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Crítica | Cenas de um Homicídio: Uma Família Vizinha relata assassinatos cruéis

Por| Editado por Jones Oliveira | 30 de Setembro de 2020 às 19h00

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Divulgação: Netflix
Divulgação: Netflix
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A cada vez mais os documentários conseguem nos aproximar do caso real, uma vez que o acesso às câmeras está mais fácil do que nunca, assim como às redes sociais. Sempre quisemos documentar tudo, desde festas de aniversário, viagens, encontros românticos, casamentos, trabalho, crescimento dos filhos, entre várias outras coisas, e hoje tudo isso pode ser compartilhado com amigos, parentes e até pessoas desconhecidas através da internet.

Era exatamente isso o que Shanann fazia. No Facebook, ela publicava vários vídeos da sua rotina com o marido, Chris Watt, e as filhas Bella, de 4 anos, e Celeste de 3, fazendo também relatos sobre a sua relação com a família, o amor pelas crianças, entre outras questões relacionadas a uma vida comum. Tudo isso é retratado no mais novo documentário da Netflix, Cenas de um Homicídio: Uma Família Vizinha.

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Atenção: esta crítica contém spoilers do documentário Cenas de um Homicídio: Uma Família Vizinha

A diretora do documentário, Jenny Popplewell, teve em mãos diversos vídeos gravados por Shanann para a construção do filme, que tem 1 hora e 23 minutos de duração. Tudo isso para contar sobre o desaparecimento da mãe e das filhas, após uma longa viagem em família, quando ela tentava colocar o rumo desgovernado que a vida estava virando em seu lugar. Junto às imagens da vítima, logo no início conferimos também tudo o que foi gravado pelo policial que atendeu à ocorrência, que parecia ter a câmera acoplada no meio do peito do seu uniforme.

O desaparecimento começou a ser percebido por uma amiga de Shanann, a mesma que a deixou em casa após uma viagem curta de negócios, que durou um fim de semana. O policial chega à casa da família, faz algumas ligações e, finalmente, Chris aparece. Se você deixar o nome do documentário de lado, pode até acreditar que Shanann havia pegado as filhas e fugido.

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Chris aparece calmo, sem entender o que estava acontecendo, mas como se estivesse reprimindo um sentimento de desespero. Ele diz que não imagina o que pode ter acontecido com a esposa e as filhas, e até colabora com o policial, contando que os cobertores preferidos das crianças não está lá, mas que a aliança e o smartphone de Shanann sim, o que dá a entender de que se tratou de uma fuga.

Desde o caso até a conclusão da investigação se passaram poucos dias. Em meio ao mistério do que poderia ter acontecido, vemos mais gravações da vida do casal, principalmente de Shanann, mostrando que ela tinha uma personalidade forte e que era quem controlava a relação. Só isso foi o suficiente para que Chris acabasse se tornando, aos olhos dos outros, a vítima de uma megera. Até mesmo após a descoberta do crime, muitas vizinhas a culpavam pelo que aconteceu, mas antes da verdade vir à tona. A única desconfiança contra Chris mostrada foi quando um vizinho cedeu suas imagens da câmera de segurança à polícia, contando ao oficial que o suspeito estava estranho e que ele nunca havia sido visto daquela forma.

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A reviravolta começou quando Chris foi levado pela polícia para fazer o teste do polígrafo, que detectaria se ele estava mentindo ou falando a verdade, com tudo sendo documentado pelas câmeras de segurança. É incrível ver a habilidade dos profissionais em casos tão chocantes como esse. No momento de fazer o teste, eles já sabiam que Chris tinha uma amante, quem ela era e que as três vítimas estavam mortas, só seria preciso da confissão e do local onde estavam os corpos.

O Chris tranquilo que aparece nas primeiras imagens virou uma pessoa nervosa, que facilmente se rendeu e contou a verdade, mesmo que tenha sido aos poucos. Com a presença de seu pai no local, ele afirmou que havia matado Shanann estrangulada porque ela havia matado as filhas antes, dizendo que seu impulso foi fazer o mesmo com ela. Gaguejando e relutante, como quem estava pensando muito antes de falar. Ele revelou que o corpo da esposa foi enterrado e os das filhas jogados em tanques de petróleo onde trabalhava como operador.

É quando o choque toma conta do documentário, fazendo ao jus ao título. A história aconteceu em 2018, meses após Chris ter conhecido outra mulher em seu trabalho, que não tem envolvimento com o crime, e começado a se relacionar com a jovem. Ele disse que se apaixonou momentaneamente e já não queria mais uma relação com a esposa, o que foi sentido por ela em diversas atitudes. Então, ele a matou pela manhã, pegou as filhas e o corpo, e as levou até o local em que trabalhava com petróleo. Lá, também sufocou as crianças com seus cobertores e jogou os seus corpos nos tanques.

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O documentário teve acesso às mensagens de texto trocada por Shanann e as amigas, com ela contando que o marido não a desejava mais, que estava distante e que provavelmente tinha outra. Chega a ser torturante para o espectador sentir o desespero de Shanann nas mensagens, sem saber o que estava acontecendo, para no fim ter morrido vítima do próprio marido, sem ter tido o direito de processar o que estava acontecendo, ter respostas e, principalmente, sem ter vivido a oportunidade de reconstruir a sua vida sem o marido, com as filhas e o novo bebê que carregava. Chris foi condenado à prisão perpétua.

Com as imagens de vídeos gravados por Shanann com a sua rotina com o marido e com as filhas, todas em alta resolução e com muitas falas, é impossível não se sentir próxima da família, o que torna a situação toda mais revoltante. Cenas de um Homicídio: Uma Família Vizinha choca justamente por essa proximidade, junto ao fato da apatia de Chris na hora de cometer os crimes e por ele achar que tinha o direito de tirar a vida de sua própria esposa e filhas para recomeçar a sua própria.

Cenas de um Homicídio: Uma Família Vizinha já está disponível na Netflix.

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