Confira o ranking dos 10 CEOs mais bem pagos nos EUA em 2020

Elon Musk foi o primeiro. Há três anos, ele garantiu o maior pacote de remuneração — o que inclui salário e outros benefícios — para um CEO da história. Não demorou para que outras companhias passassem a oferecer algo semelhante a seus principais executivos.

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Pelo menos 15 líderes tiveram acordos de US$ 100 milhões ou mais em 2020. As críticas não demoraram a vir: a desigualdade nos EUA é a maior em quase um século e essas ações tornam o trabalho de uma única pessoa muito mais valorizado que o de todas as outras juntas. Alguns CEOs já fizeram declarações sobre o fato de a economia ter de funcionar para todos.

Para alguns críticos, os decisores das empresas — como CEOs, diretores e outros — veem esses pacotes de remuneração como o resumo da meritocracia, em vez de como um sintoma de que o capitalismo saiu do rumo. Para Sarah Anderson, do Projeto Economia Global no Instituto de Estudos Políticos, isso reforça a Teoria do Grande Homem. “É tudo sobre o cara no escritório do canto e todos os outros são apenas ajudantes.”

Esses montantes são compostos por salário, bônus, ações, opções e benefícios. Cada um dos executivos tem um pacote diferente, mas a maior parte do total é composta por ações e opções. Até o momento, a remuneração de Musk já lhe rendeu cerca de US$ 33 bilhões — ele é o executivo mais bem pago dos EUA há três anos, de acordo com o Índice Bloomberg.

A maioria dos demais líderes corporativos é composta por homens brancos com pacotes que devem pagar cifras de nove ou 10 dígitos. Apenas cinco dos 100 executivos mais bem pagos dos EUA em 2020 eram mulheres.

Apesar de o pacote de Musk parecer absurdo, tanto em tamanho quanto em ambição, a maioria dos investidores avalia como correta a decisão de pagar dezenas de bilhões de dólares a apenas um empregado. “Se a companhia tiver grandes retornos, qual o mal de Musk receber alguns bilhões?”, imaginam.

Segundo um consultor entrevistado pela Bloomberg, executivos e diretores avaliam que, se os requisitos de desempenho forem suficientemente altos, não importa quanto se paga. Desde 2016, o número de pacotes avaliados em pelo menos US$ 25 milhões quadruplicou.

Trabalhadores comuns

Empregados comuns raramente são parte disso. A proporção média entre os salários dos 500 CEOs da Standard & Poor’s (S&P) e seus colaboradores aumentou para 182 in 2020. A firma faz parte do grupo McGraw-Hill que publica análises e pesquisas sobre bolsas de valores e títulos. Em algumas companhias, essa correlação está na casa dos milhares.

Michael Sirkin, da Jamieson Corporate Finance, que negocia pacotes de remuneração de CEOs há décadas, diz que não culpa os executivos por pedirem o que acham que merecem. “O conselho, então, decide se concorda.”

E isso tem acontecido até em empresas com perfis tradicionais, como a Restoration Hardware (de artigos de decoração caros), a Paycom Software Inc. (de tecnologia de folha de pagamento) e o JPMorgan Chase & Co (de serviços financeiros).

Na Paycom, Chad Richison, fundador e CEO, vai receber 2,7% das ações da companhia se o preço dos papéis subir um pouco mais de quatro vezes na próxima década. Isso representa US$ 2,8 bilhões.

Gary Friedman, CEO da Restoration Hardware, recebeu opções que vão valer US$ 290 milhões se o preço dos títulos dobrar. Da mesma forma, o JP Morgan ofereceu ao CEO Jamie Dimon US$ 50 milhões em opções se ele permanecer no cargo nos próximos cinco anos.

A justificativa das empresas é que a oferta é necessária para manter e motivar os executivos. O detalhe é que todos eles já são bilionários.

Steven Clifford, autor de “A máquina de pagamento de CEO” (“The CEO Pay Machine”, em inglês) diz que os programas de remuneração atuais compensam os líderes apenas por serem sortudos. Ele conta que já aconteceu com ele. “Quando eu estava no lugar certo, na hora certa, eu era um gênio”, diz. “Quando estava no lugar errado, era um idiota. E eu sempre fui a mesma pessoa.”

Fonte: Bloomberg