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Cosmonautas não devem voar na Crew Dragon este ano

Por| Editado por Luciana Zaramela | 21 de Abril de 2021 às 15h00

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SpaceX
SpaceX

Agora que a NASA reconquistou sua autonomia para enviar seus astronautas ao espaço em naves norte-americanas, o objetivo é que os lançamentos estadunidenses à Estação Espacial Internacional (ISS) tenham sempre ao menos um cosmonauta. Entretanto, isso pode não acontecer este ano, de acordo com o administrador interino da agência espacial dos EUA.

Graças à Crew Dragon, da SpaceX, a NASA voltou a enviar seus astronautas à ISS a partir de suas próprias bases de lançamento. Com o fim do programa de ônibus espacial em 2011, os EUA dependeram dos foguetes e naves russas para chegar ao espaço até 2020, que foi o ano em que a SpaceX conseguiu lançar com sucesso astronautas da NASA ao espaço. No mesmo ano, a agência estadunidense enviou uma proposta de colaboração mútua com a Roscosmos (Agência Espacial Federal Russa) ao Departamento de Estado dos EUA.

A ideia dessa colaboração é que a NASA e a Roscosmos garantam que sempre haja um cosmonauta a bordo da ISS. Isso é muito importante para a manutenção do laboratório orbital porque o módulo operacional da Rússia inclui hardware dos EUA, Japão, Europa e Canadá, que são críticos para o funcionamento de toda a operação na órbita terrestre. Caso a nave Soyuz da Roscosmos esteja em solo, a Rússia ainda poderia enviar um cosmonauta para a ISS através da Crew Dragon, sem ter que pagar por isso.

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Claro, o contrário também é válido, ou seja, a Rússia também se comprometeria a incluir astronautas da NASA nos lançamentos da Soyuz, caso necessário, sem cobrar pela viagem. Afinal, a presença deles na ISS é tão vital quanto a dos cosmonautas. Mas para que o acordo se concretize, os EUA e a Rússia precisam passar por burocracias governamentais para a aprovação da proposta e, por fim, as nações assinarão um acordo formal.

Steve Jurczyk, administrador interino da NASA, disse na terça-feira (20) que a versão preliminar do acordo ainda está sendo revisada pelo governo. “Estamos aguardando as assinaturas finais do Departamento de Estado sobre o acordo e, em seguida, forneceremos esse rascunho à Roscosmos e iniciaremos as negociações”, disse ele em uma entrevista à imprensa. Apesar dos atrasos — o acordo está em andamento há alguns anos, mas sofreu com barreiras ao longo do tempo —, Jurczyk acredita que a NASA está perto de conseguir a aprovação.

Embora haja motivos para otimismo por parte da NASA, o tempo parece ter se esgotado para incluir um cosmonauta na tripulação da NASA que voará à ISS na Crew Dragon na missão Crew-3, prevista para outubro deste ano. É que após a assinatura do acordo, a Roscosmos ainda terá que designar um cosmonauta para a missão seguinte e enviá-lo para um treinamento nas instalações da SpaceX, além de ser necessário encomendar um traje com suas medidas. “Acredito que agora é tarde demais para desenvolver um traje e fazer o treinamento para o Crew-3”, disse Jurczyk.

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Isso significa que os russos terão que contar com a NASA para lançamentos de cosmonautas apenas a partir da missão Crew-4, prevista para o primeiro semestre de 2022. A NASA havia deixado em aberto um dos quatro lugares da Crew-3 para um cosmonauta caso o acordo fosse assinado a tempo, mas agora essa vaga deve ser preenchida por um astronauta da NASA ou de outro parceiro internacional.

A NASA lançará na próxima sexta-feira (23) a Crew-2 com quatro astronautas — o comandante Shane Kimbrough e o piloto Megan McArthur, da NASA; o especialista de missão Akihiko Hoshide, da agência espacial japonesa JAXA; e o também especialista de missão Thomas Pesquet, da agência espacial europeia ESA.

Fonte: Spaceflight Now