Astrônomos identificam 75 mil buracos negros supermassivos em centros galácticos
Por Daniele Cavalcante | Editado por Patricia Gnipper | 05 de Janeiro de 2022 às 09h15
Cerca de 75 mil centros galácticos ativos — buracos negros supermassivos se alimentando de matéria — foram identificados em uma nova técnica. Os autores da pesquisa usaram mapas 3D de galáxias em algumas partes específicas do céu, criados por cientistas australianos.
- O buraco negro no centro desta galáxia anã é muito maior do que deveria ser
- Buraco negro supermassivo emite jato parecido com a estrutura do DNA
Como ver um buraco negro supermassivo
Quando um buraco supermassivo no centro de uma galáxia se alimenta de nuvens de gás e poeira, ou mesmo de uma estrela, parte da matéria é acelerada e começa a girar em torno do objeto em alta velocidade, formando o disco de acreção. Em muitos casos, o campo magnético do buraco negro cria jatos relativísticos com parte dessa matéria.
Todo esse processo libera muita energia, por isso muitos buracos negros podem ser detectados, mesmo sendo invisíveis. Tecnicamente, eles não emitem radiação, mas transformam seus alimentos em verdadeiras “sopas” de plasma superaquecido e brilhante.
Esse brilho, no entanto, aparece apenas em algumas faixas específicas do espectro eletromagnético, muitas vezes em ondas de rádio. Por isso, quando esse processo ocorre em um buraco negro supermassivo no centro de uma galáxia, os cientistas a chamam de “radiogaláxia”.
Para encontrar essas emissões, os cientistas usam instrumentos que “enxergam” ondas de rádio, mas nem sempre funciona. É que alguns centros galácticos ativos também emitem radiação em outros comprimentos de onda, como raios-X — às vezes sem nenhuma emissão em rádio.
Técnica detecta centros galácticos ativos
Os autores do novo estudo criaram um método para identificar as galáxias que possuem um centro ativo, ou seja, um buraco negro supermassivo central se alimentando de matéria. Para isso, eles recorreram aos mapas 3D criados por astrônomos australianos, que abrangem 11 bilhões de anos-luz.
Foram identificadas nesses mapas 700 mil galáxias, e mais de 75 mil delas possuem núcleo ativo. Eles usaram a distribuição de energia espectral, que é o brilho relativo de uma galáxia em diferentes partes do espectro eletromagnético. De acordo com o comunicado dos autores, esses dados podem ser usados para medir quantas estrelas existem em uma galáxia ou sua idade, por exemplo.
Esse resultado ainda não é definitivo — a equipe precisa se certificar de que todos os centros galácticos ativos foram identificados nos 11 bilhões de anos-luz abrangidos pelos mapas. Uma vez que isso for concretizado, os astrônomos poderão compreender melhor como os buracos negros centrais influenciam a evolução e até mesmo contribuem para o fim da formação de estrelas nas galáxias.
O estudo foi publicado no Monthly Notices of the Royal Astronomical Society.
Fonte: The Royal Astronomical Society; via: The Conversation