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Crítica | Mortal Kombat Legends: A Vingança de Scorpion reinicia bem a franquia

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Warner Bros
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Quando Mortal Kombat apareceu pela primeira vez nos arcades, em 1992, era basicamente um clone sofisticado do então hit da época Street Fighter II. A grande diferença eram os gráficos digitalizados a partir de atores reais, algo que Pit Fighter já havia feito com sucesso; e, claro, os icônicos Fatalities. No final das contas, o título agradou. Contudo, a trama geral, assim como o passado e motivações dos personagens, precisavam de mais estofo.

Ao longo das décadas, essas lacunas foram sendo preenchidas aos poucos, mas ainda faltava unidade. É aí que entra Mortal Kombat Legends: A Vingança de Scorpion, lançado nesta semana em plataformas de vídeo sob demanda. O filme é uma ótima reintrodução à toda da mitologia da franquia, e, como o nome indica, o foco é em Scorpion. Abaixo, o Canaltech destaca o que a novidade tem de bom e no que ela pecou.

Atenção! O texto pode conter spoilers leves sobre Mortal Kombat Legends: Scorpion’s Revenge.

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A vontade de expandir o universo de Mortal Kombat fora dos games vem de longa data. A primeira adaptação para o cinema, de 1995, até foi bem recebida e é considerada um clássico pelos veteranos. Entretanto, sequências sofríveis, tanto nos consoles quanto nas telinhas — incluindo a animação Mortal Kombat: Os Defensores da Terra —, causaram certo desinteresse entre os fãs.

Somente depois que a Warner Bros adquiriu a franquia, em 2011, é que ela voltou a ser relevante. A Netherealm abraçou de vez o humor ácido e a ultraviolência banalizada e passou a construir melhor todo o universo de Mortal Kombat, reposicionando os personagens e suas conexões com os eventos de cada novo lançamento. Embora tenha patinado bastante até meados dos anos 2000, a partir de Mortal Kombat vs DC Universe, de 2008, a série engrenou. Novas e equilibradas mecânicas de combate, refinamento visual e cuidado especial aos efeitos sonoros recolocaram o game de volta aos trilhos. As edições mais recentes, Mortal Kombat X, XL e 11, são sucessos absolutos. Então, já era hora de revisitar toda a mitologia e contá-la novamente, de maneira organizada, para a próxima geração.

Mortal Kombat Legends: A Vingança de Scorpion traz Hanzo Hasashi e seu filho Satoshi caindo em uma emboscada do clã rival de Lin Kuei. Depois de ver sua família assassinada, Hasashi busca o caminho da vingança e se torna o combatente Scorpion. Em meio a tudo isso, vemos o Lorde Raiden mais uma vez reunir os campeões da Terra para enfrentar os oponentes escolhidos por Shang Tsung — se as forças de Shao Khan vencerem o torneio Mortal Kombat mais uma vez, suas tropas têm o direito de invadir a Terra.

Animação sem muita personalidade, mas com ótima dublagem

O estilo do desenho segue o padrão ocidental, contudo algumas sequências de ação buscam a urgência dos animes. Isso é compreensível, pois assim você agrada um público mais amplo, já que os desenhos japoneses fazem sucesso no Ocidente há décadas. O resultado é eficiente, mas fica um pouco genérico, sem uma “cara própria”.

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Por outro lado, essa limitação é compensada pelo belo trabalho da equipe de dubladores formada por veteranos da franquia. Patrick Seitz, que também dublou Scorpion nos games Mortal Kombat vs. DC Universe e Mortal Kombat X, retorna ao personagem. E não somente ele: vários atores de Mortal Kombat 11 fazem parte do elenco desta animação, mas em papéis diferentes.

Dave B. Mitchell, que interpretou Geras e Sektor, e Ike Amadi, que interpretou Shao Khan e Cyrax em Mortal Kombat 11, por aqui são Raiden e Jax, respectivamente. E Kevin Michael Richardson, que foi o Goro na primeira adaptação, lá em 1995, volta para o mesmo papel — um mimo para os fãs de longa data. E muita gente vai se divertir à beça com os famosos gritinhos de Liu Kang.

Banho de sangue e comédia

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Um dos maiores méritos dos últimos games foi transitar entre os momentos de humor e da violência exagerada, que fazem com que os próprios críticos ao banho de sangue não levem tudo tão a sério. E isso é mantido em Mortal Kombat Legends: A Vingança de Scorpion. Aliás, fica a dica: o conteúdo é completamente impróprio para a criançada.

Você vai ver todo o tipo de mutilação, ossos quebrando, litros e litros de mais sangue e pitadas de humor, principalmente vindos de Johnny Cage. O diretor Ethan Spaulding, que já passou por produções bem-sucedidas, a exemplo de Liga da Justiça: Trono de Atlantis e Batman: Ataque ao Arkham, encontrou um belo equilíbrio entre os momentos de narrativa, as sequências de pancadaria e o alívio cômico.

Pela primeira vez, talvez entre muitas adaptações de games, vemos muitos dos movimentos especiais que os jogadores podem fazer com os controles traduzidos de uma maneira divertida, fiel e funcional. Você vai ver vários daqueles close-ups em fraturas e os “golpes assinatura”, a exemplo dos poderes gelados de Sub-Zero e dos chutes múltiplos de Liu Kang.

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Um bom mix de personagens

Além de Scorpion e Sub-Zero, a história é toda centrada no trio Liu Kang, Sonya Blade e Johnny Cage. É claro que há a participação de vários outros personagens, como Raiden, Kitana, Kano, Goro, Baraka, Quan Chi, entre outros; mas o foco é mesmo nos cinco primeiros citados anteriormente. E quem se destaca no espetáculo é o lutador norte-americano.

Johnny Cage é o responsável pelas passagens mais divertidas, enquanto Liu Kang mantém a mitologia de toda a trama caminhando, sob as auras do misticismo e das artes marciais. Já Sonya traz o poder feminino e também é o “coração” da história. O relacionamento entre ela e Cage rende boas risadas e pancadaria de qualidade.

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Com o belo trabalho de dublagem, a química do trio funciona bem e Spaulding fez uma excelente escolha ao usar esses personagens para conduzir grande parte da trama. Se o filme se concentrasse apenas na trajetória de Scorpion, correria o risco de se tornar monótono e desperdiçaria tudo o que a Netherealm construiu nos últimos anos.

Além disso, fique de olho em detalhes ao longo do filme, pois você vai encontrar vários easter eggs — que já fazem tradição de toda a trajetória de Mortal Kombat.

Vale a pena?

Mortal Kombat Legends: A Vingança de Scorpion tem tudo o que os fãs mais gostam na franquia — e a presença de Ed Boon, o criador do game, como consultor criativo, tem tudo a ver com isso. A animação reposiciona os elementos centrais dos mundos de Mortal Kombat, assim como as características básicas de cada um dos seus principais lutadores.

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É uma boa pedida para os veteranos e uma ótima introdução para os novatos. O filme tem 1h20 de duração e está disponível para aluguel ou compra na Google Play, no Looke, na Microsoft Store e no iTunes.