Antigravidade não existe e antimatéria cai igual às partículas comuns
Por Daniele Cavalcante • Editado por Patricia Gnipper |

Embora não seja nenhuma surpresa para os cientistas, agora é oficial: a matéria e a antimatéria do universo respondem igualmente à gravidade. A convicção veio após os resultados de um experimento nos aceleradores de partículas do CERN, nos quais átomos de anti-hidrogênio caíram perante o campo gravitacional da Terra, exatamente como Albert Einstein previu.
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Cada partícula sub-atômica (elétrons, prótons, nêutrons, quarks, e assim por diante) tem versões de si mesma, conhecidas como antipartículas. Apesar do nome sugerir algo exótico, a única diferença para as partículas “normais” é a carga elétrica.
Para entender melhor, considere os elétrons: enquanto estes têm carga elétrica negativa, os anti-elétrons (que também são conhecidos como pósitrons) têm carga positiva. Antipartículas também formam antiátomos, como o anti-hidrogênio, formado por um antipróton e um antielétron.
A existência dos antiátomos levou alguns cientistas a questionarem se apresentariam alguma outra propriedade oposta às dos átomos comuns. Seria possível que, em vez de caírem em um campo gravitacional, eles fossem repelidos?
O experimento no CERN buscou a resposta e os resultados são conclusivos: a antimatéria cai em qualquer superfície massiva, como a de nosso planeta. Ao liberar o anti-hidrogênio em um dispositivo chamado armadilha Penning, os átomos caíram como se fossem matéria comum.
Além disso, a antimatéria caiu com uma aceleração gravitacional bem próxima à da matéria normal (9,8 m/s²), o que também deve ocorrer com qualquer outra partícula de antimatéria. Embora ninguém tenha se surpreendido com esse resultado, era necessário realizar o experimento para não restar nenhuma dúvida.
Hipóteses anteriores sobre uma antigravidade capaz de repelir a antimatéria poderiam explicar alguns problemas, como o sumiço da antimatéria do universo. A teoria prevê que, no início de nosso cosmos, matéria e antimatéria teriam se formado nas mesmas quantidades, mas não há nenhum sinal da segunda.
Um estudo semelhante publicado em 2022 também chegou às mesmas conclusões, mas com menores graus de certeza. Agora, com a nova pesquisa, as chances de se obter resultados diferentes no futuro são ainda menores.
O artigo descrevendo o experimento foi publicado na revista Nature.
Fonte: Nature; via: EurekAlert