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BBC libera a última entrevista feita com Stephen Hawking

Por| 27 de Março de 2018 às 10h02

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BBC libera a última entrevista feita com Stephen Hawking
BBC libera a última entrevista feita com Stephen Hawking

Falecido aos 76 anos no último dia 14 de março, o físico teórico e divulgador científico Stephen Hawking deixou para a humanidade grandes contribuições para a ciência. Em seu último estudo, por exemplo, o cientista tentava decifrar os mistérios do conceito de multiverso, abordando a existência (ou não) de universos paralelos ao nosso.

Mas, em outubro do ano passado, a BBC convidou o célebre Hawking para uma conversa sobre ondas gravitacionais a partir da colisão de estrelas de nêutron, e esta acabou sendo a última entrevista concedida pelo físico a um veículo de imprensa.

A tal colisão aconteceu naquele mesmo mês, e sua observação foi um feito histórico para a ciência, já que esta foi a primeira vez em que pudemos assistir (e ouvir) um evento do tipo, que é raro no universo. O evento cósmico causou uma distorção no tecido do espaço-tempo, criando ondas gravitacionais de um jeito parecido com o que acontece quando jogamos uma pedra em um lago, por exemplo.

As estrelas em questão, localizadas a 130 milhões de anos-luz da Terra, colidiram há 130 milhões de anos, mas somente agora a luz emitida pelo choque chegou até a Terra para que fosse observada por telescópios. E vale lembrar que as ondas gravitacionais foram previstas por Albert Einstein há 100 anos, mas somente em 2016 conseguimos comprovar que elas existem, de fato, com uma observação inédita.

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A entrevista

Ao ser questionado quanto à importância de termos detectado a colisão de duas estrelas de nêutrons, Hawking respondeu que esse "foi um marco histórico genuíno", por ter sido a primeira detecção do tipo na história. O evento confirmou que as explosões de raios gama acontecem quando essas estrelas se chocam, dando um novo rumo à cosmologia, ensinando mais sobre o comportamento de materiais com densidade extremamente alta.

Ainda segundo o cientista, as ondas eletromagnéticas que emanaram da colisão "nos dão a localização precisa do céu, enquanto as ondas gravitacionais nos dizem a distância da luminosidade". E, ao combinar essas duas medidas, "temos um novo meio de medir distâncias no cosmos".

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Já sobre a possibilidade de tudo isso nos dar novos insights sobre os buracos negros, Hawking disse que "o fato de que um buraco negro possa se formar a partir da colisão de duas estrelas de nêutrons sempre foi uma teoria, e esse evento foi uma primeira observação". Portanto, "a colisão provavelmente produz uma estrela de nêutron rotativa e supermassiva que pode, então, entrar em colapso e formar um buraco negro", em suas palavras.

Então, quando a pergunta foi a respeito de a medição de ondas gravitacionais nos dar uma nova perspectiva quanto ao espaço-tempo e à gravidade, transformando nosso entendimento do universo, Hawking foi enfático: "sim, sem sombra de dúvidas". Ele segue dizendo que "uma escada de distância cosmológica independente pode fornecer confirmação independente de observações cosmológicas, ou pode revelar grandes surpresas", pois "as observações de ondas gravitacionais nos permitem testar a relatividade geral em situações em que um campo gravitacional é forte e altamente dinâmico", e as ondas gravitacionais "são uma nova maneira de procurar por uma assinatura de possíveis modificações da relatividade geral".

Por fim, Hawking fala sobre a formação de ouro a partir da colisão de estrelas de nêutron, metal este que é valioso na Terra, justamente por ser raro, não somente por aqui, bem como em todo o universo. "O motivo para ele ser raro é que que os picos de energia de ligação nuclear no ferro dificultam a produção de elementos mais pesados em geral, e também a forte repulsão eletromagnética deve ser superada pela força nuclear para formar núcleos pesados e estáveis, como há no ouro".

Fonte: BBC