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Por que prédios e condomínios proíbem instalação de ar-condicionado?

Por  • Editado por Léo Müller |  • 

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Reprodução/Leohoho/Unsplash
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Nesses dias de calor extremo, o ar-condicionado tem sido o principal aliado dos lares brasileiros para combater as temperaturas elevadas do cotidiano. Contudo, nem todo prédio permite que seus moradores instalem um aparelho do gênero em seu apartamento — uma restrição que gera confusão e revolta entre algumas pessoas.

Visando desmistificar o assunto, o Canaltech consultou um especialista e uma pessoa afetada pela regra para entender como funciona essa limitação e o que pode ser feito a respeito. Entenda:

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Questão de segurança

Existem diferentes razões que podem levar um condomínio a proibir a instalação de ar-condicionado em seus apartamentos, mas no geral, podemos atribuir um padrão à medida: todos os prédios com regras relacionadas costumam ser mais antigos.

Grande parte dessas restrições estão ligadas a questões de segurança, pois muitos desses prédios possuem instalações elétricas antigas, que não suportariam a alta demanda energética gerada por um ar-condicionado em cada unidade habitacional.

“Para entendermos se é possível instalar um ar-condicionado ou não, torna-se necessário contratar um engenheiro elétrico para verificar a capacidade tanto do transformador da rua quanto da adaptação elétrica que o condomínio precisará fazer para suportar essa instalação” explica Willian dos Santos, administrador e membro da Associação das Administradoras de Condomínios do Estado do Paraná.

Todo ar-condicionado precisa ser ligado a uma tomada de 20 A, que é a mais apropriada para lidar com aparelhos com alta demanda energética. Ignorar essas regras de segurança pode colocar toda a instalação do prédio em risco, aumentando as chances de provocar um superaquecimento e outros tipos de acidentes graves.

“Existe uma NBR (Norma Brasileira Regulamentadora) que exige a apresentação de ART (Anotação de Responsabilidade Técnica) para instalar ar-condicionado em um apartamento, fazendo com que essas unidades tenham que se adaptar a essas normas. O condomínio fará suas regras de acordo com essa estrutura e orientações. (...) Se acontecer alguma tragédia, o síndico responde civil e criminalmente por ter deixado de cumprir [a regra]” completa Santos.

Fachadas

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Além do fator de segurança, também existem regras relacionadas às fachadas dos prédios. Muitos condomínios proíbem qualquer tipo de alteração no lado externo da estrutura, o que também acaba contemplando os aparelhos de ar-condicionado split.

“Quando o condomínio permite a instalação de ar-condicionado, é necessário prever onde vai ficar a condensadora para não caracterizar alteração de fachada. Em muitos condomínios, existe um padrão em que todos os ar-condicionados estão do mesmo lado, já pensando nessa regra” explica Santos.

A obrigatoriedade de manter uma fachada limpa e padronizada está presente em todos os prédios, então esse não é um requisito exclusivo daqueles que proíbem ar-condicionado. O que acontece é que, em estruturas antigas, não existia esse planejamento prévio, então não é possível manter todas as condensadoras de um mesmo lado.

Santos ainda reforça que existe a possibilidade de prédios mais recentes passarem pelo mesmo problema, então a proibição de ar-condicionado não está sempre ligada aos edifícios antigos, mas sim ao projeto elétrico.

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“Vamos usar de exemplos os prédios ‘Minha Casa, Minha Vida’, que foram construídos para não ter estrutura de ar-condicionado. Por mais que se adeque a unidade interna, a fiação elétrica da estrutura não permite, muito menos o transformador da rua. (...) Já existem escalas do ‘Minha Casa, Minha Vida’ que contemplam a necessidade de ter pelo menos um ar-condicionado, mas daí o projeto de construção já visa uma instalação elétrica apropriada”.

É possível adaptar o apartamento?

Em alguns casos, o condomínio permite aos moradores adaptar seu apartamento a fim de torná-lo apto para instalar um ar-condicionado. Para isso, seria necessário realizar uma reforma considerável, cujo foco estaria na substituição dos chuveiros elétricos pelos modelos com água aquecida a gás (visando evitar sobrecargas).

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Celia Haas foi uma das pessoas que aceitou arcar com os custos da adaptação para instalar um ar-condicionado em seu apartamento em Curitiba. Em conversa com o Canaltech, ela contou um pouco mais sobre como se desenrolou o processo.

“Primeiro solicitei a avaliação de um engenheiro. Somente após essa aprovação pude encaminhar o restante, começando pelo síndico, para obter a permissão do condomínio para realizar a obra. A obra foi enorme, pois tive que substituir todo o encanamento e refazer a instalação elétrica – fora os gastos com a compra e instalação do aquecedor, que é bem caro” conta Haas.

Segundo Celia, o gasto total envolvido no projeto ficou em torno de R$ 25 mil, levando em consideração os preços de 2021. A entrevistada não se arrepende do investimento, mas reforça que se trata de um processo caro e complexo, tanto no que diz respeito à construção quanto na parte burocrática.

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