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Crítica | Upload aborda um futuro improvável da tecnologia com humor e mistério

Por| 01 de Julho de 2020 às 10h53

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Divulgação: Prime Video
Divulgação: Prime Video

Imaginar como será um mundo dominado pela tecnologia pode ser um pouco perturbador, principalmente por quem acompanha os episódios de Black Mirror. Na série de ficção científica, a modernidade atingiu níveis inimagináveis e a sociedade depende, muito mais do que os dias de hoje, de estar conectada.

Grande parte de filmes e séries que abordam a dominação tecnológica o fazem de uma forma séria e alarmante. Mas no caso da mais nova série original do Amazon Prime Video, Upload, o assunto é tratado com bastante humor, mas sem deixar de mostrar o quanto a tecnologia pode ser nociva.

Antes mesmo de assistir, a trama já empolga quando se descobre que ela foi criada por ninguém menos que Greg Daniels, que também assina grandes produções da comédia como The Office, Parks and Recreation e uma das mais recentes da Netflix, Space Force. Em Upload, as coisas acontecem em um futuro não muito distante, em 2033. Porém, em 2020, parece que não estamos nem perto de chegar a algo parecido, felizmente.

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Atenção: esta crítica pode conter spoilers!

Na vida real, existem algumas grandes companhias e startups que vêm tentando algumas formas de extrair a consciência do cérebro e transformá-la em um arquivo digital. Com isso acontecendo, após a morte, pessoas poderiam viver na nuvem ou ainda em robôs e humanoides. No entanto, esses projetos não recebem muito investimento e credibilidade, pois, segundo a neurociência, isso é impossível.

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Então, podemos assistir a Upload sem medo de um dia ver isso acontecendo. A série aborda um mundo tecnológico em que smartphones e computadores são basicamente hologramas, carros autônomos e elétricos são seguros, e os alimentos são impressos em 3D. Aliás, toda essa tecnologia não foi feita para todo mundo, com a desigualdade social ainda tomando conta do mundo. Para comer comida de verdade, por exemplo, é preciso ter muito dinheiro. Nesse mundo, as doenças também são adaptadas à atualidade, como por exemplo um câncer muito específico que atinge quem fuma cigarros eletrônicos, o famoso vape.

Mas o foco da série é na empresa Lake View, uma espécie de "paraíso" virtual em que as pessoas vão quando morrem — se elas tiverem um parente ou amigo disposto a gastar uma fortuna com tudo isso. O protagonista é Nathan Brown (Robbie Amell), um desenvolvedor que parece levar uma vida perfeita, mas em um estranho acidente com um veículo elétrico, o jovem acaba falecendo.

Logo no início, a morte de Nathan já nos fornece pistas de que algo está errado. Praticamente intacto no hospital, aparentemente não correndo nenhum risco de morte, ele precisa decidir rapidamente se vai para a sala de cirurgia sabendo que pode não resistir e perder a sua consciência para sempre, ou se sacrificar e manter seu cérebro intacto para ir diretamente para Lake View. Por muita insistência da namorada, Ingrid (Allegra Edwards), o rapaz escolhe a segunda opção. É quando a série acrescenta na comédia um grande mistério, que, de forma leve e com poucas informações entregues a cada vez, dá forma ao objetivo principal.

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Em Lake View vemos toda a tecnologia acontecendo. Alimentação ilimitada para aqueles que podem pagar, sessão de terapia para essas "almas" que agora vivem na eternidade, algumas formas de lazer, entre outras atividades. Nesse paraíso existe até mesmo versões ilegais de estabelecimentos que são equivalentes à deep web, onde é possível conseguir de tudo um pouco de forma ilegal. A série acrescenta um pouco de realidade mencionando o Facebook e suas novas empresas várias vezes durante os acontecimentos, fazendo até uma piada sobre o escândalo de coleta de dados da rede social.

Cada morador de Lake View tem um "anjo", que funciona basicamente como um serviço ao consumidor. Esse funcionário é designado para resolver qualquer problema que um upload possa ter. Vemos ainda um pouco de humanidade, quando Nathan se apaixona pela sua anjo, Nora Antony (Andy Allo), que se torna essencial na busca pelo que realmente aconteceu para ele estar lá. Graças à realidade virtual, eles podem conviver no mesmo espaço, criando uma interação inimaginável entre mortos e vivos.

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Upload é repleta de piadas que condizem com a nossa realidade atual, sendo encaixadas neste futuro improvável em que a tecnologia traz muita utilidade, mas que escolhe ser cruel com aqueles que não podem usufruir dela. São situações bizarras que, mesmo criadas em forma de crítica ou um aviso sobre o futuro, são mostradas de maneira suave, fazendo com que a série se torne extremamente agradável de assistir.

Upload conta com 10 episódios e já está renovada para a segunda temporada.