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Cerâmica em meteorito indica que o Sistema Solar teve uma juventude agitada

Por| 12 de Fevereiro de 2021 às 12h00

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Reprodução/NASA/JPL-Caltech
Reprodução/NASA/JPL-Caltech

Em um novo estudo, cientistas da Universidade de Chicago analisaram fragmentos de cerâmica incrustados em meteoritos para saber mais sobre o período em que o Sistema Solar era "bebê". Os resultados mostraram evidências de que nossa vizinhança provavelmente passou por grandes mudanças de temperatura em suas etapas iniciais, um cenário bem diferente da teoria que propõe que, após o Sol se formar, houve um processo de resfriamento gradual e estável no sistema.

Estudar esse período tão antigo não é fácil, porque as rochas da Terra são constantemente derretidas e remodeladas, o que dificulta a busca de evidências de como o Sistema Solar foi em seu início. Então, os cientistas se voltam para os meteoritos: "eles são o registro do que estava acontecendo em determinado período", explica Nicolas Dauphas, co-autor do estudo. "Eles são, basicamente, agregados de poeira do que estava na nébula solar quando os planetas se formaram". Os meteoritos do tipo condrito carbonáceo costumam ter pedaços de cerâmica, que podem ter testemunhado os primeiros 100 mil anos do Sistema Solar.

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Por isso, os cientistas já analisam os meteoritos há décadas para tentar decifrar as condições do Sistema Solar inicial, que pode indicar também como os planetas se formaram. A teoria mais aceita dizia que o Sol passou por um resfriamento calmo e estável, e que objetos como os fragmentos analisados teriam se formado a partir do gás solar que se condensou lentamente. Por outro lado, descobertas recentes fizeram com que os cientistas questionassem essa possibilidade. Então, o estudante Justin Hu tentou aplicar novas técnicas para analisar a composição dos fragmentos de cerâmica para medir as quantidades de diferentes isótopos presentes neles, que podem indicar as condições do gás em que se formaram.

Eles ficaram surpresos com os resultados: “os pedaços não tinham a assinatura que esperávamos”, disse Hu. “Os resultados indicam que as temperaturas das inclusões de cerâmica durante o processo de formação seria acima dos 1.600 Kelvin, durante dezenas a centenas de anos”, complementou. Isso significa que a estrela era jovem e passou um longo tempo emitindo energia, que afetou tudo que havia à volta. Essas erupções extremas já haviam sido observadas em estrelas jovens de outros sistemas, mas ainda não estava claro se também teriam acontecido no nosso.

Dauphas explica que entender essas condições é muito importante para abrir o caminho para o entendimento da formação dos planetas: “elas podem dizer mais sobre os processos que definiram a composição dos planetas do Sistema Solar — por exemplo, por que a Terra e Marte têm composições diferentes?”, finaliza. Andrew M. Davis, outro co-autor, ressalta que essa não foi a primeira evidência da juventude violenta do Sol, e que "existe uma riqueza nessas descobertas, que nos permite dizer mais sobre a escala de tempo em que isso ocorreu".

O artigo com os resultados do estudo foi publicado na revista Science Advances.

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Fonte: University of Chicago