Asteroide Bennu está lançando material de sua superfície ao espaço, revela NASA
Por Patricia Gnipper | •
A sonda OSIRIS-REx, da NASA, chegou ao asteroide Bennu no final do ano passado e, desde então, vem revelando surpresas sobre o pequeno objeto, antes mesmo de coletar as amostras planejadas e trazê-las para estudos aqui na Terra. Agora, a agência espacial divulgou que Bennu está expelindo materiais de sua superfície ao espaço — já ejetou esses materiais pelo menos 11 vezes desde que a nave chegou lá, e ninguém sabe ainda o que causa essas explosões.
Algumas dessas partículas que Bennu está expelindo para o espaço acabam se mantendo na órbita do asteroide, como se fossem satélites naturais, e isso é algo jamais visto antes em objetos tão pequenos do Sistema Solar, que têm uma força gravitacional tão fraca.
Além disso, também foi descoberto que Bennu está girando mais rapidamente graças à pressão da radiação proveniente do Sol e, dentro de 1,5 milhão de anos, a rocha girará duas vezes mais rápido do que agora. Ainda, a OSIRIS-REx descobriu que há água dentro de argilas hidratadas no asteroide, e ali existe também um mineral chamado magnetita, que normalmente se forma dentro de sistemas de água e costuma ser uma indicação de atividade intensa de água na região.
As descobertas da vez foram detalhadas na revista Nature, mostrando que Bennu além de estar atirando partículas para o espaço, também é muito mais robusto do que o previsto, e isso pode tornar a tarefa de recolher amostras mais difícil do que o imaginado. Então, a equipe da missão OSIRIS-REx já está trabalhando com ainda mais afinco para mapear a superfície do asteroide e escolher o local ideal para a coleta da amostragem.
De qualquer maneira, a NASA segue confiante de que manterá o cronograma, com a coleta sendo feita em julho de 2020. A sonda conta com um braço robótico que se estende em direção à superfície do asteroide, batendo suavemente ali por apenas cinco segundos. Neste intervalo de tempo, a sonda disparará gás nitrogênio para agitar as partículas da superfície, fazendo com que elas subam em direção à nave.
As imagens recentes mostram que Bennu tem uma vastidão de pedras cobrindo sua superfície, e esse terreno surpreendentemente acidentado representa mais riscos à coleta de amostras, já que a ação poderia liberar partículas maiores do que o planejado e, assim, entupir o coletor. Contudo, a agência espacial acredita que os pedregulhos superficiais são provavelmente muito arenosos e, por isso, a equipe segue otimista de que conseguirá coletar amostras sem imprevistos.
Contudo, será necessário escolher outro local para o pouso. A OSIRIS-REx foi projetada para pousar a mais ou menos 25 metros do local da coleta de amostras, mas a equipe da missão percebeu que será preciso mais precisão do que isso, porque Bennu, diferentemente do esperado, não tem extensas áreas lisas em sua superfície. Então, a NASA está de olho em áreas que permitam um pouso entre 5 e 20 metros do local onde a coleta será feita.
Essa mudança na escolha do local de pouso exigirá ajustes no software de orientação da sonda, e a equipe também precisará criar um mapa sofisticado da superfície do asteroide para que a nave consiga triangular os dados e descobrir para onde está apontando. Para isso, será preciso obter muitas novas imagens de Bennu em alta resolução, em uma quantidade maior do que o planejado originalmente. Mas, segundo os especialistas da missão, isso será perfeitamente possível, só exigindo um pouco mais de tempo para que a missão seja bem sucedida.
Esse novo local ainda será definido, mas a equipe revela que há grandes chances de o local ser onde há alto teor de magnetita, já que isso poderia retratar a quantidade de água e materiais orgânicos presentes em Bennu, o que poderia nos dizer bastante sobre a formação do objeto e, consequentemente, do Sistema Solar. Afinal, asteroides são considerados objetos remanescentes da formação do nosso sistema, existindo desde antes da formação dos planetas, há 4,5 bilhões de anos — ainda, acredita-se que asteroides como Bennu tenham trazido água e materiais orgânicos à Terra, o que teria sido essencial para desencadear o surgimento de vida por aqui.