Cientistas estão desvendando a atmosfera deste exoplaneta a 340 anos-luz de nós
Por Danielle Cassita | Editado por Patricia Gnipper | 28 de Outubro de 2021 às 10h37
Com o Observatório Gemini, no Chile, uma equipe internacional de cientistas, liderados por Michael Line, professor da Arizona State University, conseguiu coletar as primeiras medidas diretas das quantidades de água e monóxido de carbono na atmosfera de um exoplaneta. Trata-se do WASP-77Ab, um "Júpiter quente" localizado a cerca de 340 anos-luz de distância de nós. Além de representar uma grande conquista técnica, o trabalho realizado pela equipe poderá ajudar os cientistas na busca por vida em outros planetas.
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O WASP-77Ab foi escolhido pelos cientistas pois, além de ser parecido com o nosso vizinho do Sistema Solar, o planeta tem temperatura de aproximadamente 1.093 ºC. “Devido ao tamanho e temperatura, os Júpiteres quentes são excelentes laboratórios para medirmos gases atmosféricos e testarmos nossas teorias de formação planetária”, explicou Line.
Para determinar os elementos presentes na atmosfera do planeta em comparação àqueles na estrela, eles focaram nas medidas da composição atmosférica. Para isso, os cientistas estudam a luz dos exoplanetas com telescópios em solo e no espaço. Line e seus colegas já conseguiram vários dados de composição com o Hubble, mas o problema é que os instrumentos do telescópio espacial conseguem somente medidas de água ou oxigênio, e a equipe precisava de dados do monóxido de carbono.
Assim, eles usaram o telescópio chileno Gemini Sul. Com o instrumento Immersion GRating INfrared Spectrometer (IGRINS), a equipe observou o brilho térmico do exoplaneta enquanto orbitava a estrela, coletando informações da presença e quantidades relativas dos diferentes gases na atmosfera. Através das medidas de água e monóxido de carbono na atmosfera do planeta, eles conseguiram estimar as quantidades relativas de oxigênio e carbono lá.
Line afirma que as quantidades estavam alinhadas com o que eles esperavam e são semelhantes àquelas da estrela. Conseguir medidas tão precisas da abundância dos gases na atmosfera de um exoplaneta é uma grande conquista técnica e, ainda, pode ajudar os cientistas a buscar vida em outros planetas. “Esse trabalho representa uma demonstração pioneira de como vamos medir bioassinaturas gasosas, como oxigênio e metano, em planetas potencialmente habitáveis em um futuro não tão distante”, explicou.
Agora, a equipe espera repetir essa análise com outros planetas para construir uma “amostra” de medidas atmosféricas de pelo menos 15 outros mundos. “Medir a abundância de carbono, oxigênio e outros elementos na atmosfera de uma amostra maior de exoplanetas proporciona um contexto muito necessário para o entendimento das origens e da evolução dos nossos próprios gigantes gasosos, como Júpiter e Saturno”, disse Line.
O artigo com os resultados do estudo foi publicado na revista Nature.
Fonte: ASU