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Asteroide visitado por sonda japonesa ajuda a entender a formação de planetas

Por| 17 de Março de 2020 às 20h20

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JAXA
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A equipe da Hayabusa2, sonda japonesa que foi até o asteroide Ryugu para trazer algumas amostras de sua superfície à Terra, divulgou imagens em infravermelho capturadas pela nave ao lado de alguns resultados das pesquisas realizadas sobre as propriedades gerais do objeto. O artigo, publicado na revista Nature, mostra que o asteroide consiste quase inteiramente de material altamente poroso.

Ryugu foi formado em grande parte a partir de fragmentos de um objeto que foi destruído por impactos cósmicos. A alta porosidade e a baixa resistência desses fragmentos garantem que corpos como esse se dividam em vários pedacinhos ao entrar na atmosfera da Terra.

Isso explica por que meteoritos ricos em carbono, como é o caso do Ryugu, são raramente encontrados por aqui. A atmosfera oferece maior proteção contra eles, despedaçando-os em inúmeros fragmentos. Por isso as propriedades físicas desses asteroides ainda são um tanto desconhecidas, mas tudo pode mudar com as análises do material que compõe o Ryugu.

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Composição e densidade

Esta pesquisa confirma e complementa as descobertas sobre o local de pouso da Hayabusa2. "Asteroides frágeis e altamente porosos como Ryugu são provavelmente o elo na evolução da poeira cósmica em corpos celestes maciços", diz Matthias Grott, um dos autores do artigo. "Isso fecha uma lacuna no nosso entendimento da formação planetária, já que quase nunca conseguimos detectar esse material nos meteoritos encontrados na Terra".

Análises anteriores da temperatura na superfície do asteroide foram realizadas na faixa de comprimento de onda de 8 a 12 micrômetros durante os ciclos diurno e noturno. No processo, os pesquisadores descobriram que, com raras exceções, a superfície aquece muito rapidamente quando exposta à luz solar, pulando de -43 ºC para 27 ºC. Isso sugere que os fragmentos que formam o asteroide têm baixa densidade e alta porosidade. "Até mesmo as rochas de 100 metros foram consideradas porosas e frágeis", disse o autor principal do estudo, Tatsuaki Okada.

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Apenas cerca de um por cento das rochas na superfície do Ryugu eram mais frias e mais semelhantes aos meteoritos encontrados na Terra. "Estes podem ser fragmentos mais maciços do interior do corpo original, ou podem ter vindo de outras origens e ter caído sobre o Ryugu", disse Jorn Helbert, coautor do artigo.

Chave para entender a formação do Sistema Solar

Essas informações são bastante valiosas, pois a estrutura porosa e frágil dos asteroides do tipo C pode ser semelhante à dos planetesimais - estágios iniciais da formação de planetas - formados pela poeira e gás do disco que havia ao redor do Sol. Depois, os planetesimais acumularam material durante inúmeras colisões com outros objetos que se formaram ali, até se tornarem os mundos que conhecemos hoje.

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Após a formação dos planetas e suas luas, muitos corpos menores - asteroides e cometas - permaneceram vagando onde antes estava o disco de poeira e gás, pois não foram capazes de se aglomerar para se juntar aos planetas em formação. Isso aconteceu por causa dos distúrbios gravitacionais, particularmente os causados ​​por Júpiter.

Embora os astrônomos já tenham indícios muito fortes desses processos, o início da história do Sistema Solar ainda não foi totalmente compreendido. Por isso pesquisas com asteroides como o Ryugu são tão valiosaa. Ele contém componentes do momento em que o Sol e os planetas foram formados a partir da nebulosa solar e missões como a Hayabusa2 podem confirmar, complementar ou refutar os modelos criados para explicar a origem do nosso sistema.

A Hayabusa2 tem atualmente amostras do Ryugu seladas em uma cápsula de transporte, e está viajando de volta para a Terra, com pouso na Austrália previsto para o final de 2020. Até agora, os pesquisadores assumem que o material de Ryugu é quimicamente semelhante ao dos meteoritos condríticos. No entanto, a equipe ainda não descarta a possibilidade de encontrar material rico em carbono ali.

Fonte: NatureSpace DailySpace.com