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Descoberta estrela em rara fase inicial de evolução e com brilho intenso

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MPE/D. Segura-Cox Data credit: ALMA (ESO/NAOJ/NRAO)
MPE/D. Segura-Cox Data credit: ALMA (ESO/NAOJ/NRAO)

Uma equipe de astrônomos descobriu uma provável estrela em seus estágios iniciais de evolução. De acordo com as observações realizadas através de dados do Palomar Gattini InfraRed survey (PGIR) e do projeto NEOWISE, trata-se de uma categoria conhecida como “objeto estelar jovem” (YSO, da sigla em inglês), localizado na região de formação estelar catalogada como NGC 281-W.

Essa região fica no oeste de uma grande nebulosa conhecida como Nebulosa Pacman, na constelação de Cassiopeia, parte do braço espiral de Perseus, a cerca de 9.130 anos-luz da Terra. Ali há alguns objetos conhecidos pela comunidade científica, como o aglomerado aberto IC 1590 e uma grande faixa obscurecida de gás e poeira.

Os objetos chamados YSO são, por definição, estrelas em estágios iniciais de evolução. Podem ser protoestrelas — objetos candidatos a se tornarem estrelas —, ou podem já ser estrelas da pré-sequência principal — ou seja, que se encontram num estágio de desenvolvimento anterior à sequência principal. Para facilitar, digamos que YSOs são objetos em estágio final de formação e, portanto, em fase inicial de evolução para uma estrela “madura”.

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Bem, as estrelas da pré-sequência principal já são visíveis no espectro ótico da luz (ao contrário das protoestrelas), e as reações termonucleares já podem acontecer no interior elas. Elas geralmente são encontradas em um ambiente de grande quantidade de gás molecular e poeira interestelar. Por isso, uma YSO da pré-sequência principal pode se envolver em um processo de acreção, ou seja, sua gravidade atrai a matéria circundante (neste caso, gás e poeira), e a jovem estrela ganha massa. É como um bebê se alimentando em fase de crescimento.

Quando isso acontece, “surtos” explosivos podem ser observados. Os astrônomos geralmente classificam esses eventos como EXors e FUors. Enquanto o primeiro deles dura de vários meses a um ou dois anos, o segundo se trata de um evento mais extremo e raro. Objetos do tipo FUor podem ter uma magnitude de 5 a 6 (ou seja, podem ser muito brilhantes) e durar de décadas ou séculos. No entanto, até agora os astrônomos sabem pouco sobre as propriedades dos jatos emitidos em “surtos” do tipo YSO, e é aí que a nova descoberta se torna interessante.

O grupo de astrônomos liderados por Lynn A. Hillenbrand, da Caltech, relata a descoberta de um desses surtos de um YSO em um artigo publicado no repositório arXiv.org, atualmente em revisão para o AAS Journals. O objeto encontrado pelos pesquisadores na nebulosa NGC 281 foi denominado PGIR 20dci. Além disso, a equipe encontrou na imagem em infravermelho próximo uma nova nebulosa, bastante extensa, com cerca de 14.000 UA (uma UA, ou seja, Unidade Astronômica, equivale à distância entre a Terra e o Sol).

Desde o início, o brilho do PGIR 20dci aumentou gradualmente. A espectroscopia no infravermelho próximo confirmou que este objeto é bastante similar com as fontes conhecidas de surtos do tipo FUor; portanto, ele foi identificado como uma estrela real, em fase inicial de evolução e com jatos extremos. Em outras palavras, é uma estrela bastante rara e sua descoberta será de grande importância para os astrônomos interessados em acompanhar os processos evolucionários de uma estrela recém-formada.

Ainda não se sabe muito sobre as propriedades da PGIR 20dci — assim como não se sabe muito sobre FUors em geral —, então novas pesquisas devem ser realizadas em breve para analisar e destrinchar as características do objeto. Deste modo, os cientistas estarão mais próximos de criarem modelos confiáveis de YSOs extremas como esta.

Fonte: Phys.org