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Crítica | Série sobre Madam C.J. Walker debate empoderamento da mulher negra

Por| 22 de Junho de 2020 às 09h33

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A Netflix tem várias séries biográficas que contam histórias de sucesso e de superação, mas poucas ganharam tanta relevância quanto A Vida e a História de Madam C.J. Walker recentemente. Ela conta a história da primeira mulher negra a se tornar milionária dos Estados Unidos por conta própria: Madam C.J. Walker, interpretada por Octavia Spencer. A trama é ambientada no início de 1900, poucos anos depois da libertação dos escravos, mas ainda com muito racismo enraizado na sociedade.

A atração conta, em apenas quatro episódios, como foi a trajetória de sucesso da empresária, além de mostrar as injustiças existentes devido ao preconceito racial, que era ainda pior com as mulheres naquela época e hoje. A minissérie não tem cenas visualmente pesadas, mas mesmo assim não deixa de dar intensidade aos problemas dos negros do país, que não eram levados a sério e, em casos mais graves, corriam o risco de serem assassinados ou linchados.

Atenção, esta crítica contém spoilers!

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Com o racismo ainda extremamente forte nos Estados Unidos, a própria comunidade negra vivia em disputa, como a competição entre Madam C.J. Walker, que na verdade se chama Sarah Breedlove, e Addie (Carmen Ejogo). A sua rival vivia batendo na tecla que tinha a pele mais clara, sendo então levada com mais seriedade pelos brancos, e era bonita, provando que o preconceito existia até mesmo entre os negros. Triste, mas justificável em um cenário no qual um mundo dominado pelo homem branco não dava oportunidades para a minoria, então era preciso batalhar muito mais para ser alguém na sociedade.

Estamos falando de mais de 100 anos atrás e, por isso, vemos na minissérie todas as referências à época não só no cenário e vestimentas, obviamente, mas também nas atitudes dos personagens. O machismo também era muito mais explícito e pior ainda para as mulheres negras. Sarah foi casada três vezes, sendo o terceiro marido C.J. Walker (Blair Underwood).

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Quando Sarah começa a fazer sucesso com a venda de seus produtos, vemos como a sua ascensão incomoda o marido, com C.J. dizendo que ela não era mais a esposa com quem ele se casou, que ela não cozinhava mais, entre outras atividades domésticas, e que ele não se sentia mais como um "homem". Isso o levou à traição não só conjugal, mas também profissional.

A carreira de Sarah sob o nome Madam C.J. Walker começou quando ela trabalhava como lavadeira para Addie, que vendia produtos para ajudar o cabelo de mulheres negras a crescer. Disposta a mudar de vida depois de ter testado o produto e ver que funcionava mesmo, Sarah se ofereceu para ser uma vendedora, mas em troca foi insultada humilhada. Sem aceitar a resposta como a final, ela furtou alguns frascos e conseguiu vender todos, levando o dinheiro à patroa. Mesmo assim, Addie disse para ela se colocar no lugar de lavadeira.

Se a decisão de Addie tivesse sido diferente, nada disso teria acontecido. Sarah se sentiu, mais do que nunca, motivada a seguir com a ideia e começou a fabricar o seu próprio produto e se tornar reconhecida por isso. Durante todo o trajeto da empresária e os obstáculos enfrentados durante esse processo, como os surtos do marido e o desdém de investidores, a minissérie deixa uma informação importante para o final da trama, que pode chocar quem ainda não conhecia a história, mas que não muda todo o mérito de Sarah.

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Addie, tentando a todo custo competir com o sucesso de Madam C.J. Walker, acaba descobrindo com a ajuda de pessoas que trabalhavam para a rival, inclusive o genro, que a fórmula havia sido roubada e que ela iria à Justiça por causa disso. Cansada de competir e sabendo que nada iria mudar na sua história, Sarah assume que, de fato, roubou a fórmula e mais uma vez fala sobre o sentimento de ter sido desmerecida.

A Vida e a História de Madam C.J. Walker não foca apenas na trajetória de Sarah, mas também é uma homenagem a todos os anos de luta da comunidade negra em busca por respeito, seja no empoderamento pelo cabelo ou pelo empreendedorismo. A empresária se tornou referência para as mulheres negras daquela época, mostrando que não se deve abaixar a cabeça para o preconceito.

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A história, ao mesmo tempo que é admirável, choca por ainda refletir nos tempos de hoje. O que era normal há 100 anos, hoje é absurdo, e se continuarmos evoluindo, o mesmo vai acontecer daqui a mais 100 anos.

A Vida e a História de Madam C.J. Walker está disponível na Netflix em quatro episódios.