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Astrônomos descobrem estrela de nêutrons recém-nascida e altamente magnética

Por| 18 de Junho de 2020 às 15h20

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ESO/L. Calçada
ESO/L. Calçada

Astrônomos anunciaram a descoberta de um objeto espacial recém-nascido: uma estrela de nêutrons de apenas 240 anos. Embora sejam quase dois séculos e meio, esse período não passa de um suspiro no calendário cósmico.

Conhecida como Swift J1818.0-1607, a estrela foi descrita em um novo estudo na revista Astrophysical Journal Letters. Trata-se de uma magnetar, um tipo de estrela de nêutrons com alto valor de campo magnético. Como suas propriedades físicas não podem ser recriadas na Terra, esses objetos são laboratórios naturais perfeitos para testar a compreensão que os cientistas têm atualmente sobre a física.

O objeto foi detectado pelo Observatório Neil Gehrels Swift, da NASA, em 12 de março, por causa de sua emissão massiva de raios-X. Os cientistas de uma equipe liderada pela Caltech e gerenciado pelo Laboratório de Propulsão a Jato revelaram as características físicas da estrela de nêutrons, que foram o suficiente para estimar sua idade.

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Estrelas de nêutrons são objetos tão comprimidos que uma colher de chá de material estelar de nêutrons pesaria 4 bilhões de toneladas na Terra. Embora existam mais de 3.000 estrelas de nêutrons conhecidas, não é sempre que os cientistas têm a oportunidade de ver uma recém-nascida. Além disso, apenas 31 magnetares foram confirmados até o momento, incluindo a Swift J1818.0-1607.

Se estrelas de nêutrons em geral já são incrivelmente peculiares, a Swift J1818.0-1607 pode nos dar uma ideia de como elas podem ser densas: ela possui o dobro da massa solar em um volume mais de um trilhão de vezes menor que o Sol. Além disso, ela tem um campo magnético até 1.000 vezes mais forte que uma estrela de nêutrons típica e é cerca de 100 milhões de vezes mais forte que os ímãs mais poderosos produzidos por seres humanos.

Caso a idade deste objeto for confirmada, este será o magnetar mais jovem já descoberto. Isso é muito útil para compreender melhor a formação dessa classe de estrelas. "Esse objeto está nos mostrando um período anterior à vida de um magnetar, muito antes de sua formação", disse Nanda Rea, pesquisadora do Instituto de Ciências Espaciais de Barcelona. "Talvez se entendermos a história da formação desses objetos, entenderemos por que há uma diferença tão grande entre o número de magnetares que encontramos e o número total de estrelas de nêutrons conhecidas", disse Rea.

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Muitos modelos científicos sugerem que as propriedades físicas e os comportamentos dos magnetares mudam à medida que envelhecem e que eles podem ser mais ativos quando mais jovens. Portanto, encontrar um exemplar recém formado ajudará a refinar esses modelos. Para facilitar ainda mais, o Swift J1818.0-1607 está relativamente próximo, a 16.000 anos-luz de distância, na constelação de Sagitário, o que facilita a observação.

Mas os astrônomos terão que agir rápido, se quiserem aproveitar a oportunidade para estudar o comportamento do magnetar. É que eventos de explosão como este geralmente começam com um aumento repentino de brilho ao longo de alguns dias ou semanas, e depois inicia-se um declínio gradual ao longo de meses ou anos, à medida que o magnetar retorna ao brilho normal.

Fonte: Phys.org, NASA