Crítica Echoes | Série de mistério da Netflix deixa um gosto de quero mais
Por Diandra Guedes | Editado por Jones Oliveira | 23 de Agosto de 2022 às 13h00
A Netflix lançou no dia 19 de agosto sua nova série de suspense. Intitulada Echoes, a produção é assinada por Vanessa Gary, e traz a história de duas irmãs gêmeas idênticas que trocam de identidade repetidas vezes e acabam vivendo uma vida dupla.
Muito próximas desde o nascimento, Lina e Gina (Michelle Monaghan) compartilham não apenas a mesma aparência, mas a mesma vida. Gêmeas, elas decidem trocar de identidade desde pequenas, seja para fazerem travessuras ou para que uma assumisse a culpa no lugar da outra por uma situação extrema.
Atenção: esta crítica tem spoilers de Echoes!
Apesar de fazerem isso com frequência, é apenas quando Leni dá à luz à Mattie e Gina perde o bebê que estava esperando, que elas decidem trocar de vidas todo ano, sempre na data do aniversário.
Desse modo, durante um ano uma vive de escritora famosa em Los Angeles e no ano seguinte, a de veterinária e mãe de família na pequena cidade de Mount Echo. Tudo ia bem e a farsa funcionava, mas a realidade muda quando uma das gêmeas some e reaparece trazendo fantasmas do passado.
Agora elas terão que resolver suas questões pessoais e continuar enganando a cidade sobre quem é quem. Mas, você pode estar se perguntando: e os maridos? Eles não desconfiavam de nada?
Eles não percebem. Pelo menos é isso que público entende até quase o final da temporada, quando descobrimos que Charlie (Daniel Sunjata), o marido de Gina, desvenda a farsa desde cedo, mas prefere entrar no jogo e fingir que nada está acontecendo.
Outro que descobre a mentira bem rápido é Dylan (Jonathan Tucker), o ex-namorado e atual amante de Gina. Assim que beija Leni pensando ser sua amada, descobre se tratar da irmã errada. Apenas Jack (Matthew Bomer), o marido de Leni não desconfia de nada.
Aliás, seu personagem é construído para ser um bobalhão que não entende nada do que está acontecendo ao seu redor e não desconfia da farsa. Mesmo quando ele discute com Leni, o diálogo é fraco e desinteressante, fazendo pensar que seu personagem é quase um peso morto na trama.
Personagens principais bem construído, secundários nem tanto
Por falar em personagens, não dá para negar que Michelle Monaghan (O Melhor Amigo da Noiva) se esforça para fazer duas protagonistas diferentes. Além do cabelo—uma usa trança e outra cabelo solto— a atriz dá nuances distintas a cada uma delas.
Enquanto Leni é amorosa, Gina é rebelde e considerada a “gêmea má”. Ao longo dos episódios, no entanto, vamos descobrindo que ambas têm muito mais camadas do que aparentam e que ser boa ou má não é algo tão simples assim.
E, se por um lado as protagonistas são bem desenvolvidas, por outro alguns personagens secundários deixam a desejar. É o caso da vice-xerife Paula (Rosanny Zayas), que parece nutrir um sentimento por Gina, mas que não ganha força. Nem ela, nem a história. Dylan até parece ter um arco interessante, mas, na verdade, é apenas uma ponte para a trama das irmãs.
Os maridos são simplórios e inexpressivos e Cláudia (Ali Stroker), a irmã mais velha, tem força para despontar, mas não ganha o destaque merecido. Quem sabe na próxima temporada…
Já Floss (Karen Robinson), a xerife da cidade, é a única secundária que cresce ao longo da série. Em um primeiro momento ela parece uma policial boba, mas com o passar dos episódios se mostra uma profissional inteligente e perspicaz.
Trama que prende o espectador
Não dá para dizer que o enredo da série é a coisa mais surpreendente do mundo, mas a história é bem construída e prende o público a cada final de episódio, deixando um gancho para o próximo.
O sétimo e último, inclusive, deixa claro que a produção deverá ter uma segunda temporada (ainda não confirmada pela Netflix) para fechar os arcos em aberto e desvendar o paradeiro de Gina.
Vale ressaltar, no entanto, que é preciso um pouco de boa vontade até a obra engrenar. Isso porque os dois primeiros capítulos são bastante confusos e deixam o público sem entender quem é Gina, quem é Leni, quem está se passando pela outra… Resumindo, é preciso perseverar.
Mas, após vencer esse início conturbado, o público pode esperar uma história atrativa e cheia de pormenores. Por serem poucos capítulos é uma boa pedida para aqueles que gostam de maratonar.