Publicidade
Economize: canal oficial do CT Ofertas no WhatsApp Entrar

Arrokoth: objeto bizarro levou milhares de anos para ter seu formato peculiar

Por| 06 de Outubro de 2020 às 13h05

Link copiado!

NASA
NASA

No final de 2019, a sonda New Horizons da NASA começou sua missão estendida de explorar um pequeno objeto chamado Arrokoth, anteriormente apelidado de Ultima Thule, localizado no Cinturão de Kuiper — o anel de rochas espaciais além da órbita de Netuno. Essa rocha espacial é bastante peculiar por causa do seu formato de boneco de neve achatado, e agora um novo estudo traz algumas respostas sobre como ele adquiriu esse formato.

De acordo com a pesquisa publicada na revista Nature Astronomy, o Arrokoth ganhou essa forma esquisita nos primeiros 100 milhões de anos após sua formação. Os pesquisadores, liderados pela Academia Chinesa de Ciências e pelo Max Planck Institute for Solar System Research, apontam que esse formato se deve a uma evolução da rocha causada pela liberação de gases voláteis.

Cogita-se que o Arrokoth seja o resultado da fusão de dois corpos que se formaram juntos. Por isso, ele seria, na verdade, composto por dois lóbulos conectados graças a uma colisão em baixa velocidade. Então, os pesquisadores do novo estudo tentaram responder como essa forma surgiu. Será que a rocha já tinha essa aparência quando se formou? Ou ficou assim à medida que se desenvolvia gradualmente?

Continua após a publicidade

Objetos do Cinturão de Kuiper são provavelmente muito diferentes da região interna do Sistema Solar. Afinal, estamos falando de uma faixa longe do Sol, a quatro bilhões de km de distância. Por isso, os cientistas consideram que os objetos de lá permaneceram congelados e inalterados desde o início do Sistema Solar. Entretanto, as imagens do Arrokoth desafiaram essa ideia porque ele tem uma superfície aparentemente lisa, sem sinais de colisões frequentes que teriam criado crateras, além, óbvio, do formato peculiar.

É difícil explicar como um corpo tão plano como o de Arrokoth poderia existir em um lugar como o Sistema Solar, que já foi muito caótico no passado — e ainda é relativamente movimentado. Basta olhar para nossa própria Lua para ver como as colisões acontecem e deixam suas marcas na superfície dos objetos. Mesmo com seus 32 km de diâmetro, o Arrokoth não deveria ser tão plano assim, até porque a própria formação de asteroides se dá pela colisão entre objetos menores até que se aglutinem, formando um corpo maior. Essa é a compreensão dos astrônomos sobre o nascimento de todos os corpos do Sistema Solar.

Bem, pode ser que o Arrokoth tivesse uma forma mais comum no passado, tornando-se achatado só depois da fusão entre dos dois corpos — um esférico e outro meio achatado. Mas como isso aconteceu? Durante a formação do Sistema Solar, o Cinturão de Kuiper poderia ter sido um ambiente sombreado porque estaria cheio de poeira (a poeira faz parte da nebulosa ao redor do Sol que permitiu a formação de todos os objetos, desde planetas a cometas e asteroides). Como a poeira ainda estava espessa, a luz solar não chegava ali, e as temperaturas baixas faziam com que materiais voláteis, como monóxido de carbono e metano, congelassem em grãos de poeira e formassem planetesimais (pequenos blocos de poeira e pedrinhas aglutinadas que, quando evoluem, se transformam em planetas).

Continua após a publicidade

Quando essa poeira nebular se dissipou, muitas rochas já haviam se formado, incluindo o Arrokoth. A iluminação solar teria alcançado essa região distante, elevando a temperatura e, portanto, vaporizando rapidamente os voláteis condensados. Deste modo, o formato do Arrokoth seria um resultado natural de uma soma de fatores, tais como seu eixo de rotação e a variação da taxa de perda de massa por causa desses raios solares. Esses fatores resultaram na erosão quase simétrica entre os lóbulos norte e sul da rocha.

Aparentemente, o Cinturão de Kuiper deve ter outros objetos estranhos — há milhões de rochas e objetos por lá que ainda não foram encontrados pelos instrumentos científicos. Os cálculos do novo estudo ajudam a entender como o estado atual dos corpos dessa região podem nos dar informações sobre suas origens.

Fonte: Phys.org