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Crítica | Esquadrão Trovão é a comédia leve que precisávamos

Por| Editado por Jones Oliveira | 12 de Abril de 2021 às 21h00

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Não é fácil fazer comédia. É ainda mais difícil fazer uma comédia que não seja ofensiva e ainda traga uma mensagem interessante. Esquadrão Trovão não apenas consegue isso, como vai além criando um filme divertido, inteligente e com um coração quentinho. A produção ainda deixa transbordar a atmosfera de amizade, que extrapola a história: o diretor e roteirista Ben Falcone é cônjuge da atriz Melissa McCarthy, que é amiga de Octavia Spencer há 20 anos fora das telas.

Enquanto McCarthy já é um nome conhecido da comédia. Quem acompanha sua filmografia já sabe o tipo de comédia que poderá esperar só pela presença da atriz no elenco, conquista que poucas mulheres conseguiram na indústria cinematográfica. Já Octavia Spencer, apesar de participar de alguns filmes mais leves, é mais conhecida por seus trabalhos em dramas. Embora possa soar estranha sua presença em Esquadrão Trovão, a sua personagem é o perfeito equilíbrio diante das quase sempre desastradas e inocentes personagens de McCarthy.

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Atenção! A partir daqui, a crítica pode conter spoilers.

Super

Os filmes de super-heróis se tornaram um gênero. Trouxeram para o cinema os símbolos dos quadrinhos que formaram gerações. Estamos vivenciando um movimento cinematográfico que vai muito além de produções Marvel e DC, incluindo histórias que se aproveitam desses universos para trazer novas reflexões sobre o assunto. É tudo bastante simultâneo e, por vezes, confuso. Provavelmente veremos as engrenagens com maior clareza no futuro, quando os teóricos voltarem seus olhos para os movimentos artísticos do passado que, agora, é nosso presente.

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Por outro lado, a contemporaneidade não se conserva. Quando vemos um filme na sua época de estreia, torna-se muito mais fácil relacionar a obra com o mundo que a cerca. Esquadrão Trovão reflete o que outros derivados mais recentes do gênero de super-heróis também têm feito: questionar o poder. The Boys, Coringa, Invencível e mesmo as séries Marvel trazem com recorrência a reflexão sobre o poder e, ainda além, sobre o fato de ele se concentrar com frequência em mãos erradas.

McCarthy e Spencer, apenas com a sua presença na trama, evocam representatividade da forma mais orgânica possível. Junto a elas, um elenco incrível com coadjuvantes e antagonistas que conseguem trabalhar suas caricaturas de uma forma maravilhosa e nada artificial, mesmo quando a piada é um completo absurdo. Absurdo, claro, permitido pelo elemento de ficção científica que sustenta a história.

Esquadrão Trovão também traz a interessante ideia de que os vilões são os primeiros a surgir e, sem ter quem possa detê-los, o crime e a opressão se espalham. Enquanto um streaming nos mostra Zemo trazendo a reflexão de que ninguém deveria ser super, outro streaming traz uma comédia aparentemente despretensiosa para explicar que, às vezes, ser super é a única forma de lidar contra a opressão de um super. Claro que Esquadrão Trovão não entra a fundo nisso, porque não é necessário para o filme. Mas o roteiro planta as sementes nos espectadores, que poderão cultivar e fazer crescer as reflexões.

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Hahaha!

O humor de Esquadrão Trovão é excelente e na medida certa. Nem intelectualizado demais, nem idiota demais. Nem físico demais, nem verbal demais. Nem pesado demais, nem leve demais. Assim, Esquadrão Trovão amplia o público-alvo e cria uma obra que pode ser assistida por toda a família. A fonte disso está na própria dupla e nas atrizes que interpretam as super-heroínas.

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A sobriedade de Spencer é um excelente contraponto (também cômico) para a comédia proporcionada por McCarthy. Ainda que a acidental primeira injeção que Lydia (McCarthy) sofre soe claramente coreografada e um pouco artificial, a ideia de que isso divide o poder entre as duas mulheres vale a pena. O excelente e estratégico combo de invisibilidade e super-força acaba dividido entre as amigas, criando um mote interessante para que elas se unam novamente. Nesse sentido, mesmo os clichês são bem revisitados.

Após suas elogiadas atuações em Ozark, Jason Bateman é uma [literalmente] deliciosa surpresa no papel de um meio-vilão caranguejo, que rende cenas hilárias de humor non-sense com teor sexual que criancinhas jamais pegarão nas entrelinhas. O soft porn, aqui, dá lugar à criatividade e quem ganha é o espectador que foi assistir a uma comédia e não um romance.

No papel de vilão, Bobby Cannavale está excelente e faz uma representação maravilhosa da psicopatia de alguns políticos. Apesar de muito bom ator, sua comicidade consegue ser potencializada pela voz de Guilherme Briggs, cuja dublagem é a cerejinha do bolo para quem optar pela versão dublada do filme.

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Esquadrão Trovão é daqueles filmes com o coração puro e diversão inocente, na linha de clássicos como De Volta Para o Futuro ou Os Caça-Fantasmas. Ainda que não esteja no panteão desses filmes, Esquadrão Trovão consegue nos trazer essa sensação de bom filme leve, daquelas aventuras que víamos na Sessão da Tarde sem nos importarmos muito em qualificar e ou exigir demais do que estávamos assistindo.

Esquadrão Trovão está no catálogo da Netflix.

*Esta crítica não reflete, necessariamente, a opinião do Canaltech.