Descoberto um dos maiores filamentos de hidrogênio já observados na Via Láctea
Por Danielle Cassita • Editado por Patricia Gnipper |
A Via Láctea tem um grande filamento de hidrogênio atômico gasoso. A estrutura, apelidada de “Maggie”, fica a cerca de 55 mil anos-luz de nós, sendo uma das maiores já observadas em nossa galáxia. Esta descoberta foi feita por uma equipe internacional de cientistas, liderada por astrônomos do Max Planck Institute of Astronomy (MPIA).
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Os autores trabalharam com dados coletados durante o programa de observação HI/OH/Recombination line survey of the Milky Way (ou somente "THOR"), realizado com o observatório Very Large Array (VLA), no Novo México. Com as antenas de rádio do VLA, o projeto analisa processos como a formação de nuvens moleculares, a conversão do hidrogênio atômico para molecular, campos magnéticos das galáxias, entre outros.
O objetivo principal disso é determinar como o hidrogênio atômico (formado por um próton e um elétron) e o hidrogênio molecular (este, com um próton, um nêutron e um elétron) se transformam para criar nuvens densas, que dão origem a novas estrelas. No caso, somente o deutério (o hidrogênio molecular) se condensa em nuvens relativamente compactas, de onde estrelas emergem em algum momento.
Como o processo de transformação do hidrogênio atômico em molecular é um grande mistério, a descoberta do filamento foi uma grata surpresa à equipe. Afinal, as maiores nuvens de gás molecular não costumam passar dos 800 anos-luz, mas o Maggie chega aos 3.900 anos-luz de extensão e 130 anos-luz de largura.
Jonas Syed, autor principal do estudo, comentou que eles ainda não sabem ao certo como a estrutura foi parar em nossa galáxia. “O filamento se estende por cerca de 1.600 anos-luz abaixo do plano da Via Láctea”, explicou ele. O resultado disso é que a radiação da molécula, com comprimento de onda de 21 cm, se destacou em relação ao fundo e possibilitou que Maggie fosse observado.
A análise dos autores mostrou que a matéria do filamento tinha velocidade de 54 km/s-1. A partir das observações, eles determinaram a velocidade do hidrogênio gasoso, descobrindo que quase não há variações de velocidade na estrutura. Portanto, eles concluíram que Maggie é um filamento de estrutura coerente.
A partir de dados publicados em estudos anteriores, a equipe estimou que o Maggie tem cerca de 8% do hidrogênio molecular por fração de massa, e observou que o gás converge em diferentes pontos ao longo de sua estrutura. Por isso, eles acreditam que o hidrogênio gasoso se acumula em grandes bolsões nestes locais, e especulam que o gás atômico irá, gradualmente, ser condensado ali em forma molecular.
O artigo com os resultados do estudo foi publicado na revista Astronomy & Astrophysics.
Fonte: Astronomy & Astrophysics; Via: Universe Today, Max Planck Institute for Astronomy