Asteroide Apophis pode ser afetado pela gravidade da Terra em 2029
Por Danielle Cassita • Editado por Patricia Gnipper | •
A aproximação do asteroide Apophis pela Terra poderá afetar sua estrutura e até "arrancar" rochas devido à gravidade do nosso planeta. É o que concluiu um estudo conduzido por pesquisadores da Universidad Carlos III de Madrid (UC3M) e Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP), campus de Guaratinguetá (SP), em que eles analisaram os possíveis efeitos da aproximação estimada para 2029.
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O asteroide Apophis foi descoberto em 2004 e, como tinha chance de colisão com a Terra inicialmente estimada em 2%, foi considerado um asteroide potencialmente perigoso (“PHA”, na sigla em inglês). Depois, novos cálculos permitiram descartar essa possibilidade, e medidas recentes mostram que o asteroide irá passar pelo ponto mais próximo do nosso planeta no fim da década, ficando a 38 mil quilômetros de nós.
Assim, o estudo analisou as características físicas do corpo e possíveis efeitos que a proximidade da Terra poderá causar. “A colisão não é a única possibilidade em eventos de aproximação como esse”, explicou Gabriel Borderes-Motta, coautor do estudo. É que as interações gravitacionais entre o nosso planeta, muito mais massivo, e um corpo como o Apophis, podem mudar a forma dele, quebrá-lo em pedacinhos e até remover outros corpos em sua órbita.
As possibilidades de efeitos são variadas, e a equipe do estudo espera que a futura aproximação permita aprimorar os modelos tridimensionais utilizados nas simulações espaciais, oferecendo também uma chance de investigar mais profundamente o asteroide e prever efeitos em sua superfície.
Na prática, tudo isso significa um aumento no conhecimento sobre estas rochas espaciais, que permite uma melhor preparação quando novos objetos se aproximarem da Terra.
Como o Apophis pode ser afetado pela gravidade da Terra
No estudo, os autores trabalharam com dois cenários: o que pode acontecer com as rochas na superfície do asteroide e possíveis efeitos em sua órbita. Eles analisaram a forma do Apophis e as características de seu campo gravitacional, além de fatores que podem afetar a trajetória e seu ângulo, como a pressão da radiação da luz do Sol ou até perturbações causadas pela proximidade com a Terra.
Depois, a equipe conduziu um conjunto de simulações numéricas, formadas por dois ambientes de simulações com três casos experimentais em cada uma. Eles utilizaram um disco de 15 mil partículas do ambiente próximo do asteroide como amostra, para tentar prever como as partículas na órbita da rocha espacial poderiam reagir a diferentes situações e como essas possibilidades influenciariam o comportamento do asteroide.
Ao fim do processo, eles concluíram que o ângulo de inclinação do asteroide era maior em menores densidades do que em maiores. Além disso, quanto menor a densidade das partículas e maior a pressão da radiação da luz solar, menos delas continuariam intactas.
Ainda não se sabe exatamente a densidade do Apophis, mas o assunto foi explorado no estudo; quanto menos denso o asteroide for, mais fácil é a perda de partículas de sua superfície. Eles consideraram um cenário em que o asteroide teria baixa densidade, e concluíram que cerca de 90% das rochas soltas seriam removidas de sua superfície durante a aproximação da Terra.
Os resultados mostraram também que a passagem pelo nosso planeta poderia causar uma leve mudança nas marés gravitacionais do asteroide, fazendo com que ocorressem alguns deslizamentos.
O artigo com os resultados do estudo foi publicado na revista Monthly Notices of the Royal Astronomical Society.
Fonte: Monthly Notices of the Royal Astronomical Society; Via: EurekAlert