Crítica A Era do Gelo: As Aventuras de Buck | Preguiçoso, confuso e sem foco
Por Beatriz Vaccari | Editado por Jones Oliveira | 28 de Janeiro de 2022 às 19h20
Quando a Disney anunciou a compra da 20th Century Fox, não demorou muito para fechar as portas da subsidiária Blue Sky, dona de longas que marcaram o cinema de animação com filmes como Robôs, Rio e, é claro, A Era do Gelo. A justificativa foi nada menos que os impactos causados pela pandemia da covid-19, visto que não era mais sustentável manter e administrar um terceiro estúdio de animação.
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Pensando nisso, todos os filmes da Blue Sky hoje fazem parte do enorme guarda-chuva da Walt Disney Animation. Foi então que, aproveitando a franquia de maior sucesso do que hoje é um estúdio extinto, a companhia resolveu dar continuidade às histórias d'A Era do Gelo com o spin-off As Aventuras de Buck, agora comandado por John C. Donkin que atuou como produtor nos filmes anteriores.
A confusão em tela em As Aventuras de Buck é apenas uma ideia do quão caótico foi o clima nos seus bastidores. Inicialmente pensado para ser uma série exclusiva para o Disney+, o spin-off passou por diversos planejamentos e elaboração de ideias até se tornar um filme derivado da franquia. Há tantos problemas aqui que é difícil pensar como foi possível chegar ao produto final e quem (ou o quê) é o verdadeiro culpado disso tudo.
O resultado é um longa bem mais infantil que os demais, com piadas e uma trama que só agradarão os pequenos, e que, mesmo durando apenas 82 minutos, é difícil de aguentar.
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Defeitos técnicos
A animação da Blue Sky nunca teve um apelo realista, mas sempre agradou bastante tanto o público infantil quanto o adulto, que geralmente acompanhava as crianças nas sessões de cinema. O primeiro A Era do Gelo, de 2002 dirigido por Chris Wedge, se mostrou uma boa animação, mesmo diante de gigantes como Pixar.
Em As Aventuras de Buck, é bizarro ver como a animação está definitivamente pior que seus cinco(!!!) filmes antecessores, mesmo 20 anos após o primeiro lançamento. Os motivos para isso são obscuros, e há até quem possa apontar que estamos falando de um filme pensado para ser exibido diretamente no Disney+. Mas, a verdade, é que jamais saberemos.
A impressão é de algo feito às pressas por conta da confusão que envolveu o formato da produção e seu roteiro. Um emaranhado criativo acabou criando um efeito dominó em tudo o que estaria por vir, e mesmo que o novo A Era do Gelo ofereça mais cores e vibrância, há um quê de amadorismo em sua animação que fica mais claro nos personagens novos ao invés dos já familiares ao público.
E esses detalhes criativos acabam afetando a experiência como um todo. Como já mencionado, o roteiro (aqui assinado por três pessoas que já tiveram passagens na franquia) peca em diversos sentidos, passando por piadas escatológicas, diálogos extensos sem a intenção de oferecer humor e, sobretudo, seu maior defeito: colocar no material promocional do longa e no título do projeto o nome de um personagem que nem é tratado como o protagonista da história.
O erro com Buck
Buckminster, cuja primeira aparição aconteceu em A Era do Gelo 3, em 2009, fora introduzido na história como o personagem mais discrepante de toda a franquia. Isso porque a doninha sempre viveu de maneira autônoma, tendo que aprender a lidar sozinha desde que caiu no mundo subterrâneo jurássico quando ainda era jovem, enquanto a série de livros sempre manteve como sua principal mensagem (e até mesmo uma tradição a se seguir entre os personagens) o conceito de família, união.
Em As Aventuras de Buck (que dá a entender uma história 100% protagonizada por ele), levamos quase 20 minutos para de fato sermos apresentados a Buck novamente. O foco aqui são os irmãos Crash e Eddie, que estão cada vez mais torrando a paciência da mamute Ellie, sua irmã.
Determinados a encararem o mundo sozinhos, eles acabam caindo no mundo jurássico e encontrando Buck e sua antiga companheira de batalha, Z, e vivendo aventuras que dão mais espaço para as aparições dos dinossauros na franquia — mas não de Buck.
O resultado é uma história inconsistente e (um tanto) confusa, capaz de gerar frustração aos fãs que esperavam ver mais aventuras vividas por Buck, que é jogado sem mais nem menos para o escanteio por aqui.
Apesar dessa falha, a diversão para os pequenos ainda se mostra presente: as piadas fáceis, os carismáticos personagens e a mensagem sobre união e pertencimento no final.
As Aventuras de Buck está disponível no catálogo do Disney+.