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Após 14 anos, pesquisadores descobrem o que está formando uma "cauda" na Lua

Por| Editado por Claudio Yuge | 08 de Março de 2021 às 22h00

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Juhasz Imre/Pexels
Juhasz Imre/Pexels

No fim da década de 1990, cientistas observaram que a Lua parecia ter uma formação semelhante à cauda de um cometa e um raio de partículas, mas ainda não estava claro o que estava por trás dessa "cauda", e menos ainda o que a deixava mais ou menos brilhante. Agora, após realizar observações por 14 anos, uma equipe de pesquisadores propõe que o fenômeno seja causado pelo impacto de meteoros.

A Universidade de Boston tem câmeras espalhadas pelo mundo para registrar imagens de auroras, e ocasionalmente elas flagram meteoros queimando na atmosfera terrestre. Assim, durante a chuva de meteoros Leônidas ocorrida em 1998, uma equipe de cientistas trabalhando com a câmera do Texas esperava ver sódio na atmosfera terrestre, mas observaram algo inesperado: após o pico do fenômeno, eles notaram que uma mancha de sódio ficou no céu por três noites.

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Essa mancha ficava na parte da Terra que estava voltada para a direção oposta à do Sol, e ficava mais brilhante conforme a Lua nova se aproximava e desapareceu subitamente. Depois de outros trabalhos, incluindo modelos que simulavam a possível origem da mancha, uma equipe de cientistas da universidade concluiu que o que foi observado era uma espécie de “cauda de cometa” feita de sódio, que se estendia por pelo menos 800 mil km da Lua.

Como a Lua não tem uma atmosfera para protegê-la, ela está sempre exposta aos impactos de meteoritos. Quando essas rochas atingem a superfície lunar, elas fazem com que átomos de sódio sejam levados para a órbita, onde colidem com os fótons vindos do Sol. Com isso, eles são afastados da direção da nossa estrela, e formam essa estrutura semelhante a uma cauda — que, aliás, é bem difusa, então não há risco de partículas nos atingirem por aqui.

Quando a Lua nova se move entre a Terra e o Sol, essa cauda cobre o lado terrestre voltado para o Sol. Depois, a gravidade da Terra atrai o fluxo de sódio e o deixa na forma de um fluxo invisível ao olho nu, que se dispersa pela atmosfera da Terra e é emitido para o espaço no lado oposto do planeta. "Será que isso tem aplicações práticas? Provavelmente não", disse Baumgardner, autor principal do estudo.

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Embora as chuvas de meteoros anuais possam coincidir com uma mancha lunar mais brilhante, isso não é uma regra, talvez porque os impactos dos meteoros não tenham sempre a energia necessária para liberar o sódio. Por outro lado, os impactos esporádicos têm relação mais forte com o brilho da mancha, e isso pode acontecer porque eles são mais massivos e rápidos, de modo que consigam liberar o material para uma órbita mais alta.

James O'Donoghue, cientista da agência espacial japonesa JAXA, acredita que, se um asteroide do tamanho certo atingir a Lua com a força adequada, ele pode liberar tanto sódio que, talvez, a “cauda” pudesse ser até vista a olho nu: “se você pudesse observá-la, seria uma mancha difusa de luz, com o tamanho das estrelas do Cinturão de Orion”, explica Baumgardner.

O artigo com os resultados do estudo foi publicado na revista Journal of Geophysical Research: Planets.

Fonte: The New York Times