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Asteroide Bennu tem menos crateras do que o esperado. Mas por quê?

Por| Editado por Patricia Gnipper | 08 de Abril de 2022 às 08h33

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NASA/Goddard/University of Arizona
NASA/Goddard/University of Arizona

O asteroide Bennu tem superfície repleta de crateras, mas em menor quantidade do que o esperado. Na prática, isso sugere a ocorrência de processos geológicos desconhecidos. As descobertas vêm de um novo estudo liderado por Edward Bierhaus, pesquisador de ciência espacial na Lockheed Martin que analisou os dados e imagens do asteroide, coletados pela missão OSIRIS-REx, da NASA.

A sonda OSIRIS-REx passou quase dois anos estudando o asteroide Bennu e até coletou amostras. O material só deve chegar aqui no ano que vem, e enquanto isso, os cientistas vêm trabalhando com as imagens obtidas. “Coletamos milhares e milhares de imagens, e literalmente bilhões de medidas de LIDAR, que nos dão informações sobre a forma topográfica do Bennu”, explicou Bierhaus.

Ele e seus colegas passaram meses analisando as imagens para, assim, tentar entender como as crateras do asteroide se formaram. Eles descobriram mais de mil crateras com tamanhos variados, mas quando compararam a quantidade de crateras com a frequência e intensidade de colisões que as formam na Terra, Lua e outros corpos, perceberam que deveria haver muitas mais delas.

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Bierhaus acredita que esta descoberta é similar àquela da sonda japonesa Hayabusa, que visitou o asteroide Itokawa; este é muito menor que Bennu, e não tinha muitas crateras em sua superfície. “Acreditamos que a ausência de pequenas crateras tem relação com a superfície do Bennu: é extremamente rugosa, coberta por pedregulhos, e muito diferente da Lua ou Marte”, disse.

As características das crateras foram algo inesperado pela equipe. “Pensamos que tínhamos algum entendimento básico de todas as formas diferentes pelas quais as crateras de impacto podem se manifestar”, observou. “Foi uma surpresa olhar para o Bennu e descobrir que há todo um regime novo, que ainda não havíamos apreciado”.

Outras surpresas do asteroide Bennu

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A estrutura do asteroide Bennu é formada por uma “pilha de entulhos”, ou seja, ele não é uma rocha sólida, mas sim um aglomerado de rochas, pedras e areia produzidos por colisões e unidos pela gravidade. Bierhaus conta que esta estrutura é capaz de absorver impactos, principalmente os menos energéticos.

Entender como asteroides do tipo se comportam durante impactos é importante também para a proteção planetária. “Ao estudar asteroides ‘pilhas de entulho’, estamos não apenas conseguindo informações sobre a história e evolução do Sistema Solar, mas também sobre nossa habilidade potencial de proteger a Terra”, disse Bierhaus.

Ao analisar as características e distribuição das crateras no asteroide, os cientistas perceberam que, ao contrário do que ocorre na Lua, o Bennu não mantém registros antigos de colisões: em média, os eventos passados parecem ser apagados a cada um milhão de anos; como o asteroide tem cerca de um bilhão de anos, as mudanças tornam sua superfície relativamente jovem. “Você pode estimar a idade da superfície com base na população de crateras observadas”, disse Bierhaus.

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“Para o Bennu, conseguimos algo próximo dos 2 milhões de anos, o que é surpreendente; esta é uma das superfícies derivadas de crateras mais jovens que já encontramos no Sistema Solar”, ressaltou o autor. Segundo ele, os asteroides “geologicamente mortos”, como no caso do Bennu, não têm vulcanismo ou outros fenômenos, mas há processos neles que os mantêm “vivos”.

O artigo com os resultados do estudo foi publicado na revista Nature Geoscience.

Fonte: Nature Geoscience; Via: Space.com