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Star Trek: Lower Decks | Conheça a nova animação do Paramount+

Por| Editado por Jones Oliveira | 13 de Setembro de 2021 às 22h30

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Divulgação/Paramount
Divulgação/Paramount

Indo audaciosamente aonde Star Trek jamais esteve. Talvez essa seja a melhor forma de descrever Star Trek: Lower Decks, a nova série animada situada no universo da franquia que chega nesta quarta-feira (15) ao Paramount+. Assim como a brincadeira em cima do mote clássico, o desenho também se apoia em toda a mitologia da série e usa conceitos que, ao longo dos últimos 55 anos, ajudaram a estabelecer o imaginário do que é ficção-científica — tudo em nome da comédia, um território ainda inexplorado pela Frota Estelar.

Para isso, Lower Decks deixa de lado os nomes clássicos, as aventuras épicas e até mesmo o glamour da Enterprise ou da Voyager em prol de uma nave irrelevante para a Federação Unida dos Planetas e um grupo de personagens nada heroicos. É aí que entra a USS Cerritos e sua tripulação.

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O charme do desenho está nessa sacada de mostrar a parte de baixo da hierarquia da Frota, ou seja, como é a vida de pessoas comuns em um mundo repleto de heróis. Basicamente, é trazer os holofotes para o chão de fábrica enquanto os verdadeiros protagonistas estão desbravando galáxias por aí. E é ao dar destaque para os “peões” da Frota é que Lower Decks deixa de ser uma série para fãs de Star Trek e abre as portas para que qualquer pessoa se identifique e se divirta com seus personagens — levando de brinde um universo riquíssimo.

Bem-vindo a USS Cerritos

Por mais que essa mudança de foco não seja uma ideia completamente nova, ela funciona muito bem em Lower Decks por contrastar com a seriedade que Star Trek sempre carregou ao longo dos anos — e a sua história usa isso muito bem, a começar pela própria escolha da nave.

Enquanto as tripulações da Enterprise e da Discovery são responsáveis pelo primeiro contato da Federação com novos mundos e civilizações, a Cerritos fica com o chamado segundo contato, ou seja, com toda a parte burocrática e pouco interessante. É ela quem leva a papelada para os novos planetas, fornece mantimentos e tudo aquilo que as aventuras de Kirk e Picard nunca mostravam pelo simples fato de ser chato e sem emoção.

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A graça da animação está em mostrar que os tripulantes da nave sabem disso, o que faz com que tenhamos personagens bastante críveis. Afinal, todo mundo já teve um colega de trabalho que não levava o emprego a sério ou que se achava bom demais para a vaga.

É nesse contexto que temos alguém como Becket Mariner, uma das protagonistas da animação. Ela sabe da irrelevância da Cerritos dentro do universo de Star Trek e usa isso a seu favor para que o trabalho seja mais leve ou mesmo para procrastinar. Sem se importar com as regras da Frota Estelar, faz as coisas do seu jeito — o que a coloca em rota de colisão com Brad Boimler, que é o típico certinho da empresa, que sonha em crescer na hierarquia se seguir a cartilha do bom moço.

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Essa estrutura faz com que Star Trek: Lower Decks beba muito da fonte de The Office, cujo humor estava diretamente ligado a essa dinâmica em um ambiente de trabalho comum. Assim, por mais que o desenho ainda traga muita aventura ao longo de suas duas temporadas, o cerne ainda está na relação entre a tripulação e como ela contrasta com aquilo que a gente conhece da franquia.

É a partir disso que o restante da equipe é apresentado e desenvolvido, seja na forma da nova entusiasmada, personificada em D'Vana Tendi; da falta de paciência de T'Ana ou mesmo na capitã Carol Freeman, que não se conforma com o papel secundário que ela e sua nave ocupam na hierarquia da Frota Estelar. São personalidades bem diferentes, mas que criam não só uma dinâmica bastante divertida como também situações hilárias tanto para quem já conhece as particularidades desse universo quanto para quem embarcou nesse mundo pela primeira vez.

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Rindo de si mesmo

Lower Decks é mais do que uma sátira do universo Star Trek, mas uma forma bem-humorada de encarar conceitos que sempre estiveram presentes na franquia — e é aí que a comparação com The Office se torna mais presente, já que se trata de uma comédia feita em cima do cotidiano daqueles personagens.

Para que essa proposta funcione, entretanto, era preciso alguém que conheça tanto de humor quanto das particularidades de Jornada nas Estrelas — e é aí que entra a figura de Mike McMahan. O criador da série tem um vasto histórico em animações de comédia, trabalhando tanto em South Park como sendo um dos principais roteiristas de Rick and Morty, de onde ele diz ter tirado boa parte da dinâmica que é apresentada em Lower Decks.

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“O nosso maior desafio era fazer uma comédia que também fosse uma boa história de Star Trek”, conta o produtor em entrevista ao Canaltech. E o equilíbrio foi encontrado, segundo ele, justamente olhando para essas outras animações. “Rick and Morty tem uma estrutura de episódio bem parecida com Star Trek, com os personagens tendo que lidar com problemas de ficção científica em cada episódio e, no fim, tirando alguma lição disso e mudando aos poucos”.

Assim, por mais que Lower Decks deixe de lado o heroísmo para apostar na “irrelevância” de seus personagens, McMahan lembra que ela não foge da ideia original que deu origem à franquia nos anos 1960. Por mais disfuncionais que sejam os tripulantes da USS Cerritos, eles ainda representam esse grupo de pessoas que aspira por um mundo melhor — e que está presente em toda a série. Mesmo com todas as piadas, é uma história sobre uma equipe trabalhando em conjunto em torno da ciência. Ainda é uma trama sobre amizade.

Além disso, ele não nega a influência de outras séries, como Os Simpsons, Futurama e até mesmo Heróis Fora de Órbita — uma comédia que satirizava justamente o mundo de Jornada nas Estrelas —, e destaca que muito do tom dessas produções está presente em Lower Decks. “Não estamos falando do ritmo de Star Trek, mas da agilidade e da textura de comédias animadas modernas, como Bojack Horseman e Bob’s Burger, em que você não sabe o que vem em seguida e que as coisas oscilam entre o engraçado e o emocionalmente sério”, explica McMahan.

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Ao mesmo tempo, ele destaca que a animação se distancia dessas produções porque a sua história parte para um lado muito mais otimista do que as visões niilistas e reflexivas que a própria Rick and Morty apresentou. Para ele, a grande diferença está no fato de as histórias ambientadas no universo de Star Trek carregarem essa mensagem mais positiva, sem qualquer carga de cinismo.

Para fãs e novatos

Por ser uma comédia de Star Trek, é claro que ela vai trazer muito conteúdo para agradar aos fãs. São piadas, situações e diálogos que referenciam tanto as séries clássicas quanto os filmes e até mesmo elementos ligados ao universo dos fãs. É um desenho animado feito por e para e esse público — mas não apenas para ele.

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Ainda que boa parte do humor esteja nessas piadas internas ligadas à mitologia da série, ela também abre espaço para que novatos também possam assistir e se divertir com as histórias e desventuras dos tripulantes da Cerritos. Como dito, os personagens são construídos de forma a serem reconhecíveis mesmo para quem nunca andou numa nave da Frota Estelar.

“Mariner e Boimler são engraçados mesmo se você não souber quem é Khan”, afirma McMahan, em referência ao clássico vilão. “Se você já viu Star Trek alguma vez, vai saber o que é um romulano. Mas se você nunca viu, vai aproveitar a história da mesma forma por saber identificar que aquele é um alien raivoso com uma espada. São arquétipos que funcionam há mais de 50 anos”.

Tanto que ele disse que não foram poucos os casos de pessoas que nunca tinham assistido às séries clássicas e se aventuraram em Lower Decks e adoraram a ponto de irem buscar os seriados originais e os filmes, mostrando que a comédia pode ser uma porta de entrada muito mais amigável do que a ficção científica — mas que a Cerritos consegue levar muito bem ambas a bordo.

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As duas primeiras temporadas de Star Trek: Lower Decks chegam ao Paramount+ nesta quarta-feira, 15 de setembro. Ao todo, são 20 episódios.