tantas informações sobre os asteroides considerados perigosos que somos capazes de prever seu comportamento por anos. A física diz que “eu me preocupo mais em usar protetor solar”, quando questionada sobre um objeto do tipo pegar a todos de surpresa.

Explosões no espaço

O asteroide protagonista do filme Armagedon tem o tamanho do Texas — mais de 1.200 km de diâmetro — e foi descoberto quando estava a apenas uma hora da Terra. Howley diz que a energia necessária para empurrar um corpo deste tamanho seria o equivalente à produção total de energia do Sol em apenas um dia. “E não temos essa capacidade”, acrescenta.

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É graças ao trabalho dos defensores planetários que não precisamos nos preparar para enfrentar um asteroide como nos filmes. Com antecedência, conseguimos antecipar possíveis ameaças e nos preparamos. Por exemplo, uma bomba nuclear não é descartada como fornecedor de energia para alterar o percurso de um asteroide. Para isto, é imprescindível que informações quanto a massa, tamanho e composição.

Por outro lado, muitos defensores planetários acreditam numa abordagem com menos energia do que uma explosão nuclear, como o envio de uma espaçonave que simplesmente se choque contra o asteroide para desviar seu curso. "Eu só acho que é bom ter um plano", disse Howley.

Estamos seguros

Em resumo: não dê confiança para nenhuma manchete sensacionalista que vir por aí. Como podemos para perceber, existe muita gente competente trabalhando a todo o momento para proteger nosso planeta de possíveis encontros catastróficos com grandes asteroides. E lembre-se: “só porque algo está se aproximando da Terra não significa que seja um risco".

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A seguir, você confere a explicação da física Kirsten Howlen na íntegra (em inglês):

Fonte: Space Daily