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Aos 101 anos, morre Katherine Johnson, matemática que ajudou NASA a chegar à Lua

Por| 24 de Fevereiro de 2020 às 16h00

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Tudo sobre NASA

Katherine Johnson foi uma das várias cientistas ofuscadas pelas conquistas celebradas pelos homens na história da humanidade. Sem ela, talvez a NASA não conseguisse chegar à Lua com a Apollo 11 em 1969. Ela trabalhou na agência espacial norte-americana entre 1953 e 1969 e seus cálculos foram fundamentais tanto para a primeira viagem de um estadunidense ao espaço, com Alan Shepard, em 1961, quanto para os primeiros passos de Neil Armstrong em nosso satélite natural. Nesta segunda-feira (24), a matemática morreu aos 101 anos.

A NASA fez questão de destacar seus esforços em uma época em que mulheres e negros sofriam (ainda mais) discriminação no ambiente de trabalho. “A NASA está profundamente triste com a perda de um líder de nossos dias pioneiros, e enviamos nossas mais profundas condolências à família de Katherine Johnson. Katherine ajudou a nossa nação a ampliar as fronteiras do espaço, enquanto fazia grandes progressos que também abriam portas para mulheres e pessoas de cor na busca humana universal de explorar o espaço”, diz o comunicado.

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Por conta de seu profissionalismo, Katherine também é lembrada nas próximas missões rumo a Marte e pelo reconhecimento recebido com a Medalha Presidencial da Liberdade, condecoração civil mais importante dos Estados Unidos, concedida pelo Congresso estadunidense pelas mãos do então presidente Barack Obama, em 2015.

“Na NASA, nunca esqueceremos sua coragem e liderança e os marcos que não poderíamos ter alcançado sem ela. Continuaremos a desenvolver seu legado e trabalharemos incansavelmente para aumentar as oportunidades para todos que têm algo a contribuir para o trabalho contínuo de elevar o patamar do potencial humano”, completa a agência.

Uma menina brilhante

Katherine nasceu no dia 26 de agosto de 1918, em Shite Sulphur Springs, no estado de Virgínia, nos Estados Unidos. Aos dez anos, já cursava o ensino médio e não demorou para entrar para na Universidade Estadual de West Virginia, onde se graduou com mérito em Matemática e Francês, em 1937. Nessa época, trabalhou em uma escola pública para negros.

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Nos anos 1950, Katherine enfrentou as severas leis de segregação racial nos EUA. Em 1952, ela conquistou uma vaga na seção de computação da ala oeste (onde trabalhavam os afro-americanos) do Laboratório Langley da NACA — a agência que antecedeu a NASA.

Embora ela não tenha dado muita atenção para esse assunto em específico e até tenha dito não sentir discriminação no trabalho, Katherine tinha que usar uma cafeteira diferente da dos colegas brancos. Ela não fazia somente cálculos e passou a participar de reuniões com engenheiros, algo inédito para uma mulher e negra, e se tornou uma das lideranças internas.

História virou filme

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Katherine foi uma das mulheres negras que formavam uma equipe no Centro de Pesquisa Langley, responsável por calcular a trajetória dos primeiros lançamentos espaciais, operações que hoje são feitas por computadores. "Nos anos 60, os computadores usavam saias", segundo suas palavras.

Quando a NASA começou a usar computadores para a missão em que John Glenn orbitou a Terra pela primeira vez, em 1962, Katherine foi consultada para verificar os números da máquina. "Se ela diz que são bons, então estou pronto para ir", disse o astronauta, segundo lembrou a própria Katherine.

Katherine trabalhou no centro Langley até 1989, tempo durante o qual participou de diversos projetos e foi autora e coautora de mais de 20 estudos científicos. Sua trajetória virou parte do livro Hidden Figures, de Margot Lee Shetterly, que foi base para o filme Estrelas Além do Tempo, em que Katherine (vivida por Taraji P. Henson) aparece ao lado de duas outras companheiras de anonimato na ciência, Dorothy Vaughan (Octavia Spencer) e Mary Jackson (Janelle Monae).

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O longa foi indicado aos prêmios de "Melhor Atriz Coadjuvante", "Melhor Filme" e "Melhor Roteiro" no Oscar de 2017. "Sempre estava cercada de gente que estava aprendendo coisas, eu adoro aprender. Você aprende se quiser", dizia Katherine.

Fonte: NASA