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Sandman | 9 diferenças entre a série e os quadrinhos

Por| Editado por Jones Oliveira | 05 de Agosto de 2022 às 16h30

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A série de Sandman chegou à Netflix realizando uma tarefa que muitos consideram impossível: trazendo para as telas uma história que muita gente ama. Apesar de alguns tropeços na hora de costurar todas essas histórias, o seriado leva de forma bastante fiel o universo e as situações dos quadrinhos para o streaming.

Quem leu as HQs vai encontrar cenas idênticas, diálogos inteiramente recriados, além do próprio visual e até algumas piadinhas visuais na composição do cenário. É um cuidado tão grande com a fidelidade que parece que o gibi serviu de storyboard para a série. Isso não quer dizer, porém, que não há mudanças. Algumas delas são bem óbvias e foram evidenciadas já na escalação. John Constantine foi substituído por Johanna e o velho livreiro Lucien se transformou em uma mulher, Lucienne.

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Só que há outras alterações mais significativas dentro da trama. São detalhes que precisaram ser ampliados ou reduzidos para se adequar ao seriado ou mesmo para driblar questões de licenciamento. Não é nada que descaracterize a obra original, mas que pode atiçar a curiosidade de quem se apaixonou pela série e fazê-lo dar uma chance aos quadrinhos.

Atenção! Esse texto traz alguns spoilers de Sandman!

9. Os 100 anos de prisão

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Toda a premissa básica de Sandman parte do período em que Morpheus (Tom Sturridge) é aprisionado por um século pela Ordem dos Antigos Mistérios. Ele é capturado por Roderick Burgess (Charles Dance) em 1916 e liberado 100 anos depois. Não é especificado em que ano se passa o período moderno, mas o próprio Neil Gaiman já tinha dito que a ideia era ambientar a série em meados de 2020.

Nos quadrinhos, o período que o Rei dos Sonhos permanece enclausurado é um pouco menor — exatamente 72 anos. No caso, ele se liberta em 1988, o mesmo ano de publicação da HQ. E há um caráter bastante simbólico nesse cálculo: o Sonho some do mundo ao longo de todo o século 20, indicando que o período marcado por guerras mundiais e frias foi quando fomos incapazes de sonhar.

E por mais que pareça ser apenas um detalhe na série, essa alteração tem várias implicações. Primeiro, fez com que Unity Kincaid (Sandra James-Young) não pudesse mais ser avó de Rose Walker (Vanesu Samunyai), passando a ser sua bisavó.

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Além disso, no gibi, o acordo que Morpheus faz com Hob Gadling (Ferdinand Kingsley) nunca foi quebrado e o Rei dos Sonhos consegue visitar o bar na data combinada para conversar com seu amigo imortal. Na série, porém, o humano que foi esquecido pela Morte é obrigado a esperar alguns anos pelo retorno de seu companheiro.

8. O destino de Gregory

Logo no segundo episódio, há uma cena muito bonita de Sandman buscando maneiras de recuperar parte de sua energia depois de ter se enfraquecido no século de cárcere. Sem suas ferramentas, a solução é absorver alguns de seus sonhos e pesadelos para restaurar uma fração de sua força. No caso, isso resulta na morte do gárgula Gregory, o animal de estimação dos irmãos Caim (Sanjeev Bhaskar) e Abel (Asim Chaudry).

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Só que nada disso está no gibi. No quadrinho, o gárgula realmente age como um cão de guarda e é ele quem encontra o morimbundo Morpheus quando ele retorna ao Sonhar. Contudo, para restaurar sua força, o protagonista absorve algumas cartas que havia deixado com os irmãos e não precisa sacrificar nenhum pet no processo.

Isso faz com que o surgimento de Goldie, o gárgula dourado, também seja diferente. O seriado fez com que ele fosse uma espécie de pedido de desculpas de Sandman. No quadrinho, porém, ele é um presente de Caim para Abel.

7. A batalha no Inferno

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Um dos melhores episódios da temporada e um dos grandes momentos da HQ, o desafio de Sandman no Inferno para recuperar seu elmo, é fielmente reproduzido na série. A ideia de criarem uma narrativa em que um competidor tenta subjugar o outro funciona muito bem na tela, mas com uma única diferença: os participantes.

O seriado traz o embate entre Morpheus e Lúcifer (Gwendoline Christie), enquanto o Senhor dos Infernos fica de fora da disputa no gibi. No caso, o protagonista precisa vencer o próprio Choronzon, o demônio que trocou o artefato por um amuleto de proteção.

A mudança parece sutil, mas tem reflexos maiores. A derrota pública de Lúcifer torna-se um elemento a mais para justificar o ódio do Anjo Caído pelo Rei dos Sonhos — o que deve ser aproveitado na próxima temporada.

Outro detalhe é que, ao contrário do que é retratado no seriado, os quadrinhos trazem um Lúcifer que não reina absoluto no Inferno. Ao chegar ao palácio, Sandman descobre que o local agora é um triunvirato e que Lúcifer divide o comando dos exércitos infernais com Belzebu e Azazel. Essa é outra alteração que pode ter implicações futuras.

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6. Nada de heróis

Uma característica muito divertida de Sandman nas HQs é como Neil Gaiman costura essa história cheia de demônios e entidades mitológicas com o mundo de super-heróis. Por ser uma história da Vertigo, o selo adulto da DC, há várias menções à Liga da Justiça e até o Caçador de Marte aparece em determinado momento. Só que nada disso está na série.

A razão é óbvia: por questões de licenciamento, os grandes medalhões da DC nem sequer são citados por aqui. No máximo, vemos bonecos do Batman, Mulher-Maravilha e Flash em determinado momento e, em outro, uma imagem do vilão Capitão-Frio.

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Outros dois grandes momentos relacionados aos heróis e vilões da editora também foram alterados, mas merecem tópicos próprios, como veremos à frente.

5. O papel do Coríntio

O vilão Coríntio (Boyd Holbrook) aparece desde o início da trama como sendo essa figura medonha com dentes no lugar dos olhos e um instinto assassino descontrolado. Só que ele é um personagem que, originalmente, dá as caras somente no segundo arco, Casa de Bonecas — o que corresponde à segunda metade da temporada.

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Para justificar essa aura de grande ameaça, o roteiro estica sua participação e coloca o pesadelo como a mente por trás dos planos para destruir Morpheus. Assim, ele tenta manipular Ethel Cripps (Joely Richardson) e John Dee (David Thewlis) antes de passar a perseguir Rose Walker.

Foi uma solução que não deu muito certo, já que ele se torna um vilão um tanto quanto avulso e que não faz muita coisa além de dar umas dicas e ir embora. Ele só ganha relevância mesmo quando passa a desempenhar o papel que os quadrinhos já tinham dado a ele.

4. Quem é John Dee

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Essa é outra alteração forçada pela ausência de super-heróis. Na série, John Dee é um criminoso considerado como louco que está com a Pedra dos Sonhos, uma das ferramentas de Sandman, e que usou isso para cometer uma chacina no passado. Ao fugir da cadeia, ele usa o artefato para acabar com toda a mentira do mundo — o que inclui também os sonhos.

Tudo isso é feito com um desenvolvimento muito legal do personagem e com uma ótima atuação de David Thewlis, que te faz comprar a lógica do criminoso. Só que, no gibi, a coisa é bem mais simples.

Isso porque John Dee é, na verdade, o Doutor Destino, um vilão da Liga da Justiça que está preso no Asilo Arkham. E, ao fugir da prisão psiquiátrica, ele passa a usar a joia para moldar a realidade ao seu bel prazer pelo simples fato de ele ser mau e ter poder.

3. A fuga dos Arcanos

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Depois de ter seu poder recuperado com a destruição da Pedro dos Sonhos, Sandman passa a reconstruir o Sonhar e a reagrupar sonhos e pesadelos que desapareceram em sua ausência — e alguns deles não voltam, os chamados Arcanos.

Na série, são três deles: o Coríntio, Gault e o Verde do Violinista — um a menos do que nas HQs.

A história original traz quatro Arcanos e com algumas mudanças mais significativas e que mexem bastante na dinâmica das coisas. No caso, Gault não existe e são dois outros pesadelos que fogem para habitar a mente de Jed Walker: Brute e Glob. E eles não fazem isso para proteger o garoto das violências que sofre no mundo desperto. Na verdade, o plano deles era criar um Sonhar alternativo na cabeça do menino em que pudessem governar fora do alcance de Morpheus.

Ao trazer uma justificativa mais altruísta para as ações de Gault, a série faz com que a reação do Rei dos Sonhos seja menos explosiva do que na HQ. Ao invés de matar os pesadelos e explodir tudo — o que permite que Jed escape de seu cativeiro —, o protagonista ajuda Rose a encontrar seu irmão perdido.

2. O outro Sandman

Essa é uma das maiores mudanças feitas na série, principalmente para se adequar à ausência de super-heróis e que forçou a Netflix a remodelar todo um núcleo de personagens.

Nos quadrinhos, Neil Gaiman usou essa história dos pesadelos criarem um Sonhar alternativo na cabeça de Jed para explorar uma parte esquecida da história da DC. O que os Arcanos fujões fazem é capturar a alma de Hector Hall e levá-la para essa realidade onírica que eles criaram. Lá, o espírito passa a viver como um herói na fantasia do menino violentado.

Esse super-herói que Hall se transforma também usa o nome de Sandman, em referência a uma das encarnações heróicas do personagem da DC criado por Jack Kirby na década de 1970. Só que ele não sabe que está morto e forçado a viver ali, tanto que leva sua esposa grávida, Lyta, para viver com ele no inconsciente do menino.

É por isso que, quando Morpheus chega ao local, fica irritado e mata praticamente todo mundo. No caso, ele se irrita por ser copiado por um impostor e por tudo ter sido feito por dois lacaios rebeldes.

Na série, porém, tudo isso foi simplificado. É Jed (Eddie Karanja) quem assume o papel do falso Sandman e Lyta (Razane Jammal) se torna uma amiga de Rose que passa a se encontrar com o marido morto no mundo dos sonhos graças ao poder do vórtice.

1. A relação entre Sandman e Rose

Tanto nos quadrinhos quanto na série, a grande tensão da trama está no fato de Rose Walker ser o vórtice dos sonhos, uma entidade que causa instabilidade no Sonhar e pode fazer romper as barreiras entre as fantasias das pessoas e causar a destruição do mundo desperto e do próprio reino de Sandman. Por isso, a única solução encontrada para resolver isso é eliminar o problema — ou seja, matando a menina.

Só que o modo com que as duas histórias levam a essa mesma conclusão é bem diferente. No gibi, Morpheus só vai interagir com Rose quando os poderes da garota saem de controle e ela começa a afetar o Sonhar. É quando ele a confronta e revela que precisa matá-la. Antes disso, ele apenas a salva da convenção de serial killers, mas não chega a interagir com ela.

Na série, por outro lado, os dois têm uma relação bem mais próxima. Quando dorme, Rose consegue acessar o Sonhar e discute tanto com Sandman quanto com Lucienne. Além disso, é o Rei dos Sonhos quem ajuda a menina a encontrar seu irmão desaparecido, fazendo com que Jed diga onde está sendo mantido refém.

Assim, os dois cultivam uma espécie de parceria antes do confronto final para resolver o problema do vórtice.