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QuitTok? A moda agora é comemorar berrando a demissão em redes sociais

Por| Editado por Claudio Yuge | 23 de Dezembro de 2021 às 21h20

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Reprodução/Andrea Piacquadio/Pexels
Reprodução/Andrea Piacquadio/Pexels

O índice de demissões está em alta nos EUA, chegando a 3% no último trimestre — sim, isso choca bastante com os 12% registrados no Brasil em novembro. De qualquer forma, esta notícia não é sobre as diferenças entre nosso país e o deles, mas sobre um novo fenômeno geracional: os norte-americanos estão comemorando suas demissões no Instagram ou por meio de “QuitToks” (a união de “pedir demissão” em inglês com a rede social TikTok).

Isso é visto no fórum R / antiwork (antitrabalho) do Reddit, cujo número de seguidores disparou este ano de acordo com o New York Times. Eles também tuitam as capturas de tela das mensagens enviadas a seus chefes dizendo que querem se demitir. O motivo dessa reação são os ambientes de trabalho cada vez mais opressores.

Como o jornal lembra bem, até mesmo grandes chefes estão aderindo às manifestações públicas de demissão, como o ex-CEO do Twitter, Jack Dorsey. No final de novembro, ele postou na plataforma: “Não tenho certeza se alguém já ficou sabendo, mas pedi demissão do Twitter”, seguido de um e-mail que terminava com: “P.S., estou tuitando este e-mail. Meu único desejo é que a Twitter seja a empresa mais transparente do mundo. Oi, mãe!".

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Alguns dos exemplos citados pela reportagem são de Gabby Ianniello, que decidiu sair por motivos como as bolhas causadas pelos sapatos de salto alto exigidos no seu emprego no setor imobiliário; Giovanna Gonzalez, que foi demitida por exceder o tempo estimado para um serviço em uma empresa de gestão de investimentos; e Tiffany Knighten (vídeo acima), que deixou o cargo ao saber que o salário de um colega de mesmo nível era US$ 10 mil maior que o dela.

Segundo as fontes ouvidas, o estado de saúde mental criado na pandemia e as novas condições de trabalho têem muito a ver com isso. “As pessoas estão frustradas, exaustas e alertas”, disse J.T. O'Donnell, fundadora da plataforma de coaching de carreira Work It Daily. “Quando as pessoas estão alertas, você percebe respostas de luta ou fuga. Esta é uma resposta de luta.”

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“Estou nesse ramo há 25 anos e esse é o mercado de trabalho mais limitado que já vi”, disse Tom Gimbel, chefe da empresa de recrutamento LaSalle Network. “Tenho clientes que precisam tanto de profissionais que, se antes eles nem pensavam em contratar alguém que ficou parado um tempo, agora estão fazendo isso.”

Os números mostram que o mercado de trabalho nos EUA está se remodelando de fato. O número de vagas de trabalho no site de empregos ZipRecruiter com “nenhuma experiência anterior” exigida saltou de 12,8%, em 2020, para 22,9% este ano. Já as oportunidades que exigem um diploma universitário caíram de 11,4% para 8,3%. Enquanto esta situação persistir, devemos ver muitas dancinhas de profissionais demissionários por aí. Será que a moda pega no Brasil?

Fonte: The New York Times