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Astronautas podem sofrer com choques elétricos na Lua, alertam cientistas

Por| 23 de Dezembro de 2019 às 07h45

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A NASA pretende enviar novos astronautas à Lua em 2024, cinco décadas após a última missão Apollo, que aconteceu em 1972. A ciência e a tecnologia evoluíram a passos largos desde então, mas ainda há muitos mistérios a serem desvendados quando o assunto é o ambiente espacial. Para as missões Artemis, cientistas estão preocupados com uma questão que não afetou as visitas anteriores à superfície do satélite natural: o perigo de astronautas levarem choques elétricos na Lua.

O caso é parecido com algo que podemos experimentar aqui na Terra: ao caminhar em um chão acarpetado, você encosta em uma maçaneta para abrir uma porta quando repentinamente leva um choque. A diferença é que, na Lua, o simples fato de estar na superfície é suficiente para carregar eletricamente o traje espacial e qualquer outro objeto que esteja em contato com o solo.

Exposta ao vento solar, a superfície lunar possui uma carga elétrica natural. Na Terra, o campo magnético nos protege dessas partículas energizadas ejetadas pelo Sol. A Lua não tem essa proteção, e por isso os elétrons e íons deixam a superfície eletricamente carregada. Soma-se a isso o fato de a poeira lunar, também carregada, grudar em tudo o que toca a superfície — e o problema só piora.

“A poeira lunar sempre vai grudar em toda superfície, não importa o que você faça”, disse o físico Joseph Wang. De acordo com ele, a poeira pode agir como elemento que conduz os elétrons. Grudada no traje espacial, isso pode levar a choques em equipamentos, que podem deixar de funcionar, ou simplesmente dar um belo susto nos astronautas, pelo menos.

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Apollo não teve problemas

De acordo com Jim Rice, cientista sênior do Instituto de Ciência Planetária no Arizona, não houve relatos de choques elétricos durante as missões Apollo na Lua, nem problemas com descargas elétricas nos equipamentos. Wang, por sua vez, explica que isso aconteceu por causa das áreas onde as missões pousaram, sempre em locais banhados pela luz solar.

Opa, espera aí. Mas não é justamente o vento solar que joga partículas carregadas na superfície da Lua? A luz solar em si não carrega nenhum tipo de carga elétrica, mas os fótons podem causar um efeito fotoelétrico que carrega positivamente alguns elétrons, equilibrando com os carregados negativamente levados pelo vento solar. Com esse balanceamento, os choques elétricos ficam menos comuns.

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O programa Artemis, contudo, tem como objetivo pousar no polo sul da Lua, onde os raios solares não incidem de maneira tão direta. Nessa área, os elétrons do vento solar predominam, e a luz solar mais fraca não consegue equilibrar o jogo. Segundo uma pesquisa feita por Wang, regiões sombreadas podem chegar ter de “centenas a milhares de volts negativos”.

Rice, por outro lado, não acredita que o perigo de os astronautas levarem choques elétricos seja um grande problema. Para ele, o problema é que não sabemos o que aconteceria se esses astronautas se locomoverem na Lua com materiais e equipamentos carregados.

Testes indicam que astronautas podem ter problemas

Wang e sua equipe resolveram fazer um teste para descobrir se a poeira lunar pode influenciar os choques elétricos. Eles pegaram amostras de Gore-Tex, que é o tecido usado nos trajes espaciais, e as colocaram em uma câmara a vácuo com um simulador do regolito lunar. Algumas amostras também foram cobertas de poeira, enquanto outras ficaram limpas.

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Daí, os pesquisadores descarregaram plasma nessas amostras para ver se seriam vulneráveis ao arco elétrico. Como esperavam, as amostras cobertas de poeira apresentaram arcos com mais frequência do que aquelas que estavam limpas. Mesmo assim, Wang ainda está incerto se isso pode indicar algum perigo.

“Demonstramos que os arcos podem ocorrer no material dos trajes especiais em um ambiente de plasma que simula a superfície lunar”, disse o físico. “A próxima pergunta é: esses arcos podem danificar o traje espacial?”, adiantou, ainda sem a resposta. As pesquisas seguem em andamento, enquanto a missão Artemis de 2024, com o retorno da humanidade à superfície lunar, se aproxima.

Paralelamente, a própria NASA estuda uma maneira de evitar que a poeira lunar grude nos trajes especiais dos astronautas que forem à Lua nesta próxima década.

Fonte: Gizmodo