Velozes e Furiosos | Conheça a história real que inspirou os filmes
Por Durval Ramos • Editado por Jones Oliveira |
Você pode não ter reparado, mas a franquia Velozes e Furiosos já completou 20 anos e traz, em seu porta malas, alguns feitos. A saga de Dominic Toretto e seus carrões arrecadou bilhões de dólares em bilheteria, impulsionou carreiras inteiras e alimentou todo um imaginário sobre corridas de rua. E o que pouca gente sabe é que tudo isso começou a partir de uma história real.
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É realmente difícil imaginar como a trama dos ladrões de DVD que passam a salvar o mundo como super-heróis em grandes carros pode ter um pé na realidade, já que o exagero é sua marca registrada. Contudo, uma franquia tão (divertidamente) mentirosa nasce de um relato jornalístico.
A grande inspiração para Velozes e Furiosos é o artigo Racer X (Corredor X, em uma tradução livre), publicado em 1998 pela revista estadunidense Vibe. A matéria é assinada pelo jornalista Kenneth Li, que fez um mergulho no mundo das corridas ilegais que tomavam as ruas de Nova York no final daquela década e que mostra não só a dinâmica das disputas, mas também o estilo de vida de seus participantes.
E, o mais importante: foi ali que o mundo conheceu o Toretto da vida real.
O homem por trás da lenda
O artigo é centrado em toda essa cultura marginal, mas encontra em Rafael Estevez o personagem que ilustra bem todo esse estilo de vida que ele encontrou nas ruas. Trata-se de um dos pilotos que participava dessas disputas, sendo um dos grandes nomes desse cenário ilegal. Ele era o homem a ser batido e que, mesmo assim, tinha o respeito de todos os demais pilotos. Era basicamente aquilo que vimos no cinema na forma de Vin Diesel.
As semelhanças vão muito além desse conceito da lenda do asfalto. Na verdade, todo o estilo de vida e a própria filosofia deste dominicano de 30 anos serviu de base para a construção do Toretto de Velozes e Furiosos. Toda a sua paixão por carros, sua habilidade e dedicação no tuning e a própria visão das corridas como uma guerra é algo que foi transportado quase que integralmente para as telas. Isso sem falar dos neons, do óxido nitroso e de toda a estética das corridas de rua.
Além disso, outros elementos do artigo inspiraram o personagem. Sua história como o rapaz de origem estrangeira que abandona a escola para viver em oficinas mexendo e aprendendo mais sobre carros ajudou a construir a persona de Toretto, assim como essa mistura de rival e líder admirado.
Tanto que a matéria da Vibe traz várias entrevistas com outros pilotos da época e muito do tom que eles utilizam para se referir a Estevez e ao estilo de vida que ele adotava foi aproveitado para criar a dinâmica de família que acompanha Velozes e Furiosos ao longo desses mais de 20 anos.
Ao mesmo tempo, é interessante notar como o filme de 2001 trata Toretto como o vilão da história. Ele é o criminoso mergulhado nesse mundo de corridas clandestinas que o personagem de Paul Walker — um policial infiltrado — tem que capturar. E isso, de certo modo, também tem um pé na realidade.
Em sua matéria, Kenneth Li não faz nenhuma menção a supostas atividades criminosas de Estevez, mas destaca esse antagonismo que o piloto tinha com a polícia. Em determinado ponto da entrevista, o corredor diz que se apaixonou por carros assistindo à série Os Gatões, em que os heróis sempre davam um jeito de escapar usando seu Dodge Charger.
Mais do que isso, na época em que o artigo foi publicado, a polícia de Nova York tinha iniciado uma operação para impedir as corridas e realmente passou usar veículos à paisana para encurralar os pilotos — e, mesmo assim, Estevez e seus companheiros davam um jeito de escapar. Isso sem falar, é claro, do fato de que ele estava ganhando muito dinheiro com apostas.
E o próprio diretor do primeiro Velozes e Furiosos, Rob Cohen, cita o artigo da Vibe como inspiração para o que foi apresentado no longa. Mais do que isso, na época da produção do filme, Vin Diesel e Paul Walker seguiram os passos de Kenneth Li e frequentaram alguns desses eventos para entender como era a dinâmica das disputas.
Com o tempo, porém, a franquia seguiu por rumos mais ousados. O texto Racer X ajudou a construir Toretto e todo o mundo dos rachas, mas o cinema logo viu que era preciso ir além e extrapolar alguns limites para manter a série interessante. É a boa e velha licença poética de Hollywood. Contudo, enquanto os carros vão ao espaço para salvar o mundo, permanece a lembrança de que há um Dominic Toretto de verdade correndo por aí.
Fonte: Vibe