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Crítica | The Midnight Gospel traz "viagem" filosófica sobre nossa existência

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Divulgação: Netflix
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Qual foi a série mais estranha que você já assistiu? Recentemente, a Netflix incluiu em seu catálogo de produções originais um título que pode, facilmente, entrar nessa lista: The Midnight Gospel. A trama se trata de uma animação de Pendleton Ward, mesmo criador de A Hora da Aventura, e definitivamente não é apropriada para menores.

Atenção: esta crítica pode conter spoilers de The Midnight Gospel

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A animação é bastante colorida e detalhada, contando com diversos elementos que podem se encaixar ou não com o que está acontecendo. Além disso, ela prende bastante a atenção de quem está assistindo. Mas, em meio a todas essas imagens "viajadas", acontecem diálogos que também são extremamente detalhados, similares às conversas mais engajadas que você já teve sobre um assunto que gosta muito na vida real.

O personagem principal da animação é Clancy, um ser que não dá para entender muito bem se é um humano que vive ou vivia na Terra, em que época ele existe nem quantos anos tem. Mas o mais importante é saber que ele comanda um espaçocast, que funciona como se fosse um podcast, que é ouvido por toda a galáxia. Todos os dias ele acorda em seu trailer no meio do nada, conversa com seu cachorro-ET e um supercomputador que o leva para o planeta que ele quiser, onde vai encontrar o próximo entrevistado para o seu programa.

Então, para chegar ao planeta escolhido, ele entra em um simulador do universo que tem o formato de uma parte íntima e logo "desembarca" no local, tomando uma forma diferente de um humano padrão, passando por situações e momentos que jamais aconteceriam no planeta Terra e que nunca saberemos se poderiam existir em algum outro lugar. Porém, dentro de uma realidade simulada, tudo é possível.

E é assim que começa cada viagem de The Midnight Gospel, que é dividida em oito episódios de cerca de meia hora, que podem ou passar muito rápido para quem consegue se concentrar em tudo o que acontece, ou muito devagar para quem sofre de distúrbios de ansiedade e falta de concentração. Tudo é muito intenso e precisa de 100% de dedicação. Os diálogos são dinâmicos e abordam questões da vida e existência, envolvendo religião, meditação, uso de drogas, política, entre diversos outros assuntos que, na vida adulta, acabam surgindo em algum momento.

A série é como assistir a duas pessoas reais conversando sobre filosofia e entregando suas teorias com experiências de vida e fundamentos vindos de muito estudo, mas isso só é possível porque muitos dos diálogos foram retirados do podcast de entrevistas The Duncan Trussell Family Hour, do cocriador da animação, Duncan Trussell, que também dá voz a Clancy. As histórias contadas em diálogos podem desencadear diversos sentimentos no espectador, dependendo de como está a situação emocional de cada um, enquanto em outros pode ser apenas uma grande reflexão e que não faz tanto sentido no momento em que está sendo assistido.

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O último episódio é um dos mais marcantes, criado em homenagem à mãe de Trussel, que faleceu vítima de um câncer grave. As cenas contam com áudios reais gravados em seu podcast, debatendo questões sobre a existência na Terra e a forma de lidar com o adeus. A experiência completa de The Midnight Gospel é, sem dúvida nenhuma, difícil de explicar e, possivelmente, nunca existiu um entretenimento tão estranho na mesma proporção em que é impactante

É preciso assistir com a mente aberta e entender que não é só uma animação e não foi feita para divertir, e sim para se aprofundar em temas que abordam toda e qualquer existência por completo. Cabe a cada um definir a sua interpretação e questionar o que é debatido em formas que se adaptam à vivência individual.

The Midnight Gospel está disponível na Netflix em sua primeira temporada, com oito episódios.