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Alexei Leonov, o primeiro homem a "caminhar" no espaço, morre aos 85 anos

Por| 11 de Outubro de 2019 às 17h35

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Alexei Leonov, o primeiro homem a "caminhar" no espaço, morre aos 85 anos
Alexei Leonov, o primeiro homem a "caminhar" no espaço, morre aos 85 anos

O mundo perde um dos nomes mais importantes da história da exploração espacial nesta sexta-feira (11), pois foi confirmada a morte de Alexei Leonov, o cosmonauta soviético que foi o primeiro homem a fazer uma caminhada espacial (atividade também conhecida como spacewalk). Ele faleceu no hospital militar de Burdenko, em Moscou (Rússia), aos 85 anos, tendo sido vítima de uma doença que já o acometia há tempos.

Alexei Arkhipovich Leonov nasceu em 30 de maio de 1934 na cidade de Listvyanka, perto do Lago Baikal, na Sibéria. Desde pequeno um amante da arte, Leonov frequentou a Academia de Artes de Riga em 1953 antes de se inscrever para a Escola da Força Aérea de Chuguyev em Carcóvia, na Ucrânia, onde iria se formar em 1957.

Em 1960, quando trabalhava como instrutor de paraquedismo da Força Aérea da União Soviética, Leonov foi selecionado para fazer parte da equipe de cosmonautas do país, sendo um dos vinte primeiros selecionados ao lado de outra lenda russa, o cosmonauta Yuri Gagarin.

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A primeira missão para a qual Leonov foi convocado aconteceu em 1963, quando ele foi chamado para ser o possível substituto para Valeri Bykovsky a bordo da missão Vostok 5, mas para a qual ele acabou não sendo necessário. A missão mais famosa de Leonov ocorreria apenas em 1965, quand,o a bordo da Voskhod 2, Leonov se tornou a primeira pessoa a sair de uma espaçonave para efetuar uma atividade extraveicular (EVA), entrando assim para a história como o primeiro a fazer uma caminhada espacial.

Apesar de ter feito história, o spacewalk quase matou o cosmonauta. Isso porque, depois de vários minutos do lado de fora da nave, o traje espacial dele inflou, tornando muito mais difícil qualquer tipo de movimento. Como ele estava fora da nave, não havia nada que o seu companheiro de missão, Pavel Belayev, poderia fazer, e Leonov tomou a decisão de soltar o oxigênio do traje como forma de desinflar o equipamento, permitindo que ele se mexesse o suficiente para retornar à nave.

A decisão era arriscada porque, pelos cálculos do cosmonauta, se qualquer contratempo acontecesse que atrasasse a sua entrada, ele poderia morrer rapidamente, pois o tempo que tinha para executar a manobra era já no limite do que seu organismo poderia suportar antes de o nitrogênio do sangue começar a ferver. Mas, depois de 12 minutos e nove segundos flutuando pelo espaço, Leonov finalmente conseguiu retornar à nave, e o resto da missão foi completada sem problemas.

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Além de ter sido o primeiro homem a caminhar no espaço, Leonov também foi o “primeiro” em outras modalidades. Como a Voskhod 2 só retornou à Terra no dia 19 de março, a missão de Leonov foi a primeira a provar que o corpo humano conseguia suportar os rigores de se trabalhar no ambiente inóspito do espaço. Outra curiosidade é que, apesar de ter abandonado a escola de artes, o cosmonauta nunca abandonou seu amor por desenhar, e levava consigo para as viagens alguns lápis de cor e folhas de papel escondidos na calça, o que fez com que ele se tornasse também o primeiro humano a fazer um desenho fora do planeta Terra, e seus desenhos feitos no espaço já foram expostos em diversos museus ao redor do mundo.

A segunda ida de Leonov ao espaço aconteceu apenas uma década depois, em 1975, e também foi algo histórico, pois aconteceu na missão Apollo-Soyuz, a primeira missão espacial feita em conjunto entre a URSS e os Estados Unidos. A missão, que ficou dois dias no espaço e fez com que cosmonautas soviéticos e astronautas americanos desenvolvessem experimentos em conjunto e, principalmente, fizessem um intercâmbio cultural, foi a precursora para a criação da Estação Espacial Internacional (ISS).

Depois de sua missão conjunta com os americanos, Leonov atuou como chefe da divisão de cosmonautas da União Soviética até janeiro de 1982, quando pediu demissão do cargo para assumir o papel de diretor do Centro de Treinamento de Cosmonautas Yuri Gagarin, que fica na Cidade das Estrelas (região ao nordeste de Moscou que é restrita para os membros do programa espacial russo). Dez anos depois, com o fim da União Soviética, Leonov abandonou de vez o programa espacial para assumir uma posição de gerência no Alfa Bank, um dos maiores bancos privados da Rússia.

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Pelos seus serviços à nação, Leonov foi nomeado duas vezes como Herói da União Soviética e, entre outras honrarias, recebeu a Ordem de Lenin, a maior condecoração oficial dada para qualquer militar ou civil na União Soviética. O cosmonauta ainda foi um dos membros fundadores da Associação dos Exploradores Espaciais (uma organização não-governamental fundada em 1985 e cujos membros precisam obrigatoriamente ter saído da órbita da Terra ao menos uma vez), induzido em 1976 ao Hall da Fama Internacional do Espaço do Museu de História Espacial do Novo México (e em 2001 ao Hall da Fama do Ar e do Espaço no Museu da Aeronáutica & Espaço de San Diego), e ainda teve uma das cratera da Lua batizadas em sua homenagem.

Leonov também prestou sua contribuição à literatura, publicando em co-autoria com o astronauta americano David Scott o livro Two Sides of The Moon: Our Story of The Cold War Space Race em 2004, e seu nome foi usado pelo escritor Arthur C. Clark para batizar a nave do livro 2010: Odyssey Two, que é uma continuação direta de 2001: Uma Odisséia no Espaço.

Fonte: Space.com