Apophis, Deus do Caos | Aproximação de asteroide perigoso será visível a olho nu
Por João Melo • Editado por Melissa Cruz Cossetti |

Um asteroide potencialmente perigoso poderá ser observado a olho nu quando passar perto da Terra — mas isso ainda vai levar alguns anos. O Apophis — nome inspirado no deus egípcio do caos — vai se aproximar do nosso planeta em 2029, mas sua passagem já desperta a expectativa da comunidade astronômica.
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A rocha espacial deve passar perto da Terra em 13 de abril de 2029, a cerca de 32 mil quilômetros. Contudo, ela não representa nenhum risco ao nosso planeta pelos próximos 100 anos, segundo a NASA.
“Não há perigo para a Terra, para qualquer pessoa ou coisa que viva nela, nem para astronautas ou satélites no espaço. Mas o evento é uma oportunidade incrível e sem precedentes para aprender muito mais sobre o Apophis e asteroides semelhantes próximos à Terra”, ressalta a agência espacial norte-americana.
Mais de 2 bilhões de pessoas na África e na Europa Ocidental poderão visualizar o corpo celeste, que tem cerca de 340 metros de diâmetro, no céu noturno em 2029, em um evento que ocorre aproximadamente a cada 7,5 mil anos.
Descoberto em 2004 pelos astrônomos Roy Tucker, David Tholen e Fabrizio Bernardi, o asteroide recebeu o nome em homenagem ao deus egípcio do mal e da destruição devido ao seu potencial destrutivo, segundo os pesquisadores.
Aproximação com a Terra deve impactar o asteroide
As previsões astronômicas indicam que o Apophis será puxado, torcido, esticado e comprimido pela gravidade da Terra — efeitos que só podem ser observados quando dois corpos celestes estão muito próximos.
A atração gerada pelo campo gravitacional da Terra deve alterar a órbita do asteroide em torno do Sol, tornando seu período orbital mais longo. A torção pode acelerar ou desacelerar sua rotação, modificando sua orientação no espaço.
“E o alongamento e a compressão podem possivelmente causar pequenos deslizamentos de materiais ou movimentação de detritos da superfície do asteroide, provavelmente em locais já inclinados”, informa a NASA.
Ainda não é possível prever exatamente como o Apophis reagirá a essas influências, mas os astrônomos já se mobilizam para monitorar cada detalhe de sua aproximação.
Envio de três missões para estudar o Apophis
Uma das missões que deve estudar detalhadamente o Apophis em 2029 é a Rapid Apophis Mission for Space Safety (RAMSES), da Agência Espacial Europeia (ESA).
De acordo com Monica Lazzarin, professora da Universidade de Pádua (Itália), que apresentou atualizações sobre a missão no Congresso Científico Europlanet (EPSC), em Helsinque, em 8 de setembro, o lançamento está previsto para 2028.
A missão deve se aproximar do asteroide a ponto de analisar sua órbita, estado rotacional, estrutura interna e alterações provocadas pela aproximação com a Terra. Também há expectativa de que a RAMSES envie um cubesat capaz de pousar no asteroide com instrumentos de observação.
A Agência Japonesa de Exploração Aeroespacial (JAXA) estudará o Apophis com a missão DESTINY+, que terá como destino final o asteroide 3200 Phaethon. A missão da JAXA deve ser lançada junto com a RAMSES a bordo de um foguete japonês H3.
A NASA acompanhará o Apophis por meio da missão OSIRIS-APEX, que teve sua duração estendida após coletar amostras do asteroide Bennu. O status da missão tornou-se incerto devido ao orçamento aprovado pelo governo Trump no início de 2025, mas há expectativa de que os planos sejam concretizados.
"As naves espaciais têm pontos fortes diferentes. Com as equipes científicas conversando entre si, podemos dizer: 'Se você fizer esta observação, nós podemos fazer aquela observação', e isso é melhor do que qualquer um de nós conseguiria fazer separadamente”, ressaltou Michael Nolan, pesquisador principal da OSIRIS-APEX, durante o EPSC.
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Fonte: NASA; Space; Live Science