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3I/ATLAS | Cometa interestelar pode vir da fronteira da Via Láctea primitiva

Por  • Editado por Melissa Cruz Cossetti | 

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Reprodução/NASA, ESA, David Jewitt
Reprodução/NASA, ESA, David Jewitt

Avistado pela primeira vez em 1º de julho, o cometa 3I/ATLAS tem atraído a atenção dos astrônomos por características como sua alta velocidade e uma trajetória hiperbólica no espaço. No entanto, alguns mistérios — como a origem do objeto interestelar — ainda não foram resolvidos.

Análises realizadas por cientistas indicam que o cometa está atualmente em “passeio” pelo Sistema Solar interno, tendo feito sua aproximação máxima de Marte em 3 de outubro — chegando a cerca de 30 milhões de quilômetros do planeta.

Já o periélio — ponto de maior aproximação do Sol — deve ocorrer em 30 de outubro, quando o 3I/ATLAS chegará a cerca de 210 milhões de quilômetros da estrela, segundo a NASA. Depois, o objeto seguirá sua rota interestelar, passando por Júpiter em março de 2026 antes de desaparecer de vista.

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Apesar de os pesquisadores conseguirem traçar a trajetória atual do cometa, que viaja a cerca de 210 mil km/h, ainda não se sabe ao certo de onde ele veio. Contudo, uma nova pesquisa sugere que o 3I/ATLAS pode ter se originado na fronteira da Via Láctea primitiva.

Análises da trajetória com base nas estrelas próximas

Os autores do estudo, publicado na plataforma de pré-impressão arXiv (arxiv.org), utilizaram dados do telescópio espacial Gaia, da Agência Espacial Europeia (ESA), para reconstruir a trajetória do cometa 4,27 milhões de anos atrás e identificar 62 estrelas próximas que poderiam ter desviado o seu caminho.

No entanto, ao analisar os dados de movimento, velocidade e distância dessas estrelas, os cientistas concluíram que nenhuma delas alterou significativamente a órbita do objeto interestelar. Essa descoberta sugere que ele não se originou em nenhuma região próxima ao Sistema Solar.

“Descobrimos que nenhuma das estrelas na vizinhança solar consegue explicar a trajetória e a alta velocidade do 3I/ATLAS”, destacou Xabier Pérez-Couto, pós-graduando em astrofísica na Universidade da Coruña (Espanha) e líder do estudo, em entrevista à Live Science.

Segundo o pesquisador, apenas uma estrela com cerca de 70% da massa do Sol teve influência mínima sobre a trajetória do cometa.

Origem na borda do disco fino da Via Láctea

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As descobertas levaram os cientistas a sugerir que o 3I/ATLAS é um objeto antigo, que viaja há bilhões de anos e teria se originado na borda do disco fino da Via Láctea.

O disco fino é a região que corta o bojo central da nossa galáxia, concentrando a maior parte das estrelas e gases que formam esses corpos celestes. A maioria dessas estrelas é rica em elementos mais pesados que o hidrogênio e o hélio — chamados de metais —, formados por gerações anteriores de estrelas que já viveram e morreram.

Também existe na galáxia o disco espesso, que envolve as bordas do disco fino e há muito tempo encerrou seu processo de formação estelar. Essa região contém estrelas mais antigas e pobres em metais.

Se confirmada a hipótese de que o cometa interestelar se originou na fronteira entre esses dois discos, ele pode ter cerca de 10 bilhões de anos — mais que o dobro da idade do Sol, que tem aproximadamente 4,6 bilhões de anos. Essa ideia também sugere que o cometa foi ejetado de uma região primordial, possivelmente de um sistema planetário antigo.

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“No conjunto, todos os dados indicam que, embora o 3I/ATLAS siga uma órbita típica do disco fino na vizinhança solar, ele pode ainda assim ser um objeto antigo, compatível com uma ejeção a partir de um disco de planetesimais primordial em um sistema formado precocemente, estando possivelmente associado à região de transição entre o disco fino e o disco espesso, embora sua origem permaneça desconhecida”, escreveram os pesquisadores no estudo.

Limitações do estudo e novas observações

Os cientistas reconhecem que essa abordagem é limitada, já que considera apenas alguns milhões de anos da história do cometa ao avaliar a influência das estrelas próximas.

Durante a passagem do 3I/ATLAS pelo Sistema Solar, instrumentos de observação espacial localizados na órbita da Terra, de Marte e até mesmo de Júpiter poderão ser cruciais para fornecer dados mais detalhados sobre o objeto interestelar.

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Fonte: Live Science; NASA